Dia 10 de Outubro de 2015 foi um dia adorável! Foi dia dos Dinamarqueses desembarcarem na Nortúmbria!
Como eu já disse em outras ocasiões, desde 2006, acompanho Uhtred em sua busca incessante por Bebbanburg e seu papel (ainda que fictício) na história da Inglaterra.
Ler essa história, já é sensacional.
Para quem ainda não leu, recomendo essa promoção. A coleção com os 08 livros já publicados no Brasil!
Entretanto, ver isso na TV é ainda melhor. Acho que não existe uma frase melhor para descrever esse momento senão a boa e velha Wyrd bið ful ãræd.
Valeu a pena esperar! E por ter sido uma longa espera, não me alongarei por aqui. Vamos direto para a resenha…
S01E01 – THE DANES HAVE ARRIVED
Logo no início me convenci que a série seria bem fiel ao livro.
A primeira cena, mostra Bebbanburg sendo vista pelos olhos de Uhtred! Em As Crônicas Saxônicas, a história é narrada em primeira pessoa. Ver a primeira cena da série fazendo menção ao estilo narrativo de Cornwell, foi sensacional.
E o que vimos, pelos olhos do pequeno Uhtred? A linda Fortaleza de Bebbanburg.
A fortaleza fica numa rocha elevada que se desenrola na direção do mar. […] Para chegar a Bebbanburg é preciso pegar a estrada para o sul, uma longa tira de rocha e areia guardada por uma grande torre de madeira, o Portão de Baixo, construído em cima de uma parede de terra. Passamos trovejando pelo arco da torre, os cavalos brancos de suor, passamos pelos depósitos de grãos, pela oficina do ferreiro, pelos abrigos dos falcões e os estábulos, todas construções de madeira bem cobertas com palha de cevada, e em seguida subimos o caminho interno até o Portão de Cima, que protegia o pico da rocha rodeado por uma paliçada de madeira envolvendo o castelo do meu pai. Ali apeámos, deixando os escravos levarem nossos cavalos e falcões, e corremos até a paliçada do leste, de onde olhamos para o mar. O Último Reino – As Crônicas Saxônicas
Bem parecida como Cornwell a descreve, logo no primeiro capítulo de O Último Reino.
Se vocês repararem, por todo episódio veremos que as construções são feitas de madeira. Cornwell deixa claro que são poucas as construções de pedras. Sendo apenas aquelas que resistiram ao tempo, construídas pelos Romanos.
Levou-me ao palácio, que era apenas uma casa grande, parcialmente construída pelos romanos com pedra e em parte feita mais recentemente com madeira e palha… O Último Reino – As Crônicas Saxônicas
Até mesmo o palácio de Alfredo só tem alguns lugares feitos de pedra.
Alfredo estava em Wintanceaster, a capital de Wessex, uma bela cidade numa região rica. Os romanos tinham feito Wintanceaster, claro, e o palácio de Alfredo era na maior parte romano, ainda que seu pai tivesse acrescentado um grande salão com traves belamente esculpidas, e Alfredo estava construindo uma igreja ainda maior do que o salão, fazendo as paredes de pedra que, quando cheguei, estavam cobertas por uma teia de andaimes de madeira. O Último Reino – As Crônicas Saxônicas
Levar isso em consideração é uma amostra de que a BBC está comprometida em manter a verossimilhança da obra e consequentemente da História da Inglaterra.
Ainda falando sobre fidelidade da obra, quem leu os livros sabe que existe uma sessão, antes do Prólogo, chamada de Topônimos.
Ali Cornwell explica sobre a grafia dos topônimos na Inglaterra anglo-saxã. Então, Londres era conhecida como Lundene, Lundonia, Lundenwic, Lundenceaster e outros.
Ver isso na série, é para deixar qualquer fã doido!
Eoferwic é York. Loidis passa a ser Leeds, diante de nossos olhos! Sei que é um detalhe pequeno, mas são esses os detalhes que me fazem lembrar dos livros, e me mostra um cuidado ao abordar a obra de Cornwell.
Os Vikings
Eu tinha certo receio da caracterização dos barcos. Era o que mais me assustava, porém fiquei tranquilo quando vi os primeiros barcos.
Os vikings estão bem caracterizados também e gostei muito de Ravn e Kjartan.
Kjartan é dos responsáveis por um dos barcos de Ragnar. Ver ele ali, navegando foi bem nostálgico.
Talvez por eu sempre ter imaginado um Ragnar difernente, este Ragnar me surpreendeu.
Talvez o Ragnar da série, faça mais sentido do que o Ragnar que eu imaginava. Ele é um dinamarquês que quer encontrar um lugar para estabelecer sua família. E não o grande guerreiro que eu imaginava há 10 anos atrás.
E é exatamente quando aborda Ragnar e seus objetivos na na Inglaterra, que vi um (dos 3) melhores momentos do episódio.
Ragnar pedindo para seu pai experimentar a água e descrevendo a região.
Vejo um lugar para engordar e envelhecer. The Last Kingdom – Ragnar
Gostei de ver essa abordagem inicial, retratando os interesses dos dinamarqueses, pois nos livros vimos isso apenas depois, quando Uhtred já está com Ragnar.
Essa reflexão é bem interessante. Deixando claro que os dinamarqueses vieram para colonizar e não apenas explorar a região.
A série já mostra que não há “os bons”e “os maus”. Há um grupo de pessoas que querem algo e pagarão o preço que for para ter. Mais um motivo para não saber para que lado torcer. Saxões ou Dinamarqueses?
Osbert e Beocca. Paganismo e Cristianismo
O diálogo entre o padre Beocca e Osbert é bem divertido, e vemos algumas informações sobre a Inglaterra e sobre o paganismo vs. cristianismo.
O deus Woden, era adorado pelos ancestrais de Uhtred. Beocca se incomodando com essa citação me faz ter certeza de que teremos ótimos momentos.
Diálogos e cenas como nos livros
Muitas pessoas se preocupam com a fidelidade das séries que se baseiam em livros. Será que ficará fiel?
Eu não me preocupo tanto, caso a série consiga contar uma boa história, ainda que alterando alguns pontos principais.
Em The Last Kingdom eu não senti problemas com as alterações. Percebi apenas alterações mínimas como cor de cabelo ou alguma característica física, que para mim é irrelevante.
Exceto o fato de que na série Ragnar, o Jovem está com eles na Inglaterra e irá para a Irlanda.
Nos livros, ele está na Irlanda e aparece depois.
Mas o que gostaria mesmo de abordar são os momentos épicos, que fazem lembrar do livro.
Temos Ragnar, o Intrépido vindo à cavalo, aparecendo nos portões de Bebbanburg e jogando a cabeça de Uhtred (O filho de Uhtred, irmão de Osbert, o mesmo Osbert que passará a ser nosso amado Uhtred) no chão, é de arrepiar.
E o diálogo de Uhtred Pai, com Uhtred/Osbert. Abaixo, transcrevi o diálogo encontrado no livro. Muito parecido com aquele no episódio.
— Nossos ancestrais — prosseguiu depois de um tempo — tomaram esta terra. Tomaram, cultivaram e mantiveram. Não entregaremos o que nossos ancestrais nos deram. Eles atravessaram o mar e lutaram aqui, construíram aqui e estão enterrados aqui. Esta é nossa terra, misturada com nosso sangue, reforçada com nossos ossos.
Osbert passa a ser Uhtred
No desenrolar da trama, vemos Osbert se tornando Uhtred, através do batismo. Uma confirmação da sua situação cristã.
Agora temos finalmente nosso Uhtred. Aquele que seguiremos até o final da série.
Os eventos se desenrolam de forma rápida e percebo que a série terá um ritmo rápido em alguns momentos e desenvolvimento mais lento em outros.
Finalmente chegamos à primeira Parede de Escudos.
Eu poderia postar frame a frame da batalha, pois achei sensacional essa cena! Posso dizer que essa foi a segunda cena, das 03 que eu adorei.
Tudo bem vívido, visceral, bem real!
Os dinamarqueses gritavam para nós, mas estávamos muito distantes para ouvir seus insultos. Os escudos, redondos como os nossos, eram pintados de amarelo, preto, marrom e azul. Nossos homens começaram a bater com as armas nos escudos e esse era um som temível, a primeira vez que eu escutava um exército fazendo aquela música de guerra;
o choque de lanças de freixo e lâminas de espadas de ferro contra a madeira dos escudos.
— É uma coisa terrível — disse Beocca. — A guerra é uma coisa medonha. Não respondi. Estava achando gloriosa e maravilhosa.
— A parede de escudos é o lugar onde os homens morrem — continuou
Beocca, e beijou a cruz de madeira pendurada no pescoço. — Os portões do céu e do inferno estarão atulhados de almas antes que este dia termine.
Lama, gritos, sangue, som das espadas e da madeira se chocando! Tudo muito real!
Teve até luzes passando pelas frestas da parede de escudos dos dinamarqueses.
As tomadas de dentro da parede conseguiram passar a sensação sufocante dessa manobra de batalha.
Eu gostei de cada momento e de cada detalhe. E assisti mais algumas vezes!
Cornwell deve ter ficado feliz! Imaginem as próximas, quando Uhtred participar delas!
O pequeno Uhtred atacando Ragnar ficou muito parecido como no livro. No livro ele o ataca à cavalo. Mas gostei do “duelo”entre os dois.
Uhtred recuperando seu colar, que representa Bebbanburg, foi bem significativo.
A nova vida de Uhtred
A caminhada de Uhtred pelos salões dos dinamarqueses demonstrou um pouco dos horrores da guerra, que nos livros, é bem mais detalhado.
Enquanto os dinamarqueses se divertem e comemoram a vitória, ao mesmo tempo matam os cativos, se divertem com as recém-escravas.
Aqui está outra cena que eu gostei muito. O momento em que Ravn dá a faca para Uhtred.
– Cuidado com a lâmina. Está afiada.
– Poderia matar um homem.
The Last Kingdom
Ali deixa-se claro, que ele não teme o garoto. Pelos “olhos” de Ravn, Uhtred aprende um pouco sobre os dinamarqueses. E um aviso importante vem logo no primeiro episódio.
Nunca, nunca lute com Ubba. The Last Kingdom
Sabemos ainda que toda a Inglaterra está sendo atacada, e Wessex, O Último Reino, ainda resiste, porém por pouco tempo.
Finalmente vemos a interação de Brida com Uhtred. Ela é uma garota inglesa que foi levada também pelos dinamarqueses. Ela é uma personagem excepcional que contribuirá com ótimos momentos para a trama. Como havia dito no post anterior, ela é uma das minhas personagens preferidas.
Muito do que Uhtred é, ele deve à ela.
Continuamos e agora vemos Uhtred e Brida vão para o campo de batalha recolher as armas dos caídos. É Uhtred quem leva a arma que ficará nas mão do cadáver de seu pai.
E ali, o pequeno Uhtred se torna outra pessoa. Agora inicia sua jornada no mundo dinamarquês.
Kjartan e Sven. Banimento e traição.
Aqui passamos para a segunda parte do episódio. Já no ambiente dinamarquês, sob os cuidados de Ragnar, Brida e Uhtred brincam com Thyra (a filha de Ragnar).
Sven, um garoto dinamarquês, filho de Kjartan aparece e algo trágico acontece.
Aqui na série, a cena é mais leve do que na obra literária. No livro, além de rasgar as roupas de Thyra, o garoto exige que ela toque nele.
Quando Ragnar vai tirar satisfação com Kjartan você senta a ira do dinamarquês. E pela primeira vez fiquei com medo dele na série.
Os diálogos estão muito parecidos com os do livro.
— Desculpe — murmurou ele.
— Não estou ouvindo — rosnou Ragnar.
— Desculpe, senhor — disse Sven tremendo de medo.
— Desculpe o quê?
— O que eu fiz.
— E o que você fez?
Sven não encontrou resposta, ou não encontrou uma resposta que quisesse dar […] — Você pôs as mãos na minha filha — disse Ragnar —, amarrou-a numa árvore e a despiu.— Uhtred! — gritou Ragnar, fazendo com que eu pulasse. — Ele diz que ela só estava seminua. É verdade?
— Sim, senhor.
— Então só meia punição — disse Ragnar, e impulsionou a espada, com o punho na frente, direto contra o rosto de Sven. […]
Sven estava agachado, gemendo, as mãos apertando o olho arruinado.
— Acabou — disse Ragnar a Kjartan. O Último Reino – As Crônicas Saxônicas
E quem aqui não ficou nostálgico quando viu Ragnar citando os galhos de aveleira, para resolver uma disputa?
Nos livros foi um pouco diferente, mas a simples menção já alegrou os fãs antigos.
Ragnar fez um gesto abrupto, e os galhos de aveleira foram largados no chão. Essa era evidentemente sua resposta, que não fez sentido para mim, mas Kjartan entendeu, assim como Rorik, que se inclinou e sussurrou para mim:
— Isso significa que agora ele deve lutar por Sven.
— Lutar por ele?
— Eles marcam um quadrado no chão com os galhos e os dois lutam dentro do quadrado.
No entanto ninguém se mexeu para arrumar os galhos de aveleira formando um quadrado. Em vez disso, Kjartan voltou à sua casa e chamou Sven. O Último Reino – As Crônicas Saxônicas
A trama se desenvolve, e dessa vez ainda mais rápido. O momento em que Aelfric aparece para negociar o resgate de Uhtred se desenvolve de uma forma bem legal.
Mais uma vez vemos Beocca, e quão bem ele quer o garoto. Eu gostei muito do ator escolhido para interpretar Beocca.
Com Ragnar pagando pelo resgate, finalmente chegamos à terceira aprte da série.
Uhtred já cresceu. Me assustei com a passagem de tempo. Achei que o desenvolvimento desse primeiro episódio fosse mais lento. porém, eles aceleraram o início.
Li muitos comentários contrários à escolha de Alexander Dreymon para interpretar Uthred.
Visualmente ele só não tem o cabelo loiro de Uhtred. Porém, após ver sua atuação eu acredito que acertaram 100% na escolha do ator.
Ele tem um jeito esperto, que Uhtred demonstra. É insolente em alguns momentos, e quando necessário, demonstra obediência. Eu gostei. A interpretação aliada ao figurino criou um Uhtred (diferente do que imaginava) mas mesmo assim, um ótimo Uhtred.
Agora é aguardar ele se tornar o Senhor da Guerra que estamos acostumados. Nos livros, nesse momento abordado, ele tem cerca de 16 anos.
Ragnar, Sigrid e Ravn em Valhalla
Aqui está um momento muito impactante e emocionante do primeiro livro.
Lembro que, na época, eu não aceitei a morte de Ragnar. Não daquela forma. Cornwell (por meio de Uhtred) nos deu uma explicação plausível para a morte de Ragnar, nos livros.
Procurei Ragnar mas não pude identificá-lo. Imaginei por que ele não havia saído do castelo com a espada na mão, e decidi que ele sabia que ia morrer e não quis dar ao inimigo a satisfação de ver isso.
Naquela época 9 em cada 10 pessoas que conversava comigo, não havia aceitado aquela morte.
É claro que hoje, muitas pessoas dirão que no livro foi melhor. Mas o que importa é que a série deu a visão muitos imaginaram, ao ler o primeiro livro:
Algo como E se…?
E se Ragnar saísse do castelo com a espada na mão?
E se ele fizesse o que Uhtred esperava que ele fizesse?
Como seria?
Agora tivemos a resposta.
Achei essa alteração perfeita! Era algo que eu sempre quis ver, e hoje estou satisfeito por isso.
Uhtred e seu novo caminho
Eu tinha 16 anos e não era mais criança.
E Ragnar, meu senhor, que tinha me feito seu filho, estava morto.O Último Reino – As Crônicas SAxônicas
A partir de agora, novamente o status quo de Uhtred foi alterado. Sem sua família dinamarquesa, o que ele fará?
Eu aguardo muito o próximo episódio. E com a ótima atuação de Alexander, cada vez mais fico tranquilo com a escolha de Uhtred.
O episódio se encerra de uma forma incrível. Mais da metade do primeiro livro tratado no primeiro episódio.
Foi um ritmo acelerado, porém para um episódio piloto, foi uma ótima decisão.
Acredito que muito tempo abordando sua infância, não convenceria alguns espectadores.
Precisamos lembrar que há um grande público de séries que não conhece a obra literária e depois desse episódio emocionante, terá uma imensa vontade de assistir o próximo episódio e/ou ler os livros.
E agora é esperar pelo próximo episódio! Que a BBC já disponibilizou em seu canal BBC on Demand.
Aguardando o lançamento da série no Brasil (ou não) essa é uma série que vale a pena assistir! Eu já tinha certeza de que seria boa, mas depois de ver o primeiro episódio, não paira mais dúvida.
E vocês o que acharam?
Que ótimo acompanhar as reviews por aqui, como sempre acompanho as de Game of Thrones.
Eu tenho uma pergunta, quem é a mãe de Uhtred/Osbert? Porque no episódio ele diz que a esposa do pai dele não é a sua mãe. Ela é mãe do seu irmão mais velho que morreu no começo do episódio? Porque se for a cronologia tá estranha, pois é como se o pai dele tivesse pulado a cerca pra gerar o protagonista que é o irmão mais novo, ou então a mãe dos dois irmãos está morta. Agradeço se você puder dá essa informação.
A mãe de Uhtred morreu. Assim como a mãe do filho mais velho. Essa é a segunda esposa do Uhtred pai.
Ótima analise!
Também acompanho a muito tempo as Cronicas Saxônicas e achei que ficou muito bom e que as alterações foram pontuais e com toda a certeza Bernard deve ter acompanhado de perto essas mudanças, acho que foi uma chance de ver como você bem disse os “E Se” da historia. Também acompanhei muita gente reclamando de Alexander como Uthred mas acredito que como eu você ache que a melhor fase do Uthred e quando ele já esta bem mais velho, sera que existe a possibilidade de uma troca de atores posteriormente?
Outra coisa e com relação a audiência você sabe dizer se foi satisfatória , pois seria muito triste cancelar de uma serie como esta.
Gosto muito do site estou sempre acompanhando parabéns e vamos acompanhando o máximo de series possíveis enquanto o WOW não vem 🙂
Como sempre um excelente review.
Gostei muito do episódio, só achei meio corrido, mas mesmo assim foi muito bom. Cara, a parede de escudos!!!! O que foi aquilo??? Muito melhor do eu poderia imaginar! A BBC me surpreendeu.
E aguardemos o 2° episódio!!!!
(SPOILER NO COMENTÁRIO)
Sou fiel escudeiro do blog, rsrs.
Parabéns pela sofisticação das postagens.
Foi através de uma postagem que conheci As Crônicas Saxônicas e decidi começar a ler.
–
Gostei muito do desenrolar do primeiro livro, mas comecei a me decepcionar quando li a nota histórica ao final.
Na nota, o autor deixa claro suas raízes e que direção dará a história.
Assim, percebi que Uhtred sempre ganharia, seja através de ajuda de abelhas, de ovelhas, de cachorros, etc.
Pior, percebi que não estava sendo contada a história de Uhtred e do período medieval, mas a história da Inglaterra.
Tudo bem que fosse a história da Inglaterra, sem problema, mas sem ufanismo tão explícito.
–
O ufanismo do autor tira bastante da credibilidade da história.
Para piorar, além do ufanismo inglês, temos um fanatismo do autor por Alfredo.
Alfredo parece um ser perfeito, sempre justo e inteligente.
Parece uma biografia chapa-branca.
Até os defeitos, uma traição e uma doença, servem como desculpa para glorificar sua imagem.
Pois, mesmo sempre moribundo, era capaz de coisas maravilhosas.
E o filho gerado da traição serviu para mostrar que ele tinha tentações no começo, mas superou.
–
Na história, tudo que o autor escreve serve como mera escada para elevar a Inglaterra e a figura de Alfredo.
Isso fica nítido através do uso excessivo do deus ex machina na batalhas de Uhtred.
Porque quando a gente vê tudo dando impossivelmente certo para Uhtred, na verdade, está dando tudo certo para Alfredo e a Inglaterra.
–
Dessa forma, espero que a adaptação fuja um pouco desse ufanismo e fanatismo.
Mas, infelizmente, acho que a série seguirá nesse sentido, tanto que acho que encurtaram bastante o crescimento do Uhtred para
mostrar logo Alfredo.
Espero estar errado.
–
Enfim, tenho lido os livros, estou no vol. 7.
Mas lendo sem a acuidade do primeiro, pois sei que todas as batalhas são iguais e sei quem sempre vai ganhar.
Acho que teria sido uma história bem melhor se fosse tudo ficção.
Vale muito a pena a ler, sendo que a partir do terceiro livro, dá pra ler de forma bem superficial.
Não vou assisti à série de imediato, vou baixá-lo de deixá-lo quietinho no HD por enquanto. Quero ler os livros primeiro, imaginar os personagens sem a influência dos atores.