Esse é o décimo post da série “O que esperar de Os Ventos do Inverno?”, e será dedicado a um personagem que gosto muito. Hodor, o cavalariço da Casa Stark.

Diferente dos outros post este será menor e mais condensado, pois o assunto tratado não tem grandes embasamentos espalhados pelos livros.

Acontece que o assunto aqui abordado não pode ser deixado de lado pois, após ler muito os livros de Martin, eu arrisco alguns embasamentos subjetivos, pois é possível traçar um modus operandi para G. R. R. Martin, após se familiarizar com os livros dele.

E é levando em consideração esse modus operandi do autor, que percebi que há algumas pontas soltas que passam despercebidas, e tenho certeza que Martin amarrará todas. E como o intuito do blog é imaginar como as pontas serão amarradas, que publico esse post para falarmos um pouco mais sobre Walder, mais conhecido por Hodor.

DRUNKWOOKIE SPOILERSOrigem de Hodor

Já foi falado no post anterior, que há indícios de que Hodor seja tataraneto de Duncan, o Alto (aquele dos Contos de Dunk e Egg), se considerarmos que a velha Ama se relacionou com o Duncan quando ele visitou Winterfell para auxiliar os Stark na rebelião de Dagon Greyjoy. (isso será retratado no próximo livro de Martin, o 4º livro das Crônicas de Duncan e Egg, com o título provisório de “Shewolves of Winterfell”).

O verdadeiro nome de Hodor

Em Winterfell, poucos sabem ou poucos se importam com esse fato, mas o nome de Hodor é Walder.

– Hodor – o gigante disse uma vez mais. Theon Greyjoy comentara que Hodor não sabia muito, mas ninguém podia duvidar de que conhecesse seu nome.

A Velha Ama cacarejara como uma galinha quando Bran lhe contou isso, e ela então confessou que o verdadeiro nome de Hodor era Walder. Ninguém sabia de onde viera “Hodor”, ela disse, mas quando ele começou a repetir Hodor, começaram a chamá-lo por esse nome. Era a única palavra que o gigante conhecia. Deixaram a Velha Ama no quarto da torre com suas agulhas e suas memórias. A Tormenta de Espadas – capítulo 24, Bran II

Sabemos ainda que ele trabalha em Winterfell a um bom tempo e é o fiel companheiro de Bran.

O fiel amigo de Bran. Suas pernas e sua pele em algumas ocasiões.

O fiel amigo de Bran. Suas pernas e sua pele em algumas ocasiões.

Então, se juntarmos todas as informações, temos um rapaz mais alto do que a maioria, que segue com Bran onde quer que ele vá servindo-o de “pernas”, é parente da velha Ama, e é descendente de um antigo cavaleiro, e de um dia para o outro passou a repetir uma estranha palavra “Hodor, Hodor, Hodor”

E exatamente aqui que minha pesquisa se aprofunda.

O modus operandi de Martin

Todos nós sabemos que Martin pode ser destacado da maioria dos outros autores por um (dentre dezenas de outros) motivo:

Ele não deixa nada passar. Nada é por acaso. Tudo é explicado.

Esse estilo “Martiniano” de escrever mostra que nada se perde ou é desperdiçado. Para Martin tudo tem começo, meio e fim (mesmo que o fim seja precoce).

Por isso que trago um detalhe que me intrigou. Vamos nos ater a um detalhe que me intrigou. Esse detalhe serve para demonstrar o quão Martin é detalhista e nada se perde.

Lembram no prólogo de A Guerra dos Tronos, em que Sor Waymar Royce, e dois membros da Patrulha da Noite (Gared e Will) cavalgam para lá da Muralha para procurar por alguns selvagens?

O desfecho foi um Sor Waymar Royce morto pelos Outros, um Gared decapitado e um assustado Will também decapitado por Ned Stark.

Waymar_Royce,_Gared_&_Will

Mas o foco das citações a seguir não é nenhum desses personagens. É apenas a espada de Sor Waymar Royce.

Sim. A espada.

Royce deslizou graciosamente da sela. Atou com segurança o corcel de batalha a uma ramada baixa, bem afastado dos outros cavalos, e retirou a espada da bainha. Joias cintilaram no punho e o luar percorreu o aço brilhante. Era uma arma magnífica, forjada num castelo e, segundo aparentava, novinha em folha. A Guerra dos Tronos, Prólogo.

Martin descreveu a simples espada de um nobre logo nas primeiras páginas.

– Por Robert! – gritou, e atacou, rosnando, erguendo com ambas as mãos a espada coberta de gelo e brandindo-a num golpe lateral paralelo ao chão, carregado com todo seu peso. A parada do Outro foi quase displicente. Quando as lâminas se tocaram, o aço despedaçou-seA Guerra dos Tronos, Prólogo.

Ela se quebrou ao entrar em contato com a espada misteriosa de um Outro.

White Walkers

Will encontrou o que restava da espada a alguns pés de distância, com a extremidade estilhaçada e retorcida, como uma árvore atingida por um relâmpago. Ajoelhou-se, olhou em volta com cautela e a apanhou. A espada quebrada seria sua provaA Guerra dos Tronos, Prólogo.

Martin continua citando a pesada, de forma totalmente despretensiosa…

A espada quebrada caiu de dedos despidos de força. Will fechou os olhos para rezar. A Guerra dos Tronos, Prólogo.

E no fim a espada cai e se perde no lado norte da Muralha. Fim do prólogo, fim do destino da espada. Será?

E aqui em A Dança dos Dragões, revemos a espada quebrada de Waymar Royce.

[…] tudo entregue e registado por Bowen Marsh. Um homem entregou um camisão de escamas de prata que tinha certamente sido feito para algum grande senhor. Outro apresentou uma espada quebrada com três safiras no cabo. A Dança dos Dragões – capítulo 51, Jon XII .

Com tudo isso quero mostrar que Martin tem uma memória (ou um banco de dados em seu pc) fenomenal.

Ele consegue semear eventos e fatos e depois colhê-los de maneira magistral. Tudo parece em harmonia. Eu poderia citar centenas de casos parecidos, mas sei que o post ficaria enfadonho.

Se Martin deu um final à espada quebrada de um nobre juramentado à Lorde Arryn, seria muito errado supor que o nome HODOR tem um significado para a série?

Ou ao menos, saberemos a origem desse nome?

Não acredito que a palavra Hodor é simplesmente uma palavra. Ela deve ter um significado. E eu fui atrás desse significado, em todos os livros. Saber se a palavra Hodor aparecia em outro momento.

Onde mais há a palavra hodor? Ou melhor, onde não há.

Bran-and-Rickon-with-Luwin-and-Hodor-house-stark-31118185-1333-750

Pesquisei por um bom tempo e os únicos momentos em que a palavra hodor aparece são:

– quando menciona-se o fiel companheiro de Bran,

– Quando ele mesmo repete seu “mantra” murmurante hodorohodorhodor…

Ora, não é possível que a palavra hodor seja apenas isso.

Não é possível que seja apenas uma palavra estranha, que Walder decidiu repeti-la por toda sua vida adulta.

E foi então que passei a pensar o contrário.

Se ninguém sabe de onde veio a palavra hodor, seria um nome desconhecido por todos.

O interessante é que Martin desde o início nos diz que há um nome desconhecido. Um nome que ninguém conhece. Que não deve ser nomeado.

O nome do inimigo do Deus Vermelho, R’hllor.

8395f4cc_other1d

Existem dois, Cavaleiro das Cebolas. Nem sete, nem um, nem cem ou mil. Dois! Acha que atravessei metade do mundo para colocar mais um rei frívolo em mais um trono vazio? A guerra é travada desde o começo dos tempos, e, antes de chegar ao fim, todos os homens devem escolher de que lado se encontram. De um lado está R’hllor, o Senhor da Luz, o Coração de Fogo, o Deus da Chama e da Sombra. Contra ele ergue-se o Grande Outro, cujo nome não pode ser pronunciado, o Senhor das Trevas, a Alma do Gelo, o Deus da Noite e do Terror. A Tormenta de Espadas – capítulo 25, Davos III

Seria H’odor o verdadeiro nome do Grande Outro, o Senhor das Trevas o Deus da Noite e do Terror?

R’hlllor e H’odor, Fogo e Gelo.

Não estou dizendo que Hodor, o cavalariço de Winterfell seja a reencarnação do mal, o lider dos Outros, não é isso. Mas concluo que a palavra hodor pode ser o nome, há muito esquecido de Senhor das Trevas.

Muitos leitores falaram aqui no blog que acreditam que R’hllor e o Senhor das Trevas sejam face opostas de uma mesma moeda. A existência de um (sombra) se dá pela existência do outro (sombra).

Isso faz muito sentido.

game-of-thrones-cleans-up-the-creative-arts-emmy-awards

O som das palavras R’hllor e Hodor são bem semelhantes… Seria uma pista, deixada propositalmente por Martin?

Hodor e seu trauma

Não há como negar que Hodor é uma pessoa traumatizada.

Algo profundo e assustador o bastante aconteceu, para que esse nome ecoasse em sua mente, e o pobre homem passou a viver apavorado, escondido em sua própria mente.

 Por que ele tem tanto medo de tempestades? Do escuro que ela traz? Ou a sensação de escuro que ela traz consigo?

O relâmpago voltou a cair e dessa vez o trovão chegou aos seis.

– Hodor! – berrou de novo Hodor. – HODOR! HODOR! – Pegou a espada, como que para lutar com a tempestade.

Jojen disse:

– Quieto, Hodor. Bran, diga para ele não gritar. Consegue tirar a espada dele, Meera?

– Posso tentar.

– Hodor, chiu – disse Bran. – Fique calado. Chega desse estúpido hodorar. Sente-se.

– Hodor? – o grande homem entregou obedientemente a espada a Meera, mas seu rosto era uma máscara de confusão. A Tormenta de Espadas, Bran.

Outro fato interessante é que Hodor já tem um lugar dentro de si, no qual busca refúgio.

Hodor enrolava-se e escondia-se sempre que Bran tentava alcançá-lo. O seu esconderijo ficava em algum lugar no interior profundo de si, um poço onde nem Bran conseguia tocá-lo. Ninguém te quer fazer mal Hodor. A Dança dos Dragões – capitulo 34, Bran III.

Será que ele já passou por problemas maiores e por isso desenvolveu uma autodefesa?

Seria possível Walder ter tido contato com o Deus da Noite? e após esse insano encontro passou a repetir aquela maldita palavra sem parar?

A única pessoa que poderá responder isso é Bran… talvez veja pelos olhos dos represeniros, o momento em que Walder passou a repetir a palavra hodor sem parar.

HorseCorpses_3x03

Enfim… o assunto apresentado nesse post, poderá ser discutido novamente assim que chegar Os Ventos do Inverno. No momento são poucas as informações que temos sobre Os Outros e o Inimigo de R’hollor.

O que podemos ter certeza é que Hodor é importante para a série. Talvez uma grandiosa cena épica do descendente de Sor Duncan de Centarbor.

Resta o mistério do nome do inimigo de R’hllor e do significado da palavra hodor.

E eu aposto todas minhas fichas em minha teoria em H’odor, Grande Outro, cujo nome não pode ser pronunciado, o Senhor das Trevas, a Alma do Gelo, o Deus da Noite e do Terror.