E não é que o segundo episódio de The Last Kingdom começa com Uhtred narrando sua jornada?
Sim, as narrações que marcam o estilo de narrativa de Cornwell em As Crônicas Saxônicas, estão aqui. Vi que algumas pessoas haviam reclamado da falta de narração, porém ela está presente!
Mais um ponto para a BBC.
Logo de início quero dizer que Alexander Dreymon realmente encarnou o “espírito de Uhtred”.
A cada cena eu gosto mais da atuação dele. Neste início, Uhtred é um garoto e vemos na atuação dele alguns gestos simples e despreocupados, às vezes sorrindo ironicamente, e em outros momentos irado. É isso que faz o personagem ser tão crível.
Sobre fidelidade da trama, vi algumas alterações, porém uma que mais vi sendo citada nas redes sociais é sobre a famosa frase Wyrd Bið Ful Aræd. Ela é apenas citada no primeiro livro, mas nunca dita por Uhtred. Ele sempre diz: O Destino é tudo!
Então, não se irritem, a BBC não errou, ao menos não nesse aspecto. (Não nesse aspecto).
Ritmo alucinante
O episódio continua exatamente de onde parou o primeiro. A perseguição mantém o ritmo acelerado do episódio inicial e nos dá uma real sensação de continuidade da trama.
Com os dinamarqueses acreditando na história espalhada por Kjartan, vemos que o wyrd de Uhtred tomará outro rumo.
Esse é um momento importante para o rumo da história. A partir daqui, Uhtred começará sua jornada rumo à Wessex (Ainda que não saiba disso).
Wessex
Em Wessex, vemos Alfredo. Não sei ainda o que achar dele ainda. Minha primeira impressão não foi boa, porém é uma opinião apenas estética, sem nenhuma base.
Na verdade, se levarmos os livros em consideração, Alfredo não era atlético. Então, o ator escolhido cabe bem na descrição.
As locações da Inglaterra
Acompanhando Uhtred e Brida, podemos ver como a Inglaterra é bonita. Os cenários são sensacionais. Tive a oportunidade de conhecer algumas áreas rurais da Inglaterra, e realmente o lugar é maravilhoso.
Volto a citar a passagem de tempo, pois apenas um episódio se passou e mesmo assim todos nós ficamos apreensivos com este momento. O encontro de Ubba e Uhtred.
A viagem para o sul foi cansativa, como todas as jornadas de inverno. Crônicas Saxônicas – O Último Reino
Eu gostei da dinâmica das ações, pois ao mesmo tempo em que Guthrum e Ubba queriam matar Uhtred, eles tinham que lidar com o Rei.
Eu aguardo ansiosamente o momento em que Ubba e Uhtred irão cruzar espadas. Eu realmente tenho esperado muito esse encontro.
Foi um dos momentos que mais vibrei quando li O Último Reino há tempos atrás. Minha comunidade no orkut, chamada Uhtred x Ubba rendeu, na época, várias discussões interessantes.
Deixando o momento nostálgico, vamos falar um pouco da abordagem do cristianismo na série.
Não podemos deixar de notar a inserção do Cristianismo, cada vez mais forte, na série. Um dos motes principais do seriado. Vê-lo bem executado é sensacional.
Nesse segundo episódio vemos o Cristianismo sendo colocado à prova.
O modo como os pagãos tratam a fé cristã é bem peculiar na escrita de Cornwell. É uma visão totalmente objetiva dos milagres e isso mostra quando absurdo alguns deles são.
O mais interessante disso tudo é que essa fé cega, geram dúvidas nos pagãos. De certo modo, alguns acabam se tornando curiosos em relação à religião de um deus só.
Bem a cara de Cornwell. Eu gostei de ver a curiosidade de Guthrum acerca do Cristianismo. Os elementos estão sendo plantados e ver isso desde já é ótimo.
Bem, quem acompanhou As Crônicas de Artur (também de Bernard Cornwell), sabe que os saxões eram pagãos. Aos poucos foram convertidos e, agora, quando os dinamarqueses aparecem, todos já são cristãos.
Ao mesmo tempo que vemos a força do Cristianismo, vemos a força do paganismo. Ubba só não matou Uhtred porque o nortumbriano tinha Storri, o leitor de runas, como refém.
Essa dicotomia acentua ainda mais as diferenças entre Saxões e Dinamarqueses.
Bafo de Serpente
Uhtred chega à Oxnaforda (Oxford) na Mércia e é lá que lhe forjam Bafo de Serpente. Não posso negar que esperava ver toda a criação dessa incrível espada, desde a torção dos metais até os aspectos que ficariam na lâmina ao terminá-la.
Então fiquei um pouco decepcionado.
Demorou dias, mas enquanto as marteladas, o resfriamento e o aquecimento continuavam eu vi como as quatro hastes de ferro retorcido, que agora estavam fundidas no aço mais duro, tinham sido alisadas em padrões maravilhosos, repetitivos padrões encaraco-lados que formavam mechas lisas e enevoadas na lâmina. Sob algumas luzes não dava para ver os padrões, mas ao crepúsculo, ou quando, no inverno, a gente bafejava na lâmina, eles apareciam. Bafo de serpente, era como Brida chamava os padrões, e decidi dar esse nome à espada: Bafo de Serpente. As Crônicas Saxônicas – O Ultimo Reino.
E o diálogo:
– Dinamarquês ou Saxão?
– Nortumbria!
Uhtred sendo Uhtred! Não tem como não gostar desse ator, do roteiro e do modo como estão desenvolvendo a série.
Depois vemos a preparação para que Alfredo assuma o Trono. Percebi que muitos elementos, vastamente tratados nos livros, serão abordados de uma forma mais sutil, porém os elementos estarão ali.
A relação de Uhtred e Brida transparecer uma força muito grande, e talvez por isso a separação dos dois se dará de forma brusca.
A trilha sonora é muito boa, e cenas mostrando a espada sendo forjada e Uhtred e Brida juntos acabou sendo um grato pedido de desculpas, por não vermos Bafo de Serpente, como nos livros.
A cena de perseguição ficou bem feita. A câmera se movendo junto com Brida e Uhtred passou uma sensação de desespero ainda maior.
Uhtred mais uma vez deixa claro que não esquecerá de Bebbanburg. Esse objetivo pessoal, deixa Brida incomodada e logo perceberemos o afastamento e suas atitudes prejudiciais consigo mesma.
E não é que ouvimos earsling? hahahahaha
O encontro com Beocca foi emocionante. É engraçado ver que passou-se apenas um episódio mas pudemos sentir o tempo passando.
O primeiro encontro de Alfredo e Uhtred
Aqui é um marco na história de Uhtred e no desenrolar da trama. A vida dele girará em torno não só de Bebbanburg, como também de Alfredo.
Os juramentos irão atar Uhtred cada vez mais à politicagem de Alfredo, e veremos ele se frustrar a cada empreitada.
Virei-me e vi Alfredo. Abaixei-me sobre um dos joelhos, como um homem deve fazer ao ver um rei, e ele sinalizou para eu me levantar. Estava usando calções de lã, botas de cano alto e uma camisa de linho simples, e não tinha escolta, guarda ou padre. Sua manga direita estava suja de tinta.
— Você é bem-vindo, Uhtred — disse ele.
— Obrigado, senhor — respondi, imaginando onde estaria o seu séquito. Nunca o tinha visto sem alguns padres à distância de adulação, mas naquele dia ele estava sozinho.
— O que eu gostaria… — mas nesse momento um sino tocou em algum lugar do palácio e Alfredo interrompeu imediatamente o que estava falando. — Orações — disse pousando a pena. — Você virá. — Não era uma pergunta, e sim uma ordem.
— Tenho coisas para fazer — disse eu e esperei um instante —, senhor.
Ele piscou, surpreso, porque não estava acostumado a que se opusessem aos seus desejos, em especial quando se tratava de rezar, mas mantive o rosto teimoso e ele não forçou.
— Nunca duvidei disso — disse ele. Em seguida pousou as penas e a faca e se inclinou sobre o maço de pergaminhos rígidos que estavam sobre sua pilha de livros. Folheou-os até achar o que estava procurando. Leu por alguns instantes. — Kjartan? É assim que se pronuncia?
— Kjartan — corrigi, fazendo o “j” soar como um “y”.
— Agora é earl Kjartan — disse Alfredo — e considerado um grande senhor. Dono de quatro navios.
— Tudo isso está escrito?
— Tudo que descubro sobre meus inimigos está escrito.
Podemos ver que os conhecimentos pagãos de Uhtred será de extrema valia para os Ingleses.
Porém, os ingleses não sabem muito bem como agradecer. Gostei de ve-losconfirmando as informações de Uhtred, enquanto vemos ele e Brida presos no centro da cidade.
Esse ato trará consequências, e mudará o modo como ambos se portarão frente aos ingleses.
Percebam que o episódio foi muito bem roteirizado e dirigido. Todos os diálogos de Brida e Uhtred, levaram ao resultado da nova conduta deles.
Brida com certeza terá uma outra atitude perante os ingleses. Ela ja não confiava neles, e deixou bem claro. E Uhtred, continuará dependendo deles, e assim se submetendo aos caprichos de Alfredo, pois ele precisa dele para retomar Bebbanburg.
Baita análise, Leandro!
Mesmo com algumas diferenças para os livros, podemos perceber que a essência de tudo está ali, e só quem está cego pelo cabelo (!) do Uhtred não consegue enxergar. Ah, ia te dizer pra comentar na próxima análise que a palavra inexorável não existe no 1° livro e a frase “Destiny is all” é muito usada no primeiro livro. “O destino é inexorável” só começa a aparecer no 2° livro. Alguns estavam chiando por causa disso, mas o livro está aí pra comprovar que “o destino é tudo” está sendo bem usado. o/
Abraço!
Serie muito boa espero que audiência esteja acima do esperado para render mais temporadas!
Um abraço
Muito interessante sua análise. O engraçado é que é quase oposta as minhas impressões e análises dos episódios! Hahaha
Acho que a série tem melhorado e gostei de ler um outro ponto de vista.
Abraço!
Hahahahah então continue por aqui. Espero você para discordar das analises. =)