George R. R. Martin nos apresenta uma oba primorosa, e não estou falando de dragões e o Trono de Ferro!
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Falar de George R. R. Martin e não falar de As Crônicas de Gelo e Fogo é praticamente impossível.
Sei que desde 2012 aguardamos o lançamento de Os Ventos do Inverno, porém parece que o inverno não tem data prevista para chegar em Westeros, infelizmente.
Entretanto, nem só de Game of Thrones vive o homem e por isso continuo minhas leituras sobre os mais variados assuntos e estilos literários.
Recentemente, terminei a leitura dos três primeiros volumes de Wild Cards, muito bons por sinal, tanto que fiz uma resenha falando sobre a obra.
Depois dessa leitura em sequência, continuei querendo ler mais obras de Martin. Como Mulheres Perigosas já havia lido, me deparei com o sensacional Caçador em Fuga.
Um livro de George R. R. Martin?
Primeiramente é preciso dizer que esse livro foi escrito à 6 mãos.
Temos a grande contribuição de George R. R. Martin. É possível sentir isso nas descrições dos personagens e do local, mas temos também as contribuições de Gardner Dozois e Daniel Abraham.
Esses três escritores se juntaram para escrever essa obra de ficção-cientifica peculiar.
Segundo informações na contra-capa essa história demorou quase 30 anos para ser escrita (cinco anos de espera por Os Ventos do Inverno, parece até pouco, se comparada a essa obra de quase 300 páginas).
Insanamente criativo
Não existe outro adjetivo para definir essa obra. Geralmente eu sou bem otimista quando inicio uma leitura nova.
Entretanto, Caçador em Fuga superou todas as minhas altas expectativas.
Toda aquela empolgação que me atingiu ao ler a trilogia A Fundação, eu senti novamente aquilo. Porém, de uma forma totalmente diferente.
Acredito que o modo visceral que Martin e os outros autores nos apresentam a obra é o diferencial.
É muito humano, sujo, divertido e tecnológico. Esse é, com toda certeza, um livro que passará a fazer parte do meu TOP 10. Pode parecer exagerado, mas não é.
A obra é uma mistura da trilogia literária A Fundação, com flertes em Star Wars e até pequenos nuances de Inimigo Meu. Todavia, se engana que isso é um recorte dessas obras. É uma obra de ficção-científica extremamente nova e original.
A primeira parte do livro é bem visível o humor ácido de Martin e seu jeito de expor de forma escancarada a verdade suja sobre os seres humanos. não estamos mais em nosso planeta, porém, é facilmente se confundir ao ver as primeiras descricões da colônia de São Paulo.
Aqui vemos que Martin, Dozois e Abraham se inspiraram bastante na América Central e América do Sul para criar as colônias desse novo planeta.
Locais como São Paulo, Nuevo Janeiro, San Esteban Sierra Hueso deicam bem claro essa inspiração.
Fauna e Flora, gírias e a sociedade da colônia de São Paulo
Aqueles que já leram As Crônicas de Gelo e Fogo, sabem muito bem como é ser surpreendido pelas descrições de Martin quando o assunto é a fauna, flora, culinária e cultura de Westeros.
Aqui em Caçador em Fuga, essa sensação é ainda melhor.
Somos apresentados de forma direta à criaturas como courovermelhos, chupacabras (monstros aterrorizantes), vaqueros (criaturas de 6 patas), barbataninha (lagartos voadores), raízes-de-gelo, drogas como kaafa kyit, mas também temos a boa e velha cerveja, o whiskey, a maconha, as brigas de bar, os xingamentos tão conhecidos por todos nós.
Tudo muito humano.
A trama
Não quero dar muitos spoilers pois as revelações e surpresas da trama são realmente sensacionais. E são elas que empolga e te fazem ler um capítulo após o outro, sem trégua.
Há plot twists bem interessantes e, em mais de um momento, temos epifanias com o final de um capítulo.
Nada é encoberto dos leitores, tudo está ali e vai sendo desenvolvido com o andamento da história.
O que acho interessante dizer, apenas para aguçar a curiosidade de vocês é que os humanos acharam que, ao descobrirem uma forma de atingirem a velocidade da luz, transcenderiam e dominariam o cosmos.
Entretanto, isso é apenas uma brincadeira, se compararmos com as outras raças alienígenas que já controlavam o espaço. Os sonhos de conquistas da raça humana foram frustrados.
Porém, os humanos sÃo resilientes e encontraram um nicho que poderiam explorar!
Era só fazermos o que fazemos de melhor.
A nossa grande capacidade de causar danos ao meio ambiente e nossa profunda propensão em gerar mudanças e a tomar o controle do que nos rodeiam foi visto pelas raças superiores como uma espécie de virtude.
Sendo assim, quando planetas vazios e hostis são encontrados pelas raças superiores conhecida, sejam os Enye ou os Turu eles enviam os humanos para que possam domar o lugar e abrir caminhos para que eles se estabeleçam com conforto, décadas depois.
Mas isso é apenas o pano de fundo onde está inserido nosso protagonista, o irascível pendejo Ramón Espejo, que está acordando e relembrando o que houve momentos antes de se encontrar na situação que o vemos logo nas primeiras páginas do livro.
Se Martin tivesse escrito Star Wars, seu Han Solo seria assim!
Conclusão
Acredito que o tatecreude de todo leitor que ama ficção-científica é ler Caçador em Fuga. Comecei a ler em uma noite e não parei até devorar as 299 páginas do livro.
Maneck e Ramón tem uma interação ótima e não vou esquecer a relação de ódio/amor/indiferença que mantiveram por toda obra.
Assim como não esquecerei da atmosfera acolhedora e ao mesmo tempo nojenta da Villa Diego.
A capa da Leya não entrega muito e isso é ótimo. Mantém o mistério! O título, vocês verão, faz todo sentido!
Se eu tivesse uma crítica a fazer, não é em relação à obra, mas sim a um apontamento na capa, pois vemos ali o selo Leya/Omelete, mas que para mim soa confuso, uma vez nunca vi o canal falar sobre os livros da editora. Preferia o selo Fantasy, que fazia mais sentido.
Entretanto, o que realmente importa é que Caçador em Fuga é um achado e espero que os leitores do Drunkwookie apostem nessa obra.
É muito boa, vale a pena ser lido, tem a genialidade de Martin e vai mostrar que não importa onde o ser humano estiver, estaremos sempre em casa.
Concordo quando você diz que nem só de “Game of Thrones” vive o homem. Estou lendo várias outras coisas, mas do George Martin eu me recuso. É um boicote solitário mas pelo menos eu fico em paz comigo mesmo, porque, na minha opinião, ele não vai completar “As Crônicas de Gelo e Fogo”. Ele não quer. Já tem quase vinte e cinco anos que ele enviou, para o seu agente, um esboço do que seria uma trilogia, que depois foi ampliada para cinco livros e finalmente para sete. Se ele até hoje não sabe como encerrar a história, é evidente que não vai rolar.