Estamos de volta, com a segunda e última parte do post – A Música do Silêncio, Auri e As Portas de Pedra. Para quem ainda não leu a primeira parte, clique no link abaixo, leia e volte para cá.

A Música do Silêncio, Auri e As Portas de Pedra – Parte I

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Agora, para quem já leu e já adquiriu os livros,  é só continuar.

O nome de Auri, a ligação da menina com Kvothe e seu papel no final da trilogia

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Um nome lindo e suas obrigações

“Auri sentou-se por um momento no escuro. Já havia acontecido algumas vezes. Já fazia muito tempo, mas ela se lembrava. Estivera sentada assim, vazia feito casca de ovo. Vazia e com o peito carregado, na escuridão raivosa, quando o ouvira tocar pela primeira vez. Antes de ele lhe dar seu novo nome, doce e perfeito. Um pedaço de sol que nunca a deixava. Uma dentada no pão. Uma flor no coração dela.” A Música do Silêncio.

Aqui temos uma importante revelação. Auri diz que estava vazia antes de ganhar um novo nome, um pedaço de sol, uma dentada no pão e uma flor no coração.

Para quem não se lembra, Auri é um nome dado por Kvothe em O Nome do Vento.

Quando eu lhe perguntei seu nome, ela correu de volta para o subsolo e levou dias para reaparecer.
Assim, eu havia escolhido um nome para ela: Auri. O Nome do Vento, capítulo 53 – Círculos Lentos

E junto com o nome, ele havia levado outros presentes para a garota, que tocaram o coração dela.

Agachei-me e abri o estojo do alaúde.
― Eu lhe trouxe pão ― informei, entregando-lhe o pão preto de cevada embrulhado num pedaço de pano. ― E uma garrafa d’água.
― Isso também é muito gentil ― comentou ela com ar gracioso. A garrafa pareceu muito grande em suas mãos. ― O que há na água? ― perguntou, tirando a rolha e olhando para dentro.
Flores. E o pedaço da Lua que hoje não está no céu. Também o pus aí dentro.” O Nome do Vento, capítulo 53 – Círculos Lentos

Acredito que o sol que ela cita é a presença de Kvothe. Já os outros itens, estão citados acima. Auri, além de ganhar um novo nome, um novo amigo, ganha uma nova vida.

Origem do nome

De onde Kvothe tirou esse nome? Me parece que o próprio garoto não sabe e tudo leva a crer que foi um nome simplesmente tirado da cabeça.

Porém, esse nome tem um peso e terá uma grande importância daqui para frente. Acredito que esse nome foi tirado do nome da mãe de Kvothe.

Laurian. LAURIAN.

Inconscientemente, Kvothe impingiu à menina um nome ligado ao da sua mãe. Lembrem que nomes são profundos.

Será que isso trará consequências?

Ah, mas é simplesmente um nome, não?

Não. Impossível pensar isso quando falamos dessa série literária.

“– Há duas coisas que vocês precisam lembrar. Primeiro, nossos nomes nos moldam e, por nossa vez, moldamos nossos nomes.” O Temor do Sábio, capítulo 12 – A Mente Adormecida

Toda a Fantasia  de A Crônica do Matador do Rei gira em torno do poder que os nomes tem. Logo, não posso deixar de teorizar sobre nomes.

Acredito com certeza que veremos no nome AURI, um significado, uma importância em As Portas de Pedra.

E se isso não bastasse para dar base as minhas suspeitas, temos uma informação sobre nomes.

Elodin correu os olhos entre nós, de um lado para outro.
– Auri?
Esperei que ele terminasse a pergunta, mas isso pareceu ser tudo.
Auri compreendeu antes de mim.
– É o meu nome – disse, com um sorriso orgulhoso.
– É mesmo? – indagou Elodin, curioso.
Auri fez que sim.
– Foi o Kvothe quem me deu – explicou, com um largo sorriso na minha direção. – Não é maravilhoso?
Elodin assentiu com a cabeça.
– É um nome encantador – disse, polidamente. – E combina com você.
– Combina – concordou ela. – É como ter uma flor no meu coração.
Olhou com ar sério para Elodin e acrescentou:
Se o seu nome estiver ficando muito pesado, o senhor deve fazer o Kvothe lhe dar um novo.” O Temor do Sábio, capítulo 11 – Refúgio.

Sendo assim, sabemos que o antigo nome de Auri, lhe trazia um peso sobre os ombros. Algo que lhe afligia muito. Só resta saber o que, especificamente.

Os três presentes

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Por todo o livro vemos Auri correndo atrás de três presentes para Kvothe. Uma vela. Um refúgio e um beijo de proteção.

“Primeiro, a vela inteligente, toda Taborlin. Toda cálida e recheada de poesia e sonhos.
A segunda era o lugar adequado. Uma prateleira em que ele poderia colocar seu coração. Uma cama para dormir. Ali, nada poderia machucá-lo.
E a terceira?”

[…]

“Mas havia a terceira coisa. Dessa vez, Auri não enrubesceu. Sorriu. Lavou o rosto, as mãos e os pés. Depois, deu um pulo rápido ao Porto e abriu o azevidro. Com dois dedos, tirou uma única baga minúscula, viva como sangue, apesar da luz verde de Foxen.
Auri correu até Van e deu uma olhadela no espelho. Passou a língua nos lábios e pressionou a baga contra eles, umedecendo-a da esquerda para a direita. Depois, alisou-a de um lado para outro entre o lábio superior e o inferior.
Olhou para seu reflexo. Não parecia diferente de antes. Seus lábios eram do mais pálido tom de rosa. Ela sorriu.”

Esses presentes foram dados em O Temor do Sábio, no capítulo 11.

“– Agora, levante-se. Eu tenho três coisas para você, como seria justo.
Fiquei de pé e ela me estendeu algo embrulhado num pedaço de pano. Era uma vela grossa que cheirava a lavanda.
– O que há dentro dela? – perguntei.
– Sonhos felizes. Eu os coloquei aí para você.
Revirei a vela nas mãos, enquanto se formava uma suspeita.
– Você mesma a fez?
Ela meneou a cabeça e deu um sorriso delicado.
– Fiz. Eu sou incrivelmente esperta.
Guardei-a com cuidado num dos bolsos da capa.
– Obrigado, Auri.
Ela ficou séria.
– Agora, feche os olhos e se curve, para eu poder lhe dar seu segundo presente.
Intrigado, fechei os olhos e dobrei o tronco, perguntando-me se ela também teria feito um chapéu para mim.
Senti suas mãos dos dois lados do meu rosto e então ela me deu um beijo minúsculo e delicado no meio da testa.
Surpreso, abri os olhos. Mas ela já estava de pé, a vários passos de distância, com as mãos nervosamente presas nas costas. Não consegui pensar em nada para dizer.
Auri deu um passo à frente.
– Você é especial para mim – disse, com ar sério e o rosto grave. – Quero que saiba que sempre. ”

Qual o papel de Auri nisso tudo?

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E então… Auri sorriu. Não por ela. Não. Nunca por ela. Ela devia permanecer pequena e guardada, bem escondida do mundo.
Mas por ele era outra coisa, toda diferente. Por ele Auri traria à baila todo o seu desejo. Invocaria toda a sua argúcia e a sua arte. E depois criaria um nome para ele. – A Música do Silêncio

Acredito que a ligação entre Auri e Kvothe esteja completamente entrelaçada. Ela terá um grande papel a desempenhar em As Portas de Pedra.

A relação de ambos sempre foi singular, pautada na simplicidade das coisas e na força delas. Então, acho que tudo que referir-se aos dois, será bem sutil. Até que no final, seremos agraciados com grandes momentos.

O nome Kote

Será ela quem dará a ele o nome Kote e assim ele deixará para trás, o poderoso nome Kvothe.  Com seus dotes de nomeadora, a menina dará um novo nome à Kvothe, livrando-o de todo peso de seus ombros. E assim, ele poderá usar o local seguro, o presente dado por Auri.

Qual era o antigo nome de Auri?

Em nenhum momento, nem em O Nome do Vento, nem em O Temor do Sábio, nem em A Musica do Silêncio, soubemos o nome verdadeiro de Auri.

Se levarmos em consideração minhas teorias anteriores, existe um nome guardado.

Seria esse o nome de Auri? Por que estou dizendo isso?

Porque há um nome contido em uma caixa. O nome da Lua está guardado na caixa Lackless porém, até o momento, é impossível abrir a estranha caixa.

Acho difícil o nome de Auri ser o nome da Lua. Entretanto, nada tira da minha cabeça que ela tem relação, ou terá um papel importante no mistério do nome da Lua.

Percebam que temos uma garota com uma parcela do nome de Laurian (uma Lackless de acordo com a teoria anterior). Será que isso seria o bastante para ela criar uma chave capaz de abrir a caixa Lackless?

E se essa caixa só puder ser aberta com a chave dada por Auri?

Aquela chave entregue em O Nome do Vento.

“― Uma chave ― disse, orgulhosa, empurrando-a para mim.
Aceitei-a. Tinha um peso agradável na minha mão.
― É muito bonita. O que ela abre?
A Lua ― respondeu Auri com uma expressão grave.
― Isso deve ser útil ― comentei, examinando-a.
― Foi o que achei. Assim, se houver uma porta na Lua, você poderá abri-la ― disse, sentando-se de pernas cruzadas no telhado e me dando um sorriso. ― Não que eu encoraje esse tipo de conduta imprudente. – O Nome do Vento, capítulo 53, Círculos Lentos.

Ter um pedaço de um nome seria possível, conferir-lhe determinados poderes? Se Kvothe fosse um nomeador e moldador poderoso, talvez essa minha teoria seria possível.

O papel de Auri está ligado à  lua

Seria isso uma possibilidade real ou apenas coincidência?  Se for real, temos uma garota quebrada e jogada na escuridão, tentando viver sua vida, nomeando e moldando tudo o que existe no Subterrâneo, aparecendo e desaparecendo, exatamente como Feluriana disse sobre a Lua está em constante movimento.

 não a manteve parada [a lua]. e agora ela oscila entre mortal e encantada[ os mundos]. – O Temor do Sábio, capítulo 102 – A Lua em Eterno Movimento

Essa ligação com a lua explica um pouco da personalidade de Auri, mas não o nome, nem a idade.

Idade de Auri

Algo que joga contra o fato de Auri ter relação direta com a Lua, para mim, é sua idade. Ela tem cerca de 20 anos e estudou na Universidade, não faz muito tempo.

Tanto quanto eu podia calcular, Auri era poucos anos mais velha que eu; com certeza não passava dos 20. – O Nome do Vento, capítulo 53 – Círculos lentos.

Auri cita um professor em A Música do Silêncio. O Alquimista-Mor que ainda dá aulas na Universidade.

Fitou o fogo por um instante e virou de costas. Ele queimaria por algum tempo. Era o que Mestre Mandrag sempre dissera: nove décimos da química eram a espera. – A Música do Silêncio

Então, tudo leva a crer que ela deixou os estudos na Universidade há pouco tempo atrás.

Outra questão que conversei com muitas pessoas por aqui é sobre o fato dela ser uma encantada.

Seria possível Auri ser uma encantada?

Vejamos se seria possível Auri fazer parte do mesmo mundo magnifico que Bast e Feluriana fazem parte.

“— A maior parte deles não vem a este mundo. Não gostam dele. Ele arranha sua pele, como se vestissem aniagem. Mas, quando vêm, gostam de uns lugares mais do que outros. Gostam de lugares selvagens. Lugares secretos. Lugares estranhos. Há muitos tipos de fadas, muitas cortes e casas. E todos eles são governados segundo os próprios desejos.”

“Fechando a cara, Auri o levantou, embolou aquela coisa ingrata e subiu a escada sem nome. Sentiu-se achatada e arranhada como uma velha pele de animal. Seca como papel escrito dos dois lados. Nem a implicância brincalhona do novo degrau de pedra conseguiu instilar nela um sopro de alegria.”

Essas duas passagens mostram que os encantados tem algumas características específicas. E podemos ver algumas delas em Auri. Entretanto, o ferro é o elemento que confirma que Auri não é uma encantada.

“Abaixo desse vinha o segundo emaranhado. Auri afastou com o pé um velho cano de ferro para continuar a descer, depois, ao passar, puxou uma válvula com a mão livre, mudando de velocidade e deslizando pelo espaço estreito entre dois canos de cobre da espessura de um pulso.”

Os encantados não tocam em ferro, pois isso traz dores à eles. E aqui Auri o tocou sem problema alugm. Sendo assim, parece que existem mais perguntas do que respostas.

Conclusão

O que posso afirmar é que Auri é uma nomeadora e possível modeladora. Porém, nem ela se dá conta disso, por ser alguém humilde.

Será ela quem cuidará de Kvothe e lhe dará o nome de Kote, mudando sua vida completamente.

Acredito ainda que ela é a peça principal para abrir a caixa lackless onde encontra-se o nome da Lua. E tudo isso se dá ao fato de Kvothe ter escolhido o nome Auri para ela, retirado inconscientemente do nome de sua mãe. Laurian.

Sendo assim, Kvothe tem uma poderosa aliada para enfrentar aquilo que está por trás das Portas de Pedra.

Já as outras ideias suscitadas, são apenas ideias para discutirmos por aqui. Existem muitos elementos e estou tentando levar todos em conta. Ainda pairam dúvidas sobre os rumos da trama, mas não cansarei de especular.

Acredito que esses pequenos fragmentos indicados aqui, servem como base (uma frágil base, eu admito) para essa minha teoria.

De qualquer forma, esses são os elementos que temos para trabalhar.

Entretanto não podemos descartar que seja apenas coincidência.

Porém, se tudo for simples coincidência, bem…

É uma baita simples coincidência.

E vocês o que acham?

Deixo aqui uma passagem que talvez eu venha a falar um pouco mais, no futuro.

“– Posso lhe contar histórias que ninguém jamais ouviu. Histórias que ninguém jamais tornará a ouvir. Histórias sobre Feluriana, sobre como aprendi a lutar com os ademrianos. A verdade sobre a Princesa Ariel. O Temor do sábio, capítulo 2 – Azevinho.