O Drunkwookie volta com O Um Quadrinho, Uma Cerveja, depois de uma ausência relativamente longa.
A HQ escolhida para o post de hoje é bem significativa. Imortal Punho de Ferro – A Última História do Punho de Ferro, seria a HQ para a estreia do Um Quadrinho, Uma Cerveja.
Optei por não fazer isso porque esse arco específico estava fora do mercado há muito tempo. Você apenas o encontraria no Mercado Livre, por preços absurdos. O Punho de Ferro, infelizmente não seria honrado na minha primeira resenha.
A decisão de adiar se deu pelo fato de não gosto de falar de quadrinhos que não são fáceis de serem comprados.
Porém, imaginem a minha surpresa ao fazer minha peregrinação semanal nas bancas de jornais e encontrar um encadernado recém-lançado do Punho de Ferro. Então nada mais justo do que passar no mercado, pegar uma cerveja e pagar minha dívida com Daniel Rand.
Gostei muito do resultado.
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História em Quadrinhos do dia – O Imortal Punho de Ferro – A Última História do Punho de Ferro
Editora – Marvel Comics
Editora no Brasil – Panini
Roteiro – Ed Brubaker e Matt Fraction
Desenho – David Aja
Publicação original – 2007
Publicação no Brasil – 2016
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Rótulo do dia – Goose Island
País de Origem – EUA
Estilo – IPA
Volume – 355 ml
Teor alcoólico – 5.9 %
Cervejaria – Goose Island Beer Co.
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O que precisamos saber sobre a HQ?
Precisamos saber que Ed Brubaker é um dos roteirista mais brilhantes da atualidade. Ele é o responsável pelo retorno de Bucky, como Soldado Invernal. Qualquer pessoal envolvida na criação do Soldado Invernal, merece nossa atenção.
Isso sem falar sobre a magnífica fase do Demolidor (que veio depois da era Brian Michael Bendis) quando o herói se encontrava preso na Balsa e sua identidade secreta havia sido revelada. Tudo isso feito pelas mãos de Brubaker.
Como se não bastasse, o autor faz dupla com Matt Fraction, outro roterista de qualidade responsável pela série premiada do Gavião Arqueiro – Minha Vida Como Uma Arma (já fiz resenha sobre essa fase), responsável pela minissérie A Essência do Medo (Fear Itself) que aborda a filha do
Caveira Vermelha ligada à Serpente, um antigo inicio de Odin.
Chamo a atenção de quem estiver interessado em conhecer mais sobre o Matt Fraction, para lerem Sex Criminals, HQ distribuída pela Image Comics, que ganhou o Prêmio Eisner na categoria Melhor Série Estreante, em 2014.
E claro, não posso esquecer de citar o brilhante desenhista David Aja.
O desenhista espanhol de 39 anos, trabalhou com Fraction em Gavião Arqueiro Minha Vida Como Uma Arma, com Brubaker em Demolidor – O Retorno do Rei e trabalhou recentemente em Karnak – The Flaw os All Things com Warren Ellis, ainda inédito no Brasil.
Bem… Se você leu algumas dessas obras, já sabe que a equipe de A Ultima História do Punho de Ferro é uma equipe sensacional. E se você não leu nenhuma dessas obras, descobrirá isso agora.
Agora, falando um pouco sobre o próprio Punho de Ferro, resolvi pegar um breve resumo na Wikipédia sobre o herói, pois acredito que aqui, está bem resumido.
Daniel Rand é filho do empresário norte-americano Wendell Rand que, ainda jovem, descobriu a mística cidade de Kun Lun. A cidade só se manifestava na Terra à cada 10 anos, e quando Daniel estava com 9 anos, ele, seus pais e o sócio Harold Meachum fizeram nova expedição para procurá-la. Causando a morte dos pais de Daniel, Harold voltou para tomar os negócios de Rand. Daniel encontra a cidade, e ao expressar seu desejo de vingança contra Harold, é treinado em artes marciais, por ordem de Yu Ti. Após 10 anos e ao fim de seu treinamento onde aprende a controlar seu Ki (sua energia espiritual), recebe uma ” tatuagem ” em forma de dragão alado em seu peito. Após esse tempo quando a cidade voltou a aparecer na Terra, Daniel agora transformado no Punho de Ferro, volta à civilização para realizar a sua vingança
Confesso que passei a gostar do Punho de Ferro após ler, em 2009 , esse arco de história que hoje apresento à vocês. Antes disso, eu tinha algumas poucas HQ com a participação dele, mas nunca li mais de duas vezes ou me interessei pela participação do herói naquelas tramas.
Para mim Punho de Ferro era apenas um herói do Kung Fu, assim como Shang Chi. Minha visão mudou depois dessa HQ.
Por isso, para aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre o herói, esse é o melhor ponto de partida.
Há algo para saber sobre Daniel Rand, antes disso?
Acho interessante saber que o Dentes-de-Sabre era um inimigo do Punho de Ferro, originalmente. Somente depois o vilão passou a configurar como inimigo mortal de um baixinho canadense bem conhecido.
O que precisamos saber sobre o rótulo?
A Goose IPA é uma cerveja inspirada nas tradicionis Pale Ales que eram enviadas para o Oriente.
As cervejas precisavam de um alto teor de lúpulo para preservar seu sabor, pois a viagem era longa até o destino final. Imaginem a distância entre Inglaterra e Índia, tendo que dobrar o Cabo da Boa Esperança.
O resultado era uma cerveja com aroma de frutas, e um gosto amargo, característico do lúpulo.
O Imortal Punho de Ferro – A Última História do Punho de Ferro e Goose Island
Logo no início da trama, os autores nos apresentam o Punho de Ferro. Na verdade, somos apresentados ao conceito Punho de Ferro.
Sim, punho de ferro não é simplesmente o codinome de Daniel Rand, mas algo ainda maior, mais poderoso. E percebemos isso ao vermos um Punho de Ferro agindo na 1227 a.C, no final da era de Gengis Khan.
Essa ideia de um “legado” sendo passado de era após era, aprofunda a essência do herói e abre grandes possibilidades para abordá-lo.
Com essa HQ, Punho de Ferro ganhou um novo enfoque em seu passado, uma história mais complexa e, consequentemente, caiu nas graças dos fãs passando a ter grande importância no Universo Marvel. Essa importância se mantém, até hoje. Na minha opinião, foi pelas mãos de Brubaker e Fraction que o herói passou a ter uma relevância.
A Goose IPA também nos traz um conceito histórico, logo no primeiro gole. O aroma frutado forte e o amargor evidente tem uma importância fundamental no conceito desse estilo.
Estamos diante de uma receita que surgiu, exclusivamente pela necessidade dos ingleses de tomarem uma cerveja britânica, mesmo que tão longe de casa.
No decorrer da história é impossível não citar a narrativa de Brubaker. Assim como em Demolidor e em Capitão América, o roteirista americano traz uma narrativa que salta do presente para o passado de forma muito fluída.
Os desenhos de David Aja se encaixam perfeitamente para a história contada e para o personagem principal. As poses de Kung Fu do Punho de Ferro nunca estiveram tão graciosas.
A Goose Island Beer Co. comprova que sabe criar cervejas tradicionais. Já tomei bastante cervejas desse estilo, e a Goose IPA é uma autêntica IPA.
Há algo bem interessante nos desenhos de David Aja, que é o foco que ele dá para alguns pontos de impacto dos golpes.
Eles são bem legais, pois te levam para dentro do combate. Não sei explicar, mas parece que você realmente percebe que Daniel Rand sabe o que está fazendo ou sabe o que não está fazendo.
Um outro Punho de Ferro se junta à trama, e as coisas começam a ficar ainda mais interessantes. Orson Randall é aquele personagem pelo qual Brubaker e Fraction nos apresentarão a mitologia de Kun Lun e dos punhos de ferro.
É uma forma bem acertada de inserir retcon na história de um herói que sempre foi coadjuvante.
O teor alcoólico da Goose IPA não chega a ser tão alto e o sabor do álcool não se pronuncia tanto. Achei que o álcool agiu como coadjuvante nessa receita, diferente de outras IPAS que já experimentei aqui, como é o caso da Sierra Nevada Extra IPA que foi harmonizada com Guerra Civil.
Desenho, narrativa e história interagem perfeitamente. Os elementos que se mesclam por toda a HQ fazem Daniel Rand, o Punho de Ferro parecer humano.
É claro que é sempre bom ver a Hidra sendo chutada e socada em sequências de páginas bem detalhadas. Porém, a ideia de nos mostrar a vida de Daniel Rand, ainda que rapidamente, nos aproxima ainda mais do personagem.
Gostei de ver quem está por trás do Serpente de Aço. A Mãe Garça me pareceu uma personagem bem interessante.
Não sei se o teor alcoólico começou a fazer efeito (eu realmente acredito que não), mas quando vi a Mãe Garça, não pude deixar de fazer uma ligação com a ave que está no rótulo da Goose IPA.
Da metade da trama para frente, Brubaker e Fraction deixam elementos para desenvolver um próximo arco.
A luta final entre os Punhos de Ferro e o Serpente de Aço é um primor de acompanhar. A cerveja acaba exatamente junto com o encadernado, mas eu decido abrir mais uma garrafa. A Goose IPA harmonizou tão bem, que eu precisava de mais uma para escrever a conclusão.
Veredicto Drunkwookie
Nota da HQ
Nota do Rótulo
Nota da Harmonização
Conclusão
Há quase 10 anos atrás um herói, que estava próximo do limbo editorial, retornou. Mas não só retornou, como também renasceu! São 148 páginas de um trabalho magistral. Muito bem escrito, muito bem desenhado e muito bem projetado.
Esse renascimento foi tão bem feito, que resultou em um Prêmio Eisner. Essa é a prova que boas histórias criam bons heróis.
Antigamente, tínhamos grandes escritores que tiravam a poeira de antigos heróis, retirava-os da escuridão do cancelamento e e os traziam à luz das grandes vendas. Foi o que Grant Morrison fez com o Homem-Animal, Alan Moore fez com Monstro do Pântano, Neil Gaiman fez com Sandman, Frank Miller fez com Demolidor.
Porém, esse tipo de trabalho árduo continua sendo feito, nos dias de hoje. Essa nova geração está trazendo bons heróis para a luz.
É o que Bendis fez (novamente) com o Demolidor, Brubaker fez com Capitão América, Matt Fraction fez com Gavião Arqueiro e Warren Ellis fez com Cavaleiro da Lua e está fazendo com Karnak dos Inumanos.
Hoje o mercado internacional e o nacional nos oferece inúmeros rótulos. As IPAs estão sempre entre as mais fabricadas e vendidas. Porém, nem todas conseguem entregar o que promete. A Goose IPA consegue.
Ela é uma IPA moderada, com amargor evidente mas não tão marcante. Seu teor alcoólico é ok, pois não se pronuncia acima do amargor e aroma da cerveja.
Achei que a harmonia entre rótulo e título foi perfeita. O sabor da Goose IPA e o ritmo da narrativa de A Última História do Punho de Ferro caminharam juntos do início ao fim. Outro fato que queria citar é que a receita IPA foi criada para que a cerveja inglesa pudesse ir ao Oriente. Da mesma forma Daniel Rand, foi do Ocidente ao Oriente e lá se tornou o Punho de Ferro. Gostei dessa semelhança entre as duas origens.
Ao final, tive o prazer de experimentar um total equilíbrio entre ambos! Que venham mais IPAs e Puno de Ferro!
Minha nota 4,5 (quatro e meio) para o título se deu porque esse arco de histórias é um marco na historia do Punho de Ferro, e merecia ser capa dura.
Tava mesmo procurando alguma coisa que pudesse me apresentar melhor ao Punho de Ferro. Não conhecia o personagem até o anúncio da série na Netflix. Como amei Jessica Jones, como ele vai estar com ela integrando os Defenders e como o ator é o mesmo que fez o Loras, já resolvi acompanhar, hahaha.
Ótima resenha Drunk!
PS: Embalagem linda do pack da Goose IPA *.*