Mais uma vez falaremos de Homem-Animal, de Grant Morrison e da cervejaria Anderson Valley. Se é sempre muito bom falar sobre a cervejaria, o herói e o roteirista que estão no meu TOP 5… Imaginem falar sobre tudo isso, em um mesmo post.
Não é a primeira vez que tento harmonizar esses três elementos. Da última vez, o resultado foi muito bom e quis repetir, com algumas alterações.
Espero que dê certo.
O encadernado Homem-Animal – Deus Ex Machina pode ser encontrado nas bancas de jornais e lojas especializadas em quadrinhos. Foi lançado no mês passado, então ainda está em circulação.
A Anderson Valley Heelch O’Hops e muitas outras cervejas da Anderson Valley, você encontra na nossa parceira MyBestBeer.
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História em Quadrinhos do dia – Homem-Animal “Deus Ex Machina”
Editora – Vertigo
Editora no Brasil – Panini
Roteiro – Grant Morrison
Desenho – Chas Truog, Paris Cullen
Arte-Final – Doug Hazlewood, Mark Farmer, Steve Montano
Cores – Tatjana Wood
Publicação original – 1989 a 1990
Publicação no Brasil – 1990 a 1991 (em março de 2016, lançaram uma encadernado)
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Rótulo do dia – Anderson Valley Heelch O’Hops
País de Origem – EUA
Estilo – Double IPA
Volume – 355 ml
Teor alcoólico – 8,7%
Cervejaria – Anderson Valley
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O que devemos saber sobre a HQ?
Lá na década de 90, a crítica aclamava o desfecho da fase de Grant Morrison em Homem-Animal. E até hoje Deus Ex-Machina é citada quando se fala de metalinguagem nos Quadrinhos.
Esse encadernado traz as 9 últimas histórias de Homem-Animal (Animal Man 18 – 26), escritas por Grant Morrison. São eles: Brincando nos Campos do Senhor, Uma Nova Ciência da Vida, O Último Inimigo, Garra e Dente, Tempo Engarrafado, Crise, Dia da Purificação, Macacos à Obra e Deus Ex-Machina.
Hoje falarei especificamente da última revista desse compilado, (Animal Man 26), a mesma que dá nome ao encadernado.
O que devemos saber sobre o rótulo?
Quem acompanha a série Um Quadrinho, uma Cerveja já conhece um pouco sobre a cervejaria Anderson Valley.
O rótulo de hoje traz um estilo ainda não abordado aqui no Drunkwookie, entretanto, podemos imaginar o que vem pela frente. Hoje falaremos de uma Double IPA.
Para quem não sabe, IPA significa India Pale Ale. Esse estilo de cerveja surgiu após cervejarias inglesas adicionarem muito lúpulo para conservar as ales que eram mandadas para os soldados britânicos, na Índia. O lúpulo é um conservante natural, porém ele é responsável pelo amargor na cerveja. Agora, imaginem uma Double IPA.
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Homem-Animal “Deus Ex Machina” e Anderson Valley Heelch O’Hops
Algo terrível aconteceu com a família do Homem-Animal. Porém, esse não é o fato mais impactante da história. Na verdade, a morte de seus filhos e de sua esposa, não chega nem perto de ser o ápice dessa trama.
A HQ inicia com Buddy Baker frente à frente com seu roteirista. Sim, ele se encontra com o próprio Grant Morrison.
Quando um herói se encontra com o roterista de sua história mensal, você percebe que não tem em mãos algo comum. Não é todo dia que você vê algo assim, mesmo no Universo Ficcional dos Quadrinhos.
Garanto que isso é algo totalmente inesperado. Positivamente inesperado.
Com a Heelch O’Hops temos a mesma sensação, um inesperado positivo. Não é todo dia que experimento uma cerveja como esta.
O porquê da cerveja ser chamada de Double IPA, é entendido imediatamente. Essa adição extra de lúpulo acentua o amargor da cerveja e também o aroma. Paladar e olfato são os sentidos que mais se beneficiam com uma cerveja desse estilo.
Para os adoradores de lúpulo (assim como eu), essa cerveja promete agradar. Foi um começo muito bom. Acho que as surpresas funcionaram bem em conjunto e já vejo uma cerveja que, ao que tudo indica, promete uma harmonização perfeita, desde o primeiro gole.
A história continua e é muito interessante perceber o estarrecimento do herói, ao descobrir a verdade por trás de sua vida.
Grant Morrison explica para Buddy que está escrevendo sua história há um bom tempo, e que aquela, seria a última edição.
O Homem-Animal, claro, não acredita em tamanha loucura. É impossível conceber que existe alguém acima dele, escrevendo seu destino. Como alguém acreditaria nisso?
Isso tudo… O mundo todo… São só histórias?
A Heelch O’Hops é uma cerveja que atinge de forma contundente seus sentidos. O amargor presente e o alto teor alcoólico, são os ingredientes necessários para entrar nessa brincadeira de metalinguagem e abordagem nem um Quadrinho.
A trama da HQ se aprofunda e há um debate filosófico entre como o mundo dos quadrinhos é bem mais simples que o mundo real.
Entende que o seu mundo é bem mais simples que este? O seu pode sofrer invasões alienígenas ou desastres planetários que tudo bem, pois tudo volta a ser uma beleza.
Morrison também entra em um assunto bem atual. Ele nos mostra que não existe heróis imutáveis, não existem verdadeiras histórias de determinado personagem.
As histórias, os vilões, os heróis podem ser qualquer coisa, qualquer coisa que o roteirista desejar. Muito do roteirista (suas vivências e experiências) estão refletidas ali, naquele personagem.
Há um momento muito engraçado, quando o Homem-Animal diz que é vegetariano, e Grant Morrison diz: Eu sou vegetariano. E usei você para passar uma mensagem.
Acho esse um debate bem atual, levando em consideração as discussões recentes sobre a perda da essência do Superman nos cinemas.
A vida não tem enredos e subornados e desfechos, É uma grande monte de pontas soltas e tramas suspensas que nunca são explicadas.
O álcool combina perfeitamente com o lúpulo e perfeitamente com o debate de escritor e obra. Esse é o ponto alto da harmonização.
No meio de todo esse discurso e essa conversa insana, o Homem-Animal pede para Grant Morrison trazer sua família de volta, já que tudo depende apenas dele querer e escrever.
Porém, Grant Morrison não acha que seria realista trazer a família dele de volta.
Ver o Homem Animal entre a vida e a morte, enquanto Morrison agradecem seus editores, seus fãs e muitas outras pessoas que o ajudaram a estar ali, é demais.
O desfecho é aquilo que esperávamos. O final da Anderson Valley Heelch O’Hops, também. Uma cerveja perfeita para quem é fanático por lúpulo.
Veredicto Drunkwookie
Nota da HQ
Nota do Rótulo
Nota da Harmonização
Conclusão
Grant Morrison é um roteirista extremamente competente. Há muitos que amam, outros que o odeiam. Mas a realidade é que ele está entre os roteiristas mais influentes da atualidade. E esse trabalho é da década de 90. Quase 30 anos se passaram, e a história ainda é atual, ousada e chama você para o debate.
O que realmente é uma História em Quadrinho? Até onde ela é fantasia? Onde termina a fantasia onde começa a realidade?
Se um roterista é capaz de falar pela boca de um herói, como não entender que há elementos reais ali, naquelas páginas?
Talvez seja o Heelch O’Hops falando por mim. Os 8,7% de álcool foram impactantes no final da HQ.
Mais uma Anderson Valley que demonstra a seriedade da cervejaria. Eles fazem cervejas extremamente bem feitas. Vale a pena tomar cada uma delas.
É simplesmente sensacional a experiência. Tanto de ler essa HQ quanto de tomar essa Double IPA.
Ambas são únicas e devem ser apreciadas. Digo que esse é um dos melhores momentos de toda a “vida” do Homem-Animal, nos Quadrinhos. E tenho certeza que não teria melhor cerveja para acompanhar.
Há muitos rótulos da Anderson Valley, e ainda há outros encadernados do Homem-Animal.
Vocês verão eles juntos novamente, uma ou duas vez mais.
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