É sempre um grande momento quando a Marvel Studios lança um filme. Ao menos para mim, sempre é.
E dessa vez não foi diferente.
Doutor Estranho, que estreou no dia 02 de Novembro parece ter agradado o público e o que dirá de mim, que sou também um grande fã de quadrinhos.
No ano passado eu havia feito algumas previsões sobre O que esperar do Universo Cinematográfico da Marvel.
E hoje trago algumas impressões que me levam a crer que esse é o melhor filme solo de Super-Herói, ao lado de Capitão América – Soldado Invernal.
Eu não venho trazer uma crítica cinematográfica especializada, uma vez que não sou cineasta e nem crítico desse tipo de mídia.
Até mesmo chego a acreditar que todos críticos que tentam aplicar “as regras de crítica cinematográfica” acabam falhando miseravelmente ao formatar uma opinião sobre esse tipo filme.
Esqueçam as regras “hitchcockianas” ao avaliarem um filme que traz um cara vestido de morcego, ou um “nice guy” que exibe uma bandeira pintada no escudo. Ao menos essa é minha visão sobre críticas voltadas a esse tipo de filme.
Agora, vamos ao que interessa: Doutor Estranho o Mundo que a Marvel nos apresentou.
Início da trama e trilha sonora
O filme começa de forma instigante, bem parecida com o início do primeiro Vingadores. Temos uma batalha que envolve Kaecillius e seus asseclas contra a Anciã muito bem feita. A trilha sonora é soberba e te desperta um sentimento meio de star trek e isso me animou.
Quando o vilão chama a Anciã de hipócrita parece não fazer sentido nesse primeiro momento, mas entenderemos isso mais a frente da trama, pois tudo está bem amarrado.
Sobre os efeitos visuais, gostei muito de ver o que a Marvel foi capaz de fazer. Londres se dobrando diante da vontade da Maga Suprema é simplesmente fantástico.
Falando em Londres, a Marvel continua apostando nesse âmbito mundial e acredito que dê certo. Só em Doutor Estranho vamos para 4 localidades ao redor do globo: Nova York, Khatmandu, Hong Kong e Londres. isso sem contar as viagem pela Dimensão Negra, Dimensão Espelhada e a rápida passagem pelo Everest.
O início serviu para nos mostrar que o filme traria ótimos efeitos especiais e cenas de luta bem coreografadas. Mas, e os personagens?
Stephen Strange ou um novo Tony Stark?
Logo passamos a conhecer o arrogante neurocirurgião Doutor Stephen Strange. Confesso que fiquei com medo de termos mais um Robert Downey Junior.
Porém Benedict Cumberbatch cumpriu muito bem seu papel e nos entregou um personagem com ego inflado bem diferente daquele que vemos dentro da armadura vermelha e dourada.
Temos aqui um personagem com a mesma essência de Stephen Strange dos Quadrinhos.
Precisão dos detalhes
Foram detalhes pequenos que me mostraram um filme interessante e amarrado do início ao fim.
O fato do nosso protagonista ser um excelente cirurgião mas também ter um grande espaço na memória para gravar “cultura inútil”, serviu para mostrar que seu treinamento, e conseqüente rapidez, na evolução de suas artes místicas em Karma-Taj, teve um porquê.
Detalhes como a postura de Mordo por toda a trama, o apego de Stephen pelo relógio dado por Christine.fizeram a diferença.
Rachel McAdams é uma excelente atriz e desempenhou um ótimo papel, (nos poucos momentos em que apareceu).
Eu sempre imaginei ela como Capitã Marvel. Quando vi que ela havia sido confirmada para interpretar um personagem da Marvel, fiquei ainda mais feliz. Quando soube que era em Doutor Estranho, imaginei que ela seria Clea (uma personagem que teria ligação direta com Dormammu).
Porém, não foi dessa vez.
Devo me contentar com ela sendo Christine Palmer.
Referências e fanservice
Guerra Civil
Antes do acidente que acaba com a carreira de neurocirurgião de Stephen, vemos um pequeno link com Guerra Civil. Um dos casos passados para ele, enquanto segue em alta velocidade à caminho de uma convenção, é de um militar que fraturou a coluna em um traje experimental. Estamos falando de Rhodes, o Máquina de Combate.
O acidente acontece de forma rápida, violenta e visceral. Acredito que todos acidentes de carro se dêem dessa forma.
A partir daí, temos a queda do Doutor Stephen Strange e o gancho para a ascensão do Doutor Estranho. A busca da cura pela medicina e ciência se demonstra impossível e nosso protagonista vai para Khatmandu, a capital do Nepal.
Nas HQs seu destino é o Tibet, mas deve ter havido algum problema com filmagens no local, e por isso a alteração na localização de seu destino.
As locações no Nepal são simplesmente sensacionais. As mais bonitas mostradas até agora em um filme da Marvel.
Sactum Sactorum
Eu acho o Sanctum Sanctorum um lugar muito legal. Uma das sagas dos Vingadores que mais gostei foi quando eles não podiam agir abertamente e a Torre dos Vingadores havia sido tomada pela SHIELD. Então, o único lugar que eles poderiam se esconder era no Santuário do Doutor Estranho.
Vê-lo no cinema foi demais!
E em seu interior, a confusão que aquelas escadas, corredores e salas passam, é bem parecida com a confusão que fazemos ao ler uma história que se passa ali dentro.
Os feitiços de Strange
Talvez por ele ainda não ser o Mago Supremo, senti falta de magias como:
“As Faixas Escarlates de Cytorak“, ou “Pelos Poderes do Vishanti” ou “Os Sete Sóis de Cinnibus“. Mas tudo bem, espero ansioso por tais poderes sendo evocados em Vingadores III.
Tribunal Vivo
Mordo cita o Bastão do Tribunal Vivo e eu quase tive um colapso. Quem conhece o personagem sabe de seu poder.
Só para vocês terem uma ideia, o Tribunal Vivo é um personagem tão poderoso que é capaz de mudar a realidade se assim desejar.
Então, como seu bastão poderia estar ali?
Porém, como esse personagem surgiu na HQ Strange Tales #157, a mesma onde surgiu o Doutor Estranho, acredito que foi uma referência e homenagem ao personagem, nada mais do que isso.
Tilda Swinton, a Anciã
A Anciã é uma das personagens mais bem desenvolvidas dentro da trama. Tilda Swinton é perfeita para o papel. Assim como foi ótima interpretando o anjo Gabriel em Constantine.
Quando ela mostra para Stephen a dimensão astral e depois o envia para diversas dimensões para deixa-lo a par da insignificância de seu ego, eu me senti lendo uma HQ dos anos 70 do Doutor Estranho, desenhada por Steve Ditko.
A viagem lisérgica na qual somos lançados nos dá tontura e nos faz experimentar uma sensação única.
Mãos crescendo nos dedos do Doutor Estranho que logo forma um rosto, seu rosto, para logo depois lançá-lo em uma descida tortuosa e barulhenta até o silencio sideral.
Temos um rápido desenvolvimento de Stephen Strange nas artes místicas ensinadas em Karma-Taj, porém tudo ficou bem explicado. Stephen tem memória fotográfica o que o ajuda a guardar informações mais rápido do que as pessoas comuns.
Aliado a essa habilidade, podemos ver que ele aprende utilizar a Forma Astral para passa as noites lendo, enquanto o corpo material dorme.
Por todo desenvolvimento do filme, que tem 115 minutos, vemos um aprendiz de mago, sempre desenvolvendo suas capacidades. E é exatamente esse aprendizado que nos oferece momentos cômicos.
O humor ao redor do futuro Mago Supremo
Depois de muito refletir a respeito, mudei minha ideia a respeito do humor. Quando saí do cinema tinha achado exagerado, mas depois de refletir, passei a achar apenas “um pouco exagerado”.
A piada-referência de Shambala (uma HQ com o mesmo nome que é fantástica), quanto com as piadas referentes ao nome “estranho”, me deixaram um pouco incomodado.
Porém, o momento em que o Manto da Levitação impede o Doutor Estranho de empunhar um machado no Sanctum Sanctorum foi o que mais me agradou. Veríamos Strange empunhando um machado!
Mas não, o Manto não deixou. Foi ali que entendi a piada! Houve uma grande sacada da Marvel e vou explicar o porquê.
Seria aquele o famigerado Machado de Angarrumus?
Final do ano passado, Jason Aaron (roteirista que adoro) junto com Chris Bachalo, assumiram as histórias do Doutor Estranho. Muito se falou sobre o fato do herói ser representado com um machado em punho, na capa da primeira edição.
E como normalmente o ser humano sempre reclama antes de tentar entender tudo aquilo que é diferente, (e pior, eles teriam que LER para entender) houve uma grande discussão em cima disso.
Tuítes de ódio foram digitados (acreditem, em 140 caracteres cabe muito mimimi). Textões no FB exigiam o velho e bom Doutor voltado à magia e não esse Estranho voltado ao uso de armas medievais.
Por isso acredito que, quando Strange foi em direção ao Machado de Angarrumus, o Manto da Levitação o impediu pois talvez quisesse evitar o dramalhão que os fãs fizeram quando viram a HQ.
Nada de machado para você, Stephen. Não aqui nas telonas!
Então, essa cena foi a única que realmente me divertiu!
Mas estava no cinema e vi que as outras cenas divertiram o público. Acho que para o meu gosto, o tom cômico foi um pouco além. Mas para muitos, não.
E tem que ser assim mesmo! Um filme para atingir o gosto da maioria. Além de que, ultimamente há muito humor nas Hqs do Doutor Estranho.
E não podia deixar de falar de Wong! O sidekick do Doutor nas HQs, aqui é um importante bibliotecário e defensor do Sanctum de Hong Kong e também alívio cômico do filme.
Stan Lee, Aldous Huxley e As Portas da Percepção
Temos também Stan Lee lendo As Portas da Percepção, um livro de Aldous Huxley.
Huxley tinha uma teoria de que nossa mente filtra tudo aquilo que vemos, pois se pudéssemos ver tudo o que realmente existe, provavelmente ficaríamos loucos. Ele assume que algumas drogas diminuem a eficácia desses filtros mentais e assim, sob os efeitos dela, poderíamos ver um pouco mais da realidade que nos cerca.
Em resumo, ele usou mescalina e passou a descrever seus sentimentos e pensamentos sob o efeito de tal droga, originando assim tal livro.
Não façam isso em casa, é melhor ler os arcos do Doutor Estranho da década de 60 e 70, ou o arco recente escrito por Jason Aaron e ser feliz.
O verdadeiro vilão de Doutor Estranho
Em todos os outros filmes solo da Marvel eu senti que os vilões nunca eram muito bem apresentados, nem desenvolvidos.
Com exceção de Loki ( que foi desenvolvido em 3 filmes), vejam o exemplo do Caveira Vermelha, do vilão do primeiro Homem de Ferro ou do Jaqueta Amarela, vilão do Homem-Formiga.
Todos eles careceram de profundidade. Já aqui a Marvel pareceu acertar. Tivemos Kaecillius e Dormammu.
Ambos desenvolveram seus papéis. Kaecillius serviu para levar a ordem dos Magos à uma situação de desordem que facilitou a aceitação de Stephen em Karma-Taj. Depois, serviu para que o Doutor Estranho questionasse os métodos da Anciã.
Já Dormammu serviu para aprofundarmos nas diferentes Dimensões que existem no Universo Marvel.
O poder desse vilão é tão grande, que o único modo que a Marvel encontrou de derrotá-lo foi por meio de uma barganha.
E o tempo foi o objeto dessa negociação.
O tempo é algo que estava ao redor de Strange desde o início. Lembram dos detalhes que eu disse lá no início do post?
Desde seu apreço pelo relógio dado por Christine, passando pela facilidade em acessar o poder do Olho de Agamotto, podemos ver que o tempo está relacionado à Strange.
Porém, no decorrer de todo o filme um outro vilão foi desenvolvido, que só se mostrou nas cenas-pós-créditos.
Barão Mordo teve seu caráter moldado por todo o filme. Ele desde o início se pautada na regra que proibia mexer com a natureza das coisas. Porém ele viu que os Magos ao seu redor não cumpriram tal regra, menosprezando a necessidade de respeitar as Leis Naturais do Mundo. Nem a Anciã, nem o Doutor Estranho.
Sendo assim, ele chegou na conclusão que era necessário acabar com todos aqueles detentores de magia.
Os fins justificam os meios.
Essa é linha que o filme me pareceu tomar. E foi dentro desse conceito que conhecemos a Magia no Universo Marvel. Isso foi empolgante demais!
ATUALIZAÇÃO
Acabo de descobrir que o defensor do Sanctum Sanctorum de Nova York que morreu pelas mãos de Kaecillius, se chama Daniel Drumm. O mesmo Daniel que é irmão de Jericho Drumm, O Irmão Vodu!
Lembrando que o Irmão Vodu já foi o Mago Supremo, após Stephen ter perdido o direito de sê-lo.
Seria lindo ver esse herói no novo Vingadores.
A Joia do Infinito no colar do Olho de Agamotto
Há um tempo atrás eu tinha lido uma teoria que dizia o seguinte:
Os receptáculos das Joias do Infinito guardavam estreita relação com o nome Thanos. Cada receptáculo obedecia uma regra: A primeira letra de seu nome correspondia à uma das letras do nome THANOS.
Então antes de Doutor Estranho, tínhamos:
T = Tesseract (Joia do Espaço) visto em Capitão América e Vingadores;
H = ?
A = Aeter (Joia da Realidade) visto em Thor 2
N = ?
O = Orbe (Joia do Poder) visto em Guardiões da Galáxia
S – Scepter (Joia da Mente) visto em Vingadores e em Vingadores- Era de Ultron
Agora sabemos que a Joia do Tempo está no Colar do Olho de Agamotto (colar = Necklace).
Sendo assim, só falta a Joia da Alma, que estará em um receptáculo que comece com a letra H. Eu aposto em Halo. (Halo: círculo brilhante que por vezes circunda o Sol e a Lua, ocasionado pela refração da luz em minúsculos cristais de gelo em suspensão na atmosfera quando esta se acha brumosa.)
Ora, se em Guardiões da Galáxia Volume 2, teremos o Planeta Ego (cuja voz é de Kurt Russel) nada mais provável do que a Joia da Alma esteja ao redor desse planeta.
Bem, O Olho de Agamotto é a Joia do Tempo. Vê-la em ação nos presenteou com uma magnífica cena de batalha.
Batalhas épicas
Gostei do segundo embate entre a Anciã e Kaecillius. Mas a batalha que mais gostei foi a do final.
Enquanto o mundo todo voltava no tempo, heróis e vilões lutavam em meio ao Caos. Uma referência bárbara à Dimensão Negra de Dormammu.
Doutor Estranho é o Mago Supremo?
Não.
Por todo desenvolvimento do filme vemos que Doutor Estranho está aprendendo a lidar com a magia. Tanto que muitos dos momentos cômicos são graças a essa condição.
A instabilidade de seu poder.
Fica claro que ele ainda não carrega consigo esse título. E é exatamente essa falta de Mago Supremo que preocupa Wong.
A Terra corre perigo após a morte da Anciã e agora tudo está nas trêmulas mãos de Stephen Strange.
Ainda temos um herói em formação, em provação e em auto-aceitação. As únicas pontas soltas são aquelas que agregam para o futuro dos filmes que vem por aí.
Spoiler de Thor: Ragnarok?
A primeira cena pós-crédito, onde mostra Thor e Doutor Estranho conversando (reparem que Stephen já está usando as luvas amarelas que sempre vemos nas HQs) me fez pensar se aquilo não seria algo após Thor – Ragnarok.
Se for confirmado, é capaz de que a Marvel tenha nos dado o maior spoiler vindo da própria produtora, sobre o final desse filme que ainda nem foi lançado.
Conclusão
Doutor Estranho é um filme que, para mim, foge um pouco da “receita Marvel” pois aprofunda um pouco mais no personagem e em todos aqueles ao seu redor.
Ouso a dizer que nesse filme todos personagens transitaram entre áreas cinzas e foi o filme menos maniqueísta da Marvel até o momento. E claro, foi um filme que trouxe o maior momento emotivo até o momento.
Não há como negar que a cena em que vemos a projeção astral da Anciã e de Stephen, conversando sobre a vida, a morte e o futuro é profunda, complexa e sensacional.
Um momento sendo transformado em mil, apenas para que ela possa ter mais tempo. Aquilo é lindo demais!
E com esse dna um pouco alterado, acredito que Doutor Estranho traz um fôlego novo para aqueles que acompanham as produções da Marvel e pode ser que dite os rumos que veremos daqui para frente.
E espero que quando Stephen Strange se tornar o Mago Supremo, ele passe a ser um pouco, só um pouco mais sério.
Agora é esperar por Vingadores 3, para entender como todos esses personagens vão interagir.
Drunk,
O Dr. Estranho é citado no Capitão América: Soldado Invernal. E já li em vários sites americanos que o Dr. Estranho na verdade se passa junto do Homem de Ferro 2. O tal traje experimental e o militar acidentado seria um dos testes das Indústrias Hammer naquele filme. (Até porque o traje do Máquina de Combate não seria mais experimental). O que você acha?
Não creio nessa suposição. Pois os Vingadores são citados por Wong, e Homem de Ferro 2, se passa antes de Os Vingadores.
Acho que a citação de Stephen Strange foi apenas um easteregg naquele filme.
Concordo com o George. Ele foi mencionado em Capitão América 2. Não sei se você percebeu, pois foi sutil, mas o treinamento do doutor estranho levou no mínimo um ano, baseado que mostrou situações de calor, neve, chuva, ou seja, passagem de estações durante seu treinamento. Caso o acidente ocorreu após Guerra Civil, sua recuperação, mais seu treinamento estariamos quase 2 anos para a frente. É o que eu acho. Pode não ser durante homem de ferro 2, mas talvez homem de ferro 3. Valeu
“Nas HQs seu destino é o Tibet, mas deve ter havido algum problema com filmagens no local”
Problema tem nome: China.
Marvel tirou Tibet da história para eles poderem lançar o filme na China, ou não precisarem censurar/mudar a história depois.
“Viram? Quer mais loucura que isso?”
Não deu pra ver nenhuma das imagens de quadrinhos :/
Mas sobre o filme, achei sensacional!
Felipe, aqui as imagens estão todas ok. Tenta visualizar novamente. Obrigado
Fala Drunk!
Se puder, me explica o que você quis dizer sobre a cena pós credito! Sobre qual spoiler vc estaria se referindo? Fiquei sem entender é bastante curioso!
Obrigado!
Quando o Doutor Estranho diz que vai ajudar o Thor e o Loki à encontrar seu pai, penso que é um spoiler de Thor – Ragnarok.
Voltemos um pouco para o acidente do protagonista. É importante notar como a própria personalidade de Strange fora a causadora de sua tragédia. Primeiro: ele dirige para um evento no qual irá discursar sem uma acompanhante. Apesar de seu talento, ele é uma figura solitária e tem em Christine (Rachel McAdams) a única que ainda gosta dele – sua vida social fora contaminada pelo foco em si próprio e no seu trabalho, caso contrário ele teria um plus one, o que poderia evitar o desastre na estrada. Além disso, ele se distrai justamente por estar analisando um possível caso, dentre os vários que são oferecidos, dispensando ou aceitando conforme sua taxa de sucesso, sem olhar para o lado humano de sua profissão. Para quem já leu histórias do Doutor sabe muito bem que sua mitologia tem como um dos pontos chave a causa e a consequência: qualquer ação realizada pede um determinado sacrifício, algo trabalhado com bastante enfoque no primeiro arco de sua publicação de 2015, O Caminho do Estranho. Através dessa sequência, o texto sugere, portanto, que a maneira como ele rejeita pacientes (quebrando o juramento de Hipócrates inúmeras vezes), enfim gera uma grande consequência, tema repetido, aliás, por Mordo diversas vezes durante o filme, sobre o preço de se burlar regras.
A cena ainda é dirigida de forma a criar uma nítida angústia no espectador. Já sabemos o que acontecerá. Ele tira os olhos da estrada inúmeras vezes e somos cúmplices disso. A câmera espertamente oscila entre o lado de fora e o de dentro do carro, foca na rodovia e na imagem passada pelo seu colega de trabalho. Quando a batida, enfim, ocorre, tudo acontece muito rapidamente – somos colocados na posição do personagem – não temos tempo para pensar. Tudo, então, vai para a câmera lenta – o foco nas mãos novamente reaparece, desta vez elas sendo destruídas. É o término da vida antiga de Stephen e agora entramos em sua fase de aceitação dessa tragédia pessoal.
Uma sonata para piano, em tom tipicamente romântico, nos lembrando da Sonata ao Luar, de Beethoven, toma conta do espaço sonoro – uma variação do tema musical do longa. Strange é tomado pela depressão, pela obsessão em ter suas mãos de volta e Cumberbatch nos traz um retrato sufocante dessa tristeza do protagonista, que, aos poucos, vai abandonando qualquer esperança. A forma como o ator treme suas mãos é uma constante lembrança do que acontecera com ele e a dor interna que sente a todo momento de sua vida. Seu trabalho nos faz acreditar que seu personagem, de fato, viajaria pelo mundo em busca de uma cura, até mesmo algo alternativo e relacionado à espiritualidade.
Oi Drunk! Li em algum lugar que nenhuma jóia ia ser revelada nesse novo filme dos guardiões (infelizmente não lembro onde vi, portanto não posso lhe dar nenhuma fonte confiável), mas algumas teorias sugerem que o “h” venha de Heimdall ou Hella no filme Thor: Ragnarok. E aí, ou que você acha?
Seria muito interessante! MAs ainda acredito que terá a ver com o planeta Ego. Algo me diz q está em um halo, ao redor desse planeta