Essa é a segunda parte da série de post O que esperar de A Crônica do Matador do Rei?

Se você não leu o post anterior, clique no link abaixo:

Teorias Parte I – A Crônica do Matador do Rei

Mas antes de qualquer coisa…se você ainda não leu e não tem O Nome do Vento e O Temor do Sábio… Compre seu livro clicando nas imagens abaixo.

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Depois volte aqui para ler a teoria, por que não quero estragar sua leitura.

e agora vamos para a teoria…

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No post anterior eu falei um pouco sobre a teoria em relação as Portas de Pedras e a Família Lackless e muitas dúvidas surgirão e algumas coisas ficaram em aberto, eu sei.

Mas hoje não amarrarei essas pontas soltas. Falarei sobre outro assunto, e no final, ao concluir minhas suposições, tenho certeza que chegaremos próximo ao Chandriano.

Nessse post, decidi falar sobre um personagem bem diferente.

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Acho que se descobrirmos realmente quem ele é, por onde ele passa, quais são suas motivações, encontraremos um personagem que está a serviço do Chandriano.

O personagem que vou abordar hoje é o misterioso mecenas de Denna.

Primeiro vou destacar as características mais marcantes dele, acho importante para que possamos individualiza-lo corretamente.

A marca registrada dele, que podemos perceber tanto em O Nome do Vento e em o Temor do Sábio é a importância que ele dá para sua privacidade.

Privacidade

Até agora, não sabemos quem é o misterioso Mecenas de Denna.

Desde o início, quando ela contou a Kvothe ter encontrado um mecenas, Denna deixou claro que ele era um homem que gostava de privacidade, acima de tudo.

Então, a trama do livro se desenrola de tal forma, que pouco sabemos sobre esse personagem. E passamos a ter apenas alguns vislumbres de seu jeito, de suas características, e de suas motivações.

― …um cavalheiro mais velho se apresentou a mim. Conversamos, travamos  conhecimento um com o outro… ― disse ela, encolhendo os ombros e me olhando de lado, quase envergonhada. ― Tenho me encontrado com ele desde então. Se tudo continuar a correr bem, acho que ele será meu mecenas antes do fim do ano. 

― É mesmo? ― comentei, sentindo-me borrifado pelo alívio como se fosse água fria. ― Isso é maravilhoso, e já não é sem tempo. Quem é ele?

Denna abanou a cabeça, fazendo o cabelo escuro cair em volta do rosto.

Não posso dizer. Ele é obcecado com a sua privacidade. Não quis me dizer seu nome verdadeiro por mais de uma onzena. Até hoje não sei se o nome que me deu é real.  O Nome do Vento, capítulo 72 – Mordzulmo

Essa é a primeira menção sobre e ele, e há várias outras passagens em que Kvothe continua perguntando a Denna algumas informações sobre seu mecenas, mas sem sucesso.

Não repetir todas essas passagens, mas só por aqui já percebemos que ele quer manter sua identidade em sigilo.

E aí vem algo que aprendi lendo As Crônicas de Gelo e Fogo. Se o autor quer criar um mistério para o leitor, é claro que deverá haver um clímax quando o mistério for revelado. E para que esse clímax tenha algum impacto, o personagem misterioso deve ter aparecido na trama.

Sendo assim… o tal mecenas já apareceu.

Para chegarmos até ele, eu procurei destacar as caraterísticas e detalhes dele e encontrar algum personagem que tem as mesmas características.

Mas antes de falar das caraterísticas físicas e sociais, eu queria falar de uma coisa importante.

A forma violenta do mecenas de Denna

Denna já confidenciou a Kvothe que apanhou de seu mecenas e em algumas passagens em  que apareceu machucada atribuiu os ferimentos a uma queda qualquer.

Como é normal pessoas que sofrem violência e não tem coragem de assumir.

Um momento em que tenho extrema dó de Denna é quando ela quer confirmar se Kvothe bateria nela.

Ela se agitou no sono:
― Sei que você não estava falando sério ― disse com clareza.
― Falando sério sobre quê? ― indaguei, baixinho. A voz dela estava diferente,  não mais sonhadora e cansada. Perguntei-me se estaria falando enquanto dormia.
― Naquela hora. Você disse que me daria um murro e me obrigaria a comer o carvão. Você nunca me bateria ― afirmou, virando um pouco a cabeça. ― Não bateria, não é? Nem se fosse para meu próprio bem… O Nome do Vento, Capitulo 79 – Conversa Sedutora

Bem… Com essa atitude de Denna, podemos ver que seu mecenas não é um homem bom. A sugestão de que ele bate nela não para por aqui. Há relatos mais diretos ao longo da história.

― Ele não fez aquilo a troco de nada. Certificou-se de que era mesmo o que eu queria. Eu sabia que não pareceria convincente se eu mesma o fizesse. Ele se assegurou de que eu queria que fosse ele. Fez eu lhe pedir para me bater. Só para ter certeza. E ele tinha razão ― prosseguiu, sem se mexer enquanto falava.

― Mesmo assim, acharam que eu tivera alguma coisa a ver com aquilo. Se ele não houvesse me batido, tal vez agora eu estivesse na cadeia. Eles me enforcariam.

Meu estômago revirou-se, produzindo ácido. O Nome do Vento, capítulo 79 – Conversa Sedutora

E novamente os dois voltam nesse assunto, em O Temor do Sábio, e Denna deixa escapar mais um incidente.

– Denna, ele bateu em você a ponto de deixá-la desacordada.
Ela ficou muito quieta.
Não – protestou. Sua mão correu para a mancha já esmaecida no rosto. 

– Não bateu, não. Eu lhe disse. Eu caí quando estava cavalgando. O idiota do cavalo não sabia diferenciar um graveto de uma cobra.

Estou falando do outono passado, em Trebon – insisti, meneando a cabeça. O Temor do Sábio, capitulo 64 – Fuga

Bem, até agora temos um homem que procura sempre se manter oculto e tem um prazer mórbido em violência.

Com essas características apenas, eu não consegui chegar a nenhuma conclusão. Se eu tivesse que escolher, apenas com essas informações, eu diria que o mecenas de Denna é o pai de Ambrose. Mas muita coisa não se encaixa.

Acontece que há muitas outras informações sobre o mecenas, espalhadas pelo livro, levam a crer que é outro personagem.

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Um homem que está bem próximo de Kvothe.

Características do mecenas de Denna

Continuando a busca por mais evidências, tentei separar todos os momentos em que temos a descrição física do mecenas e informações sobre o lugar onde ele se relaciona, e as pessoas com quem ele se relaciona.

― Ela não é mesmo o tipo de garota que passe muito tempo sozinha… ― disse, lançando um olhar simpático. ― Dispensou alguns, mas acabou saindo com um sujeito. Acho que não estava realmente com ele, se você entende o que quero dizer. Ela anda procurando um mecenas, e esse sujeito tinha aquele tipo de aparência. Cabelos brancos, rico, você conhece o tipo. O Nome do Vento, capitulo 66 – Volátil

Então o mecenas é um homem de meia idade e rico.

Há uma passagem em que Denna está com Kvothe e ela cita que seu mecenas tem negócios com o Maer.

Sendo assim ele é do círculo de amigos do Maer. Faz parte da Corte de Alveron.

– A verdade é que tenho certa desconfiança de que a música é para o próprio Alveron. O Mestre Freixo deixou implícito que tem negócios com o maer. – Deu um sorriso malicioso e acrescentou: – Quem sabe? Circulando nas rodas em que circula, talvez você já tenha conhecido o meu mecenas sem nem saber disso.  O Temor do Sábio, capitulo 73 – Sangue e Tinta

As informações vão se tornando cada maiores, e conseguimos diminuir o número de “suspeitos”.

Será que Kvothe já o viu? Isso foi um dos motivos que eu comecei a procurar as pessoas que se relacionaram com Kvothe.

Há mais uma informação sobre ele que aprece bem jogada ou sem muita importância, mas é uma evidencia interessante de ser citada.

– O que você pode me dizer sobre ele?
Denna bateu com um dedo nos lábios, pensativa.
Ele dança surpreendentemente bem. Acho que isso eu posso dizer, sem nenhuma traição. É muito gracioso – continuou e riu da expressão que fiz. O Temor do Sábio, capitulo 64 – Fuga.

 Enfim… essas foram as informações que eu consegui colher sobre o mecenas de Denna e cheguei a uma conclusão.

E só cheguei nessa conclusão quando li o capítulo em que Kvothe conversa com Chtaeh, a “árvore-spoiler”.

Ele bate nela, sabe? O mecenas. Não o tempo todo, mas com frequência. Às vezes, numa explosão de raiva, mas é quase sempre um jogo para ele. Até onde pode ir sem que ela chore? Até onde pode forçar a mão antes que ela tente partir e seja preciso seduzi-la de novo?

Há dois dias – prosseguiu –, ele usou a bengala. Essa foi novidade.

Essas duas informações foram extremamente importantes.

A bengala e o jogo.

Bem… então quem seria rico, influente, faria parte do círculo de amigos do maer, tem cabelos brancos, dança bem, gosta de jogos e usa bengala?

Chegamos a um homem. Bredon.

Bredon

O homem que visita regularmente Kvothe em seus aposentos na casa do Maer, em Severen.

Lembram dele?

CONHECI BREDON NO MEU quarto dia em Severen. Era cedo, mas eu já andava de um lado para outro em meus aposentos, quase louco de tédio. Fizera o meu desjejum e ainda faltavam horas para o almoço. O Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro

Percebam as evidências…

Por isso, foi uma grande surpresa deparar com aquele cavalheiro mais velho, parado do lado de fora do quarto. Obviamente um nobre, mas não anunciado nem convidado.

– Pode me chamar de Bredon – disse ele, fitando-me nos olhos. – Sabe jogar tak? O Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro

Bredon é um nobre de Vintas, e ao que tudo indica tem uma grande influência na corte.

E mais informações tornam a teoria mais crível.

Bredon era mais velho. De modo algum chegava a ser idoso, mas o que considero idade de avô. Suas cores nada tinham de cores, eram mero cinza como freixo e negro como carvão. O cabelo e a barba eram de um branco puro, cortados no mesmo comprimento, criando uma moldura para o rosto. Sentado ali, espiando-me com seus vivos olhos castanhos, ele me lembrou uma coruja. O Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro

 E…

Tornou a me olhar diretamente nos olhos. – Agora tenho gostos mais simples. Viajo. Gosto de vinhos e de conversar com pessoas interessantes. Estou aprendendo a dançarO Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro

As viagens de Bredon dão força aos vários lugares que ele encontrou-se com Denna em Trebon e Severen. E ele dizer que está aprendendo a dançar, e Denna diz que ele dança bem, é uma informação muito sutil que tenho certeza que Pat Rothfuss quis deixar plantada.

Bredon baixou o queixo e deu um risinho gutural, lembrando ainda mais uma coruja que de hábito.

– Posso imaginar – disse, segurando o anel de prata. – Isto aqui conta uma história e tanto. Mas esse… – apontou com a bengala para o anel branco – esse é uma coisa completamente diferente… O Temor do Sábio, capitulo 65 – Um Belo Jogo

Então temos a confirmação dos cabelos, sabemos que ele é rico e poderoso, tem acesso a corte do Maer Alveron, dança e usa bengala.

Mas o mais interessante é o modo como ele fala. Tudo parece um jogo. Esse é um personagem que dará trabalho para Kvothe. Ele tem um modo intrigante de falar e de mostrar que está a todo momento jogando.

 Deu outro sorriso caloroso e bateu com o nó de um dos dedos no tabuleiro.

– Também nisso há certa verdade – disse Bredon, enquanto começava a dispor as pedras. Seus olhos castanhos e curiosos tornaram a sorrir para mim. – Ah, sim, creio que vou me divertir bastante jogando com você. O Temor do Sábio, capítulo 57, Um Punhado de Ferro

Quais os objetivos de Bredon, o Mecenas de Denna?

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– Ele não é apenas sigiloso, Denna – protestei. – Pelo modo como você o descreveu, eu diria que é paranoico ou está metido em negócios escusos. O temor do Sábio, capítulo 64 – Fuga

Eu acredito que ele trabalhe para o Chandriano.

Lembram que Denna tocou em um casamento, e logo depois que seu mecenas apareceu,  o Chandriano apareceu e acabou com tudo?

― Ele é a razão de eu estar aqui. Disse-me para aparecer nesse casamento. É muito mais rural do que eu esperava, mas… ― Tornou a dar de ombros, num comentário silencioso sobre os desejos inexplicáveis da nobreza. ― Eu esperava que meu futuro mecenas estivesse presente…

[…] ― Toquei antes da cerimônia de casamento e voltei a tocar quando eles se preparavam para a ceia. Fiquei esperando que o meu… ― interrompeu-se, com um sorriso pálido ― …que Mestre Freixo aparecesse.

[…]

― Ele tem um jeito de fazer sinais. De me deixar saber que está perto. Pedi licença e o encontrei perto do celeiro. Fomos andar um pouco pelo bosque e ele me fez perguntas. Quem estava presente, quantos eram, que aparência tinham.

[…]

Denna encolheu os ombros:
― Passeamos por cerca de meia hora, conversando. Depois ele ouviu alguma coisa e me disse para esperá-lo. Saiu em direção à casa da fazenda e ficou muito tempo ausente.

[…]

― Enfim, achei que tinha ouvido gritos e voltei andando para a fazenda. Quando saí de trás de uma penha, decididamente ouvi uma gritaria. Então cheguei mais perto e senti cheiro de fumaça. E vi a luz do fogo por entre as árvores…

― E de que cor era o fogo? ― perguntei, com a boca meio cheia de maçã. Denna me lançou um olhar incisivo, com a expressão subitamente desconfiada. ― Por que você está me perguntando isso?

[…]

― E o fogo?

Ela hesitou.

― Azul.

O Nome do Vento, capítulo 71 – Estranha Atração

Viram? Ele está a trabalho do Chandriano.

Ele colocou Denna naquele casamento para que pudesse lhe dizer exatamente quem eram as pessoas que estavam ali, depois a deixou, e provavelmente avisou o Chandriano, que apareceu e chacinou toda a família. 

 

A Música de Denna

Denna

Outro fato interessante que comprova mais uma vez o interesse ou contato dele com o Chandriano é a música que ele ajudou Denna a compor.

– Tive de montá-la com base em uma centena de pequenos fragmentos – explicou, com um gesto conciliador. – Eu e o meu mecenas, devo dizer. Ele ajudou.

Essa música culminou na briga de Denna e Kvothe por que ambos tinham visões diferentes sobre a música.

Denna teve acesso e ajuda de seu mecenas, e o produto final cita Lanre como um herói injustiçado…

– Encontrei uma versão da história num livro antigo, quando fazia uma pesquisa genealógica para o meu mecenas. Quase ninguém se lembra dela, o que a torna perfeita para uma música.

… uma versão bem diferente daquela que Kvothe ouve em Tarbean.

Mas, antes que 10 versos lhe saíssem dos lábios, fiquei pasmo por outras razões. Denna cantava a história da queda de Myr Tariniel. Da traição de Lanre. Era a história que eu ouvira de Skarpi, em Tarbean.

Mas a versão de Denna era diferente. Em sua canção, Lanre era pintado em cores trágicas, era um herói injustiçado. As palavras de Selitos eram cruéis e contundentes; e Myr Tariniel, um labirinto humano que mais mere- cia a fogueira da purificação. Lanre não era um traidor, mas um herói vencido. o Temor do Sábio, capítulo 73- Sangue e Tinta

Essa versão mostra Lanre como um bom homem… e quem mais teria intenção em mostra Lanre como um herói?

Pessoas que acreditem na causa do Chandriano e o próprio Chandriano.  Uma vez que Lanre é o próprio Haliax.

Já não sou o Lanre que conheceste. A mim pertence um novo e terrível nome. Sou Haliax, e nenhuma porta é capaz de barrar minha passagem. Está tudo perdido para mim: nem Lyra, nem a doce fuga do sono, nem o abençoado esquecimento; até a loucura foge ao meu alcance. A própria morte é uma porta aberta para meu poder. Não há como escapar. O Nome do Vento, capítulo 24 – As Próprias Sombras

E é aqui que termina meu post, e no próximo trataremos mais sobre  Lanre/Haliax e o Chandriano. Também abordarei a suposição que tenho sobre o interesse de Bredon no maer Alveron e em Kvothe.

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