No dia de hoje trago uma HQ com outra temática. Deixarei um pouco de lado o universo dos grandes super-heróis, dos homens de capa, das garotas de collant e rapazes que voam com armaduras super-tecnológicas, para trazer a vocês um quadrinho positivamente diferente.
E para harmonizar, escolhi uma cerveja do estilo IPA que, ao que tudo indica, vai funcionar perfeitamente com o quadrinho escolhido.
O Pogando você encontra no site da Fnac, pelo melhor preço da internet. E a nossa cerveja do dia, a Brewdog Punk IPA, você encontra na parceira MyBestBeer.
Lembrando que na MyBestBeer não tem apenas a Punk IPA. É possível achar outros rótulos da Brewdog e até um Beer Pack com 9 garrafas dessa cervejaria. O custo-benefício é maravilhoso.
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História em Quadrinhos do dia – Pogando
Editora no Brasil – SESI-Quanta
Roteiro – Psonha
Desenho – Psonha
Arte-Final – Psonha
Cores – Psonha
Publicação original no Brasil– 2015
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Rótulo do dia – Brewdog Punk IPA
País de Origem – Escócia
Estilo – Indian Pale Ale
Volume – 330 ml
Teor alcoólico – 6%
Cervejaria – Brewdog
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O que precisamos saber sobre a HQ?
Pogando é um quadrinho nacional com roteiro, arte e cor de Psonha Camacho. Convido vocês conhecerem um pouco mais sobre o trabalho dessa artista, que decidiu se enveredar pelos caminhos da arte sequencial. O instagram dela é o @psonha. Digo isso por que é interessante ver o trabalho desenvolvido e depois ver ele traduzido nas páginas desse quadrinho.
É preciso saber também que esse é um quadrinho do selo SESI-Quanta. O selo foi criado pela união de esforços da Quanta Academia de Artes e SESI Editora com o objetivo de aumentar a produção de quadrinhos no País e ajudar novos autores a publicarem suas obras.
O trabalho é bem sério e já temos alguns bons títulos à venda. São eles Que Deus te Abandone de André Diniz e Tainan Rocha e o Sobrenatural Social Clube de Ronaldo Barata.
É possível perceber que o selo não se limitou a um único tipo de público-alvo. Ao que tudo indica, o SESI-Quanta trará quadrinhos para todo tipo de leitores. E isso é realmente um ganho para nós.
E por fim, vale a pena dizer que gostei muito da qualidade dos quadrinhos lançados pela editora, tanto artística quanto de impressão. A ótima qualidade gráfica e a boa gramatura do papel torna o encadernado um item de coleção.
O que precisamos saber sobre o rótulo?
A Brewdog Punk IPA, como o próprio nome diz, é uma cerveja do estilo IPA. Lembram da Sierra Nevada Torpedo Extra IPA que eu degustei com Guerra Civil? Então, é do mesmo estilo.
As IPAs são conhecidas pelo forte gosto de lúpulo e alto teor alcoólico. Se quiser saber um pouco mais sobre a origem da IPA, vejam aqui.
Falarei um pouco mais sobre a cervejaria no decorrer do post, mas é interessante já dizer que a Brewdog foi criada com o intuito de revolucionar o mercado britânico de cervejas. Com ideias modernas, os jovens James Watt e Martin Dickie decidiram criar sua própria cervejaria artesanal. O resultado, bem… sobre o resultado falaremos logo adiante.
Feitas as apresentações, vamos lá…
Não tem como… A primeira pergunta que surge, é: O que é pogando?
Eu tive que ir atrás pesquisar. Em resumo, Pogar é um modo diferente de dançar. É o modo como os punks dançam nos shows. A capa de Pogando faz referência à esse tipo de dança.
Agora entenderam o porquê da escolha da cerveja? Não poderia ser outra cerveja, senão a Brewdog Punk IPA.
A Punk IPA foi a primeira cerveja da Brewdog, cervejaria que surgiu na Escócia. A postura dessa cervejaria foi parecida com um movimento questionador. A vontade em questionar os padrões das ales britânicas, que continuavam sendo produzidas sempre da mesma forma, foi a força motriz para criar uma cervejaria que seria diferente das tradicionais cervejarias do Reino Unido.
Uma cervejaria que produziria cervejas artesanais e levaria ao amantes da bebida algo diferente.
Se a Brewdog Punk IPA questionou os padrões do velho mercado, tenho a impressão que o Pogando também faz isso. De que forma? Vejam os estilos de arte na HQ.
Os estilos de arte são bem diferentes daqueles que estamos acostumados a ver nas revistas em quadrinhos que estão pelas bancas e comics shop. Com raras exceções, não é todo dia que se vê uma obra de quadrinho com diferentes técnicas: guache, aquarela e desenho digital.
Sim, você verá esses três tipos de técnicas ao decorrer da história.
Pogando é a história de uma garota que, após mudar de vizinhança, precisou se ajustar às mudanças. Para mim, a adolescência é o personagem principal dessa história. Novos amigos, novos inimigos, enfim, uma nova vida a cada pequena mudança.
E essas mudanças é o que faz Pogando se desenvolver bem.
A Brewdog Punk IPA, como todas as IPAs demonstra seu potencial no início. Porém, se surpreende quem espera um amargor muito acentuado. Os 35 IBU (unidade de amargor) é bem inferior aos 65 IBU da Sierra Neva Torpedo Extra IPA.
Os sabores cítricos pode ser sentido e a cada gole você perceberá mudanças no sabor, que vai evoluindo. Dizem que os lúpulos (norte-americanos) usados na fabricação dessa cerveja é o responsável pela diversidade de aromas frutados essa cerveja.
A história começa a abordar especificidades do mundo punk de forma convidativa e você passa a querer entender todo aquele universo. Para mim, o universo punk sempre foi algo complexo.
Porém, chega um momento em que você se espanta ao perceber que aquilo é tão simples e tão comum e, acima de tudo, tão divertido.
Um bicho-de-sete-cabeças que vai sendo desvendado e faz você perceber que tudo o que une esses adolescentes é a vontade de se divertir.
Já a Brewdog Punk IPA é complexa. Diferentes tipos de lúpulo, aromas frutados que alternam, um sabor marcante que confunde e mascara o teor do álcool. Quando você se dá conta os 5,6% de álcool já pronunciaram.
O quadrinho mantém um bom ritmo, mas em alguns momentos senti um pouco de confusão na leitura, principalmente com alguns balões de diálogo. Cherry é uma personagem muito cativante, porém, senti falta de uma imersão maior nos personagens secundários. Alguns personagens são tão intrigantes que eu esperava mais aprofundamento.
Nos resta saber se era essa a proposta da Psonha ou não.
Se um novo volume surgir talvez saibamos mais sobre o Peralta, por exemplo. Esse era o personagem que eu queria ver mais, mas ficou um tanto apagado.
Nos momentos em que eu achei que o quadrinho poderia/deveria ter se destacado mais a Brewdog Punk IPA tomou a dianteira e provou que é uma ótima IPA sem deixar dúvidas. Do início ao fim, a cerveja manteve seu ritmo.
Se algumas IPAs ganham a atenção pelo teor alcoólico alto e o amargor do lúpulo evidente, a Brewdog Punk IPA ganha por ir contra essa tendência. Ela é balanceada e extremamente bem produzida.
Pogando é uma obra bem caprichada. A cor forte, o traço bonito e cheio de estilo, em conjunto com o roteiro leve é algo que combina com a refrescância da Punk IPA.
Percebam que em cada página em que Cherry, nossa protagonista, está ouvindo música há uma indicação de qual é a música e qual é a banda. Gostei da fita k7 ilustrando na borda da página.
É um cuidado que talvez passe despercebido por alguns leitores, mas que está ali e dá muito mais personalidade ao quadrinho.
Quando falamos de personalidade, a Brewdog Punk IPA deve ser referência no mundo cervejeiro. Essa IPA está entre as melhores no Ratebeer (com 97 pontos de 100) e na revista Prazeres da Mesa, está entre as 100 cervejas mais comercializadas no Brasil.
Pena que acaba rápido.
Pogando acaba e você sente que havia mais histórias para serem contadas. Espero que haja um segundo volume, de verdade.
Em mais de um momento você se identificará com a história. Sendo punk, hippie, geek, nerd ou qualquer denominação social que você se enquadre (ou nenhuma delas), as experiências vividas por Cherry e seus amigos são muito humanas. Vivências que todo adolescente saboreou.
Matar aula, beber muito com pouco dinheiro, shows baratos, amigos inseparáveis, fugas de casa… Quem nunca passou por algo do tipo?
A Brewdog Punk IPA é bem pequena e seus 330 ml quase não resistiu ao fim da leitura. É muito pouco para tanta qualidade de cerveja.
Veredicto Drunkwookie
Nota da HQ
Nota do Rótulo
Nota da Harmonização
Conclusão
A Brewdog Punk IPA causa uma revolução no paladar, sem sombra de dúvidas. Mais palatável que a Sierra Neva Torpedo Extra IPA, a Brewdog Punk IPA é mais agradável e o amargor não incomoda.
Digo isso para aqueles que não são totalmente fãs de IPA. Pois para os grandes amantes do estilo, pode ser que falte amargor.
Brewdog Punk IPA é uma ótima cerveja para que quer experimentar o estilo IPA e para quem já conhece o estilo, deve experimentar essa cerveja.
A Psonha acertou em optar pelo Quadrinho pra contar toda essa sua vivência. De certa forma, é uma quebra de paradigmas utilizar o quadrinhos dessa forma.
Mulheres nos Quadrinhos
Não é apenas o quadrinho, o tema e a estética que quebram barreiras. Acredito que a maior barreira ultrapassada é ver que agora, Psonha é uma Quadrinista Brasileira iniciando sua jornada.
E ela entra para o meu rol de ídolos. Lançar um quadrinho autoral não é algo fácil. É preciso muita determinação, horas de dedicação. Algo bem difícil de se ver hoje em dia.
Devo ainda citar que admiro a coragem dela, ainda mais pelo fato de estar entrando em um mundo cuja (infelizmente) grande maioria é composta de homens.
Não estou dizendo sobre leitores e consumidores, mas sim dos profissionais em si, dos artistas que produzem quadrinhos. São poucas as mulheres que trabalham nesse ramo. Podemos ver isso ao observarmos a Marvel, a DC Comics e outras grandes editoras, por exemplo.
Mas elas existem, estão aí trabalhando duro e fazem um trabalho excepcional.
Daquelas que conheço e acompanho, um grande exemplo é a Sara Pichelli. Uma ótima desenhista que é responsável pela maior criação dos últimos anos. Em parceria com o roteirista Brian Michael Bendis ela criou um dos melhores personagens da nova geração. Milo Morales, o Homem-Aranha do Universo Ultimate.
Não posso esquecer da Majorie Liu que escreveu X-men entre 2011 e 2013 e escreveu a HQ Nyx. Esse ano ela lança Monstress pela Image Comics.
Lu Cafaggi, desenhista brasileira, ganhadora do HQ MIX. Vocês podem ver o trabalho em Turma da Mônica: Laços.
Outra artista que me agrada muito é Kathryn Immonen. Roterista da Marvel Comics que trabalhou em Vingadores Versus X-men.
Céline Fraipont é roteirista de O Muro. Essa é uma HQ que, em breve, trarei ela aqui para resenha e harmonização com alguma cerveja francesa.
E não poderia deixar de falar da minha favorita. Gail Simone. A roterista de Batman que criou o novo Ventriloquo (meu vilão favorito da DC Comics), que agora é Ventriloqua. Ela é responsável pela criação de vários outros personagens.
Com certeza há mais desenhistas e roteiristas mulheres, porém são essas quem acompanho a obra e agora acompanharei da Psonha. Se conhecerem outras, comentem!
Brewdog Punk IPA entrou para meu rol de IPAs.
É uma cerveja que aguça a curiosidade, tanto pela receita quanto pela história. Se você quer tomar uma cerveja artesanal nova, sem medo de errar, essa é uma ótima escolha. A Brewdog fez uma revolução.
Com certeza quero experimentar outros rótulos dessa cervejaria escocesa.