Saindo um pouco do comum e descansando da minha série de posts “O que esperar de Os Ventos do Inverno?”, resolvi fazer um post sem pretensão especulativa (espero que eu consiga), sobre um assunto da série que me intriga muito: os troca-peles e os wargs.

tumblr_mex6by09jx1rl77npo1_500

G. R. R. Martin, de forma magistral, criou algo novo e espetacular. A fantástica habilidade de trocar de pele

E ao reler todas as menções contidas nos 05 livros e especialmente o prólogo do livro “A Dança dos Dragões”, percebi que havia muitas informações sobre troca-peles e que se eu juntasse todas, daria para termos uma boa noção sobre esses seres fantásticos.

– Warg – Jojen Reed disse. Bran olhou para ele, com os olhos dilatados.

– O quê?

– Warg. Transmorfo. Lobisomem. É como o chamarão, se alguma vez ouvirem falar dos sonhos de lobo. A Fúria dos Reis – Capítulo 35, Bran V

evernote-camera-roll-20120926-1004402

A origem da palavra warg

A palavra warg não foi criada por Martin, pois já existia em diversas línguas.

Na língua norueguesa antiga, vargr é um termo para lobo (em inglês) “wolf” (ulfr).

J.R.R. Tolkien, em suas obras, usou a forma em inglês arcaico warg como referência para uma espécie de lobo especialmente ameaçadora.

No sistema D&D 3.0 e 3.5, worg é uma espécie de lobo atroz, mas com uma certa esperteza e maldade no ser.

No proto-germânico, wargaz significa “estrangulamento”, que por sua vez tem o significado de “malfeitor, criminoso, pária e excomungado”.

Ainda temos varg, que no sueco moderno é a palavra para o “lobo”

617207_10151331306328185_201510735_o-2-

Para os nórdicos, os wargs são os lobos demoníacos: Fenrir, Skoll e Hati.

Troca-pele (skinchanger) e suas aparições em outros livros

É interessante mencionar que o termo skinchanger (“troca-peles”) em português, se encontra na obra de Tolkien, em O Hobbit. Beorn é descrito como um troca-peles, pois pode assumir a forma de um urso preto.

Ele é um troca-peles. Ele troca de pele: algumas vezes é um enorme urso negro, outras é um homem grande e forte, de cabelos negros, com enormes braços e longas barbas. Há pouco mais que eu possa dizer, mas isto deve ser suficiente. O Hobbit, capítulo VII

Podemos ver que a essência de trocar de pele já foi descrita pelo ganhador do Nobel da Literatura, Hermann Hesse, em sua obra Sidharta.

Orientado pelo mais idoso dos samanas, Sidarta exercitava-se na desindividualização e na meditação, segundo as novas regras da irmandade. Uma garça voava por cima do bambual e Sidarta acolhia-a na sua alma. Adejava por sobre as selvas e as serras, devorava peixes, sofria fome de garça, proferia grasnidos de garça, morria a morte das garças. Sidharta – página 14. 

Śramaṇa, Shramana ou Sravakas procuravam atingir a perfeição espiritual através da negação do próprio Eu. Eram mendicantes por opção, e negavam muitos dos prazeres da vida. Experimentavam transmigrar a alma para animais vivos, em decomposição, para a água e rochas, tentando ficar o mais longe do próprio eu, e também viver a vida de garças, peixes, a morte de chacais, e a vida da água.

Isso foi o pouco que consegui encontrar sobre essa escola espiritual indiana. Se alguém entender mais sobre o assunto, gostaria de saber.

O cadáver de um chacal jazia na areia da ribeira e a alma de Sidarta infiltrou-se nele, fez-se chacal morto, jazeu na ribeira […] Em seguida, a alma de Sidarta regressava. Sidharta – página 14. 

Não sei se fato de trocar de pele com animais foi apenas uma invenção do autor do romance Hermann Hesse, ou se realmente os shramanas acreditam que isso seja possível.

De qualquer modo, é interessante citar que esse livro foi escrito em 1950.

Warg e troca-pele são sinônimos?

G. R. R. Martin juntou todos os significados mitológicos e linguísticos da palavra para criar a sua concepção de warg e consequentemente sua concepção de troca-pele.

Antes desse post, sempre achei que a palavra troca-pele era sinônimo de warg, e/ou vice-e-versa. Só que relendo as citações nos livros percebi que não é isso.

robb-bran-direwolves

Os Starks e seus lobos gigantes

Acontece que existe uma passagem no livro em que Varamyr Seis-Peles, ao relatar sua infância com Haggon seu mentor, deixa claro que há uma diferença.

No grupo, os mais numerosos eram os wargs, os irmãos de lobos, mas o rapaz achara os outros mais estranhos e mais fascinantes. Borroq parecia-se tanto com o seu javali que só lhe faltavam as presas, Orell tinha a sua águia, Briar o seu gato-das-sombras (no momento em que os viu, desejou ter um gato-das-sombras seu), a mulher-cabra, Grisella. A Dança dos Dragões – Capítulo I, Prólogo

 E outras passagens onde Martin faz questão de diferenciá-lo, e ao mesmo tempo mostrar que não são tão diferentes assim.

Sob as árvores estavam todos os selvagens do mundo; corsários e gigantes, wargs e troca-peles, homens das montanhas, marinheiros do mar salgado. A Tormenta de Espadas – Capítulo 55, Jon VII

Wolves_001-(1024x768)

O lugar dos troca-peles e wargs eram as histórias da Velha Ama, não o mundo onde tinha vivido toda a vida. A Fúria dos Reis – Capítulo 69, Bran VII.

Haggon ensinou-me muito e mais ainda. Ensinou-me como caçar e pescar, como cortar uma carcaça e amanhar um peixe, como me orientar na floresta. E ensinou-me os costumes dos wargs e os segredos dos troca-peles, embora o meu dom fosse mais forte do que o dele. A Dança dos Dragões – Capítulo I, Prólogo.

Podemos ver que a palavra warg serve para especificar um tipo determinado de troca-peles. Warg é a palavra usada para denominar um troca-pele que tem vínculo com lobos.

Ghost and Jon Snow

Ouvi-os chamarem-me de warg. Como posso ser warg sem um lobo, pergunto?890, tde

Já Borroq, Griselda, Orell e Briar são apenas troca-peles.

Vejo em muitos lugares pela internet, o pessoal dizendo: Bran wargueou um corvo, ou: Arya wargueou um gato. Um verbo aportuguesado que passa a ideia do ato de trocar-de-pele. Eu também usava esse “vocábulo”. E não deixa de ser verdadeiro nos casos acima citados.

De qualquer modo, ainda que Bran e Arya deslizaram para a pele de um corvo e um gato, respectivamente, os dois são warg, pois deslizam para a pele de lobo também.

Mas é interessante mostrar a diferença.

A intenção de G. R. R. Martin foi a de classificar os troca-peles. Dar valor maior àqueles que conseguem trocar de pele com lobos, uma vez que são animais difíceis de dobrar e impossíveis de domar.

Concluindo a linha de racioncínio, todo warg é troca-pele, mas nem todo troca-pele é warg.

O que é um troca-pele em “As Crônicas de Gelo e Fogo”?

Um troca-pele é uma pessoa com a capacidade de entrar na mente de um animal e controlar suas ações. E não apenas isso, pois o troca-pele é capaz de ver, ouvir, sentir tudo o que o animal vê, ouve ou sente. É um vínculo poderoso.

Bran-with-Summer-and-Hodor-bran-stark-31146982-1279-691

Verão sempre ficou ao lado de Bran após o acidente. Warg e lobo criam um forte vínculo

No livro, Martin descreve algumas vezes essa “entrada” como “deslizar para a pele”.

Sabemos que esse controle é mais fácil para um troca-pele caso exista uma ligação entre as duas partes. Homem e animal.

A interação entre o animal e o troca-pele influencia a personalidade de ambos.

Dependendo do animal, deslizar para sua pele pode ser fácil ou difícil, mas após um animal ser montado por um troca-peles, fica mais fácil qualquer outro troca-pele “montar” na criatura.

– Depois de um cavalo se habituar à sela, qualquer homem pode montá-lo – disse ele em voz baixa. – Depois de um animal se juntar a um homem, qualquer troca-peles pode entrar nele e montá-lo.

 .

— Um garanhão selvagem empina-se e escoiceia quando um homem tenta montá-lo, e tenta morder a mão que lhe enfia o freio entre os dentes — dissera o Lorde Brynden — mas o cavalo que tenha conhecido um cavaleiro irá aceitar outro. Jovens ou velhas, estas aves foram todas montadas. Agora escolhe uma, e voa. A Dança dos Dragões – Capítulo 34, Bran III

As informações que temos sobre troca-peles vem do POV de Varamyr Seis-Peles, que à beira da morte, repensa toda sua trajetória de vida.

Ali podemos ver que tudo o que ele sabe sobre esse dom foi ensinado por Haggon, seu mestre.

Nos POV de Bran, em “A Dança dos Dragões” podemos ver Brynden o Corvo-de-três-olhos ensinando muito a coisa a respeito dos troca-peles.

Outras informações espalhadas pelos outros POVs, provém mais informações. Assim, esse post é (como os outros) um apanhado de passagens e evidências, “costurados” para tentar passar a essência do dom de trocar pele.

O Dom

Um troca-pele, ainda que destreinado ou que ainda não tenha ciência de sua situação, pode entrar na mente de um animal se existir uma certa ligação entre ambos, especialmente durante o sono.

gameofthronesBR

imagem encontrada em GameofthronesBR

Bran entrou na pele de Verão após seu estado comatoso, ao cair da torre em Winterfell.

– Os sonhos de lobo não são sonhos de verdade. Seu olho está bem fechado sempre que está acordado, mas, quando adormece, ele abre, e sua alma procura sua outra metade. O poder é forte em você. A Fúria dos Reis – Capítulo 46, Bran VI

 Arya também desliza para a pele de Nymeria sempre em sonhos.

O sono chegou assim que fechou os olhos. Nessa noite, sonhou com lobos, caçando em uma floresta úmida com um pesado cheiro de chuva, putrefação e sangue no ar. Mas, no sonho, eram cheiros bons, e Arya sabia que nada tinha a temer. A Tormenta de Espadas – Capítulo 22, Arya IV.

Em momentos de necessidade um troca-pele consegue deslizar para seu animal. Isso aconteceu com Jon quando viu os selvagens em Guadeleite.

Não sabia como vestir uma pele de lobo, como Orell vestia a de sua águia antes de morrer. Um dia Jon sonhara que era Fantasma, e olhava o vale do Guadeleite onde Mance Rayder reunira seu povo, e esse sonho revelou-se verdadeiro. Mas agora não estava sonhando, e isso deixava-lhe apenas as palavras.313, tde

Ao que parece, o troca-pele deve deixar o dom fluir, assim como Bran fez.

Já Robb por exemplo, se manteve resistente, ao ver o estrago que seu Vento Cinzento fez no campo de batalha. Outro fato foi decisivo para que Robb não criasse um maior vinculo com Vento.

Costumava pensar o mesmo que você, que os lobos eram os nossos guardiães, os nossos protetores, até que…

– Até que? – ela incitou. A boca de Robb apertou-se.

– … até que me disseram que Theon tinha assassinado Bran e Rickon. Pouco bem lhes fizeram os lobos. Já não sou um garoto, mãe. Sou um rei, e posso me proteger sozinho. A Tormenta de Espadas – Capítulo 14, Catelyn II.

GreyWindJuvenile

Catelyn Stark sentiu que havia algo de diferente nos lobos e tentou alertar seu filho mas mesmo assim Robb não a ouviu. E pagou o preço por isso.

– Ele é parte de você, Robb. Temê-lo é temer a si mesmo. A Fúria dos Reis – Capítulo , Catelyn I. 

Um troca-pele destreinado precisa tomar um certo cuidado ao utilizar o dom e encontrar um meio-termo para o uso dele.

Haggon explicou à Varamyr que muitos troca-peles que usavam veados ou alces se tornavam covardes, outros que usavam aves, acabavam vidrados no azul do céu.

Bran Stark, por preferir estar na pele de Verão ao invés de estar na pele de menino aleijado, por muitas vezes deixou de se alimentar e sofreu com essa conduta.

 Um warg não pode viver daquilo que seu animal consome. A Tormenta de Espadas, Capítulo 9, Bran I.

– Lembre-se disso, Bran. Lembre-se de si, senão o lobo vai consumi-lo. A Tormenta de Espadas, Capítulo 9, Bran I.

 Assim, é necessário que o troca-pele entenda os limites entre: estar em seu animal e estar no corpo humano. E parece que após entender esses limites e essas extensões do poder,  pode se beneficiar, acessando, por exemplo, alguns sentidos de seus animais, sem ter que deixar seu corpo.

 O único que parece saber usar seu dom de forma plena é Varamyr Seis-Peles. Em várias passagens podemos vê-lo semiacordado, em transe, vendo e sentindo o que seus animais estão vivenciando. Além disso, consegue manter o vínculo com outros cinco animais.

Ready-to-Pounce---Snow-Leopard-1

Nas Crônicas apenas Varamyr e Briar controlam um Gato-das-Sombras

O pequeno troca-peles com ar de rato fechou os olhos e disse:

– Estou vendo-os. Aproximam-se ao longo dos riachos e das trilhas de caça…

– Quem?

– Homens, Homens a cavalo. Homens vestidos de aço e homens vestidos de negro. A Tormenta de Espadas – Capítulo 64, Jon VIII.

Outra cena descrita por Martin demostra Varamyr conversando com Mance Ryder¹ e ao mesmo tempo “acessando” a visão de sua águia², e ao que tudo indica farejando com seu gato-das-sombras³.

Varamyr, fique e trate de que nenhum mal aconteça a Dalla. – O Rei-para-lá-da- -Muralha apontou a espada a Jon. – E mantenha olhos extras neste corvo. Se ele fugir, corte-lhe a goela.

– Sim, eu trato disso.¹ […]

– Também estão vindo do norte – disse Varamyr a Mance. – E melhor ir.²

Jon deu um passo em direção à tenda, pensando no Berrante do Inverno, mas o gato-das-sombras bloqueou-o, com a cauda balançando. As narinas da fera dilataram-se e escorreu saliva de seus dentes curvos da frente. Ele cheira o meu medo.³ […]

– Estandartes – ouviu Varamyr murmurar -, vejo estandartes dourados, oh A Dança dos Dragões – Capítulo 69, Jon XIII.

Bran também passou por momentos parecidos, onde ele sentia o que Verão sentia, mesmo estando acordado. Imagino que a ligação entre Bran e Verão já está tão desenvolvida, o vínculo tão poderoso, que ele já consegue controlar melhor seu dom.

Bran-and-Hodor-with-Summer-and-Shaggydog-bran-stark-31146989-1279-688

O lobo gigante detectava o sangue quente a correr por baixo da pelagem enriçada do alce. Bastava o cheiro para lhe fazer a saliva correr entre as mandíbulas, e quando o fazia a boca de Bran salivava ao pensar em carne rica e escura. A Dança dos Dragões – Capítulo 4, Bran I

 Involuntariamente Jon Snow já compartilhou, mesmo acordado, alguns dos sentidos de Fantasma.

O sabor do sangue quente encheu a boca de Jon, e compreendeu que o Fantasma matara naquela noite. Não, pensou.Eu sou um homem, não um lobo. Esfregou a boca com as costas de uma mão enluvada e cuspiu. A Dança dos Dragões – Capítulo 10, Jon III. 

Outro fato importante é que troca-peles Os troca-peles e, consequentemente, os wargs são extremamente raros.

— Só um homem em mil nasce troca-peles — disse o Lorde Brynden um dia, depois de Bran aprender a voar. A Dança dos Dragões – Capítulo 4, Bran I

Entre eles existe um vínculo, que permite que se reconheçam, sentindo a presença de outro troca-pele apenas ao se olharem.

Compreendera o que Snow era no momento em que vira aquele grande lobo gigante branco a caminhar em silêncio a seu lado. Um troca-peles era sempre capaz de detectar outro.

Dificuldade em “trocar de pele” com tipos diferentes de animais

game_of_thrones_-_03x02_-_dark_wings_dark_words-720p-immerse_291249

Cada tipo de animal oferece uma resistência ou facilidade para ser montado.

Reuni as informações no livro para demonstrar isso

Cães

Os cães eram os animais mais simples para criar um vínculo; viviam tão perto dos homens que eram quase humanos. Deslizar para dentro da pele de um cão era como calçar uma bota velha, com o couro amolecido pelo uso. Assim como uma bota tinha a forma certa para receber um pé, um cão tinha-a certa para aceitar uma coleira, mesmo uma coleira que nenhum olho humano conseguisse ver. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

Lobos

Um homem podia travar amizade com um lobo, podia mesmo dobrar um lobo, mas nenhum homem conseguiria realmente domar um lobo.

— Os lobos e as mulheres casam para a vida — dizia Haggon com frequência. — Se te ligas a um, é um casamento. O lobo torna-se parte de ti desse dia em diante, e tu parte dele. Ambos mudarãoA Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

tumblr_m9kofemPQr1qbudbro1_500

Os lobos são mais difíceis de criar o vínculo. É possível criar um vínculo, mas nunca domar realmente um lobo. No caso do lobo, os dois, criatura e humano mudam.

Podemos perceber ainda que, no caso dos lobos, os sentimentos do seu troca-pele influenciam o animal.

Vento Cinzento saltou para cima da cripta do Rei Tristifer, com os dentes à mostra. O rosto de Robb estava frio. A Tormenta de Espadas – Capítulo 22, Catelyn II. 

– Não pode – Rickon quase gritou, zangado. – Não, não pode – ao seu lado, Cão Felpudo mostrou os dentes e rosnou. A Fúria dos Reis – Capítulo 69, Bran VII pág. 622.

Pássaros

theenskinchanger1

As aves eram as piores. — Os homens não estão destinados a abandonar a terra. Se passares demasiado tempo nas nuvens, nunca quererás voltar para baixo. Conheço troca-peles que experimentaram falcões, mochos, corvos. Mesmo nas suas próprias peles ficam aluados, de olhos fixos na porcaria do azul. A Dança dos Dragões – Capítulo I, Prólogo.

Ao que parece, as aves acabam fazendo como que o troca-pele fique fascinado pelos céus de tal forma que chegam a ficar olhando fixos ao céu.

Na verdade Haggon achava isso, entretanto temos Orell, um selvagem que tem vínculo com uma águia, e não demonstrou tal comportamento, talvez por ter entendido isso e ter usado seu vínculo com a águia com moderação.

Sobre os corvos é interessante mencionar que eles sempre foram usados pelas Crianças da Floresta. E em cada corvo há um troca-pele vivendo sua segunda vida.

vlcsnap-2014-06-16-09h45m24s170

E é explicado porque os corvos conseguem entregar mensagens sem se perderem.

— Todas as aves têm nelas cantores?

— Todas — dissera o Lorde Brynden. — Foram os cantores que ensinaram os primeiros homens a enviar mensagens por corvo… mas nesses tempos as aves diziam as palavras.

(sobre a criança das floresta prefiro falar melhor em outro post).

Gatos

gato das sombras varamyr

Os gatos-das-sombras combatem com selvageria quando tentam domá-los

Os gatos [das-sombras] eram vaidosos e cruéis. Traiçoeiros. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

Os gatos não são criaturas em que se pode confiar.

Confirmou-se a informação assim que Varamyr foi morto dentro da águia. Seu gato-das-sombras foi o primeiro a fugir.

Varamyr perdera o controle dos seus outros animais na agonia da morte da águia. O gato-das-sombras correra para a floresta. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

 Cervos e alces

Red-Stag-1---Alvie-Estate-22-1-09-790097

Pela natureza deles, por serem presas, o troca-pele acaba ficando covarde.

Alces e veados eram presas; usando as peles deles durante demasiado tempo transformava até o mais corajoso dos homens num covarde. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

Outros animais

Logicamente pode-se montar qualquer animal. As implicações sobre isso não foram ditas no livro, apenas que Haggon não aprovava animais como Ursos, javalis, texugos, doninhas, etc.

— Há algumas peles que nunca vais querer usar, rapaz. Não ias gostar daquilo em que te transformavas. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

Varamyr tinha uma ursa-das-neves, e ficou claro que o animal não criou vínculo algum com ele. Muito pelo contrário, a ursa o odiava.

00d-russian-polar-bear-fight-08-12

A ursa das neves virara as garras contra aqueles que a rodeavam, desfazendo quatro homens antes de cair vítima de uma lança. Teria matado Varamyr se ele tivesse surgido ao seu alcance. A ursa odiava-o, enfurecera-se de todas as vezes que ele usara a sua pele ou lhe subira para o dorso. A Dança dos Dragões – Capítulo I, Prólogo.

As proibições dos troca-peles, segundo Haggon

O velho mestre de Varamyr parece ter criado uma espécie de código de conduta. Regras que nenhum troca-pele poderia quebrar, por tal ação ser considerada uma abominação.

wolf eating

Eu creio que essas regras foram criadas com base em seu caráter, e não que há uma real proibição que traria prejuízos ao portador do dom de trocar peles.

As proibições são:

– Comer carne humana quando estiver na pele do animal;

– Deitar-se com um animal quando estiver na pele de outro animal;

– Entrar em um corpo de um humano.

Comer carne humana era uma abominação, acasalar como um lobo com um lobo era uma abominação e capturar o corpo de outro homem era a pior abominação de todas. Haggon era fraco, tinha medo do seu próprio poder. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

 Deslizar para a pele de seres humanos

A capacidade de deslizar para a pele de outro ser vivo não se restringe apenas a animais. Um troca-peles pode entrar na mente de outro ser humano. Entrar na mente de um humano é diferente de entrar na mente de animais. É muito dificil.

vlcsnap-2014-05-05-02h21m45s211

Até mesmo para Varamyr Seis-Peles, que pode ser considerado poderoso pela quantidade de animais que criou vínculo e mantem consigo, entrar na pele de um humano não foi possível.

A esposa de lanças torceu-se com violência, gritando. […] Ela ergueu as mãos até o rosto. Ele tentou baixa-las novamente, mas as mãos não obedeceram, e ela estava agarrando os olhos. Abominação, recordou, afundando em sangue, dor e loucura. Quando ele tentou gritar, ela cuspiu a língua para fora. A Dança dos Dragões – Capítulo I, Epílogo.

 Até o momento, apenas Bran Stark conseguiu entrar na mente de um humano. Isso se concretizou tendo em vista que a mente invadida é de Hodor, um homem simplório. Mesmo assim, Bran relata a dificuldade na troca de pele.

… deslizou para fora de sua pele e procurou Hodor.

Não era como enfiar-se em Verão. Isso era agora tão fácil que Bran quase nem pensava no que estava fazendo. Com Hodor era mais difícil, como tentar enfiar uma bota esquerda no pé direito.  Servia mal, e além disso a bota estava assustada, a bota não sabia o que estava acontecendo e tentava afastar o pé. A Tormenta de Espadas – Capítulo 40, Bran III

É interessante ver que Bran ao deslizar para a pele de Hodor consegue senti-lo chorando e com medo. Também há evidências de que Bran pode sentir o que Hodor sente.

Hodor ama Meera e Bran sentiu isso em um momento quando usava Hodor para combater alguns inimigos.

— Hodor — dizia Hodor a cada passo. — Hodor, hodor. — Perguntou a si próprio o que pensaria Meera se lhe dissesse de repente que a amava. A Dança dos Dragões – Capítulo 13, Bran II.

A morte de um troca-pele

Um troca-pele pode experimentar mais de uma morte.

tumblr_m9psk6Pg3f1qbudbro1_500

Varamyr morrera antes nove mortes. Morrera uma vez de uma estocada com uma lança, uma vez com os dentes de um urso na garganta, e uma vez numa torrente de sangue ao dar à luz uma cria morta. Morrera a primeira morte quando tinha apenas seis anos, quando o machado do pai arremetera através do seu crânio. Nem essa fora tão agonizante como o fogo nas entranhas, crepitando ao longo das suas asas, devorando-o. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

 O troca-pele pode morrer quando estiver “montando” um animal. Essa morte é extremamente dolorosa para ao troca-pele. Isso demonstra que a ligação entre eles não é uma ligação superficial, ou uma ligação apenas de controle mental. É muito mais que isso.

Segunda vida de um troca-pele

— Morrerá uma dúzia de mortes, rapaz, e todas elas doerão…mas quando chegar a tua morte verdadeira voltarás a viver. Dizem que a segunda vida é mais simples e mais doce. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

A segunda vida acontece quando o corpo humano do troca-pele falece e ele desliza sua consciência para a pele de outro animal.

As informações sobre a extensão de tal poder ainda não foram totalmente reveladas nos livros, mas segundo Haggon:

— Dizem que se esquece — dissera-lhe Haggon, algumas semanas antes da sua morte. — Quando a carne do homem morre, o seu espírito continua a viver dentro do animal, mas a memória vai-se desvanecendo todos os dias, e o animal torna-se um pouco menos um warg, um pouco mais um lobo, até que nada reste do homem e só fique a feraA Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

Varamyr confirmou a informação quando entrou na águia que havia pertencido ao troca-pele Orell.

Varamyr sabia que aquilo era verdade. Quando reclamara para si a águia que fora de Orell, conseguira sentir o outro troca-peles a enfurecer-se com a sua presença.  A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

Assim, para Varamyr, o troca-peles pode viver uma segunda vida em outro ser, mas ao que tudo indica é uma vida temporária, até que com o tempo a memória do indivíduo se desvaneça.

A consciência se apagaria com o tempo, já o dom de trocar de pele morria com o corpo original.

Calculava que o dom pereceria com o corpo. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

Já Bran Stark aprende que um troca-pele ao morrer fica em seu animal, uma mancha na alma.

Estava mais alguém no corvo — dissera ao Lorde Brynden, depois de voltar à sua pele. — Uma rapariga qualquer. Eu senti-a.

— Uma mulher, daqueles que cantam a canção da terra — dissera o professor. — Há muito morta, mas permanece uma parte dela, tal como uma parte de ti permaneceria no Verão se a tua carne de rapaz morresse amanhã. Uma sombra na alma. Ela não te fará mal. A Dança dos Dragões – Capítulo 34, Bran III.

Dois troca-peles em um animal

Outro ponto interessante é que um animal que está levando a consciência de um troca-pele pode ser alvo de controle de outro troca-pele. Nesse caso, há evento específico.

O caçador morrera a chorar depois de Varamyr lhe roubar Pelegris, afastando-o para reivindicar o animal para si. Não há segunda vida para ti, velho. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

 O troca-pele que reivindicar o animal e conseguir deslizar para ele nega a segunda vida do troca-pele original.

Fight_In_Wolf_Pack_II_by_amrodel

Tudo indica que esse ato traz consequências, e acaba fazendo o troca-pele ter acesso a consciência do antigo troca-pele dentro do animal.

Varamyr fez isso duas vezes, e deixa claro que Haggon e Orell estão dentro de sua cabeça.

Orell estava definhando dentro de suas penas, por isso fiquei com a águia. Mas a junção funciona nos dois sentidos, warg. Orell agora vive dentro de mim, murmurando como o odeia. E eu posso pairar por cima da Muralha e ver com olhos de águia. A Tormenta de Espadas – Capítulo 55, Jon VII.

 .

Abominação ouviu Haggon a dizer. Era quase como se estivesse ali, precisamente naquela sala. A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

 

Segunda vida em um humano?

 Varamyr tentou transferir sua consciência para Cynara, mas não era poderoso o bastante para dobrá-la, como vimos na citação lá em cima, acabou optando por Um-Olho.

Assim não há evidências de que existe ou não existe a possibilidade de um troca-pele conseguir viver dentro de outro humano.

 Troca-peles conhecidos

Arya Stark

542595_10712196_ll

.

.

.

As experiências de Arya como warg se deram quando tinha sonhos de lobo com Nymeria liderando uma alcateia e atacando humanos. Em Bravos, quando estava cega, trocou de pele com um gato.

.

.Bran Stark

tumblr_m1xsybVJZF1rsg038o1_500

Apesar da sua idade, Bran é um troca-pele mais experiente do que qualquer um de seus irmãos.

Acredito que o coma o ajudou a entrar em Verão, e passou a experimentar seu dom.

Ele achava, no início, que estava tendo sonhos vívidos imaginando que pudesse andar, como se fosse seu lobo. Foi Jojen Reed que explicou o que estava acontecendo, e passou a instruir Bran sobre como controlar suas habilidades.

Desde esse tempo, ele tem sido capaz de trocar de pele com seu lobo durante horas e controlar o corpo de Verão plenamente, em vez de simplesmente experimentar tudo o que o lobo gigante fazia quando estava dormindo. Conseguiu deslizar para a pele de Hodor e de um corvo.

.

.Jon Snow

tumblr_m1y3q86xhO1r93jyvo1_500

..

.

Jon Snow, segundo Varamyr Seis-Peles, é um troca pele poderoso mas inexperiente e desconhece suas verdadeiras habilidades. As habilidades de warg de Jon Snow se manifestaram algumas vezes, sem que ele tivesse vontade. Quando Fantasma foi atacado ele sentiu dor.

Teve alguns sonhos de lobo, e Melisandre se ofereceu para ajuda-lo, mas ele sempre recusou.

.

.

.

.

Orell

Orell é um selvagem que troca de pele com uma águia. Ele atua como batedor de Mance Rayder, trazendo informações obtidas pelos olhos da águia.

Quando Orell foi morto por Jon Snow, ele deslizou sua consciência para a águia.

Varamyr Seis-Peles

Varamyr_Sixskins_by_Belibr

Varamyr é um selvagem que tem como companhia três lobos, um gato-das-sombras e uma ursa-das-neves. É o troca-pele mais poderoso das Crônicas (acredito que Bran Stark se tornará o troca-peles mais poderoso de “As Crônicas de Gelo e Fogo”).

Borroq

Um troca-pele que tem como companheiro um javali. Atualmente Borroq está na Muralha, após Jon Snow abrigar selvagens para ajudar na defesa contra os Outros.

Briar

Uma selvagem que troca-pele com um gato-das-sombras.

Grisella

Conhecida também como Mulher-cabra. É uma selvagem que troca de pele com uma cabra.

Haggon

Haggon foi o homem que ensinou tudo que Varamyr sabe e apresentou a ele outros selvagens troca-peles.

Haggon ensinou-me muito e mais ainda. Ensinou-me como caçar e pescar, como cortar uma carcaça e amanhar um peixe, como me orientar na floresta. E ensinou-me os costumes dos wargs e os segredos dos troca-peles, embora o meu dom fosse mais forte do que o dele.  A Dança dos Dragões – capítulo I, Prólogo.

 Foi morto pelo próprio Varamyr que devorou-lhe o coração na pele de lobo. Ainda teve sua segunda vida negada, pois Varamyr entrou na pele de Pelegris  (lobo de Haggon), domando-o e expulsando a consciência de Haggon de dentro do lobo.

Brynden Rivers

vlcsnap-2014-06-16-17h16m45s81-1024x576

Antigo Comandante da Patrulha da Noite. Além de deslizar para a pele de corvos, consegue deslizar para as Arvores Coração.

É o Corvo de três-olhos que Bran procura desde o início da saga.

Será o mentor de Bran Stark e ao que tudo indica, o ensinará toda a extensão de seu poder.

Mãos-Frias

Ao que tudo indica, um enviado de Brynden Rivers com a missão de levar Bran Stark em segurança até ele.

Controla um alce e corvos.

Conclusão

Acredito que essas sejam todas as informações sobre troca-peles e wargs que temos nos livros. É claro que posso ter deixado passar alguma coisa.

Consegui atingir meu objetivo nesse post, ou seja, condensar toda informação disponível a respeito dos troca-peles e wargs. Procurei não especular muito, mas é impossível. Dei minha opinião em vários pontos.

tumblr_lgqvahX8381qh1d9eo1_1280

Eu particularmente gosto muito desse assunto e considero o prologo de A Dança dos Dragões espetacular.

Agora é esperar os próximos livros, pois é certo que em “Os Ventos do Inverno” saberemos mais sobre esse dom.

Deixo aqui momentos que gostaria de ver:

–  Bran Stark em Verão, sentiu que Um-Olho era warg. Será que veremos Varamyr e Bran em um combate mental?

Será que Bran aprenderá com Varamyr coisas sobre o dom de trocar de pele? Ou Varamyr aprenderá com Bran e descobrirá que a segunda vida não acaba como Haggon lhe disse?

– Jon Snow aprendendo a usar seu dom e vivendo como Fantasma por um tempo.

– O embate entre Borroq e Jon Snow. Acredito que veremos uma batalha pela pele de Fantasma entre os dois.

Nessa pesquisa li muito sobre Bran Stark e Bryden Rivers e tenho algumas ideias… e meu próximo post será sobre ele.

A premissa do próximo post surgiu após ler a seguinte frase de Catelyn Stark.

Esses lobos são mais do que lobos, Robb. Tem de saber que é assim. Julgo que os deuses talvez os tenham mandado até nós. Os deuses de seu pai, os velhos deuses do norte. Cinco crias de lobo, Robb, cinco, para as cinco crianças Stark. A Tormenta de Espadas – Capítulo 14, Catelyn II.