Meu estandarte estava atrás de mim, e atrairia homens ambiciosos. Eles queriam minha caveira como uma taça para beber, meu nome como troféu. Olhavam-me enquanto eu os olhava, e viam não um homem coberto de lama, mas sim um senhor de guerra com um elmo que tinha um lobo na crista, braceletes de ouro, malha de elos apertados e um manto azul-escuro com bainha de fios dourados e uma espada famosa por toda a Britânia. Bafo de Serpente era famosa, mas mesmo assim eu voltei a embainhá-la, porque uma espada longa não ajuda no abraço da parede de escudos. Em vez disso peguei Ferrão de Vespa, curta e mortal. Beijei sua lâmina e em seguida gritei meu desafio ao vento de inverno.
– Venham me matar! Venham me matar!
E eles vieram.
As Crônicas Saxônicas – Morte dos Reis, página 326
Se escrever sobre a obra de Martin sempre me fez pensar duas vezes antes de tentar, escrever sobre a obra de Bernard Cornwell, me deixa com um receio ainda maior.
Foi Bernard Cornwell que sedimentou minha paixão pelos livros. E isso não é um exagero.
Já até havia falado sobre ele no post 10 livros que marcaram minha vida
É verdade que antes dele, eu já conhecia muita coisa.
Era fã de Tolkien, C.S Lewis, Lewis Carrol e acima de tudo isso, estava mergulhado no mundo de D&D e dos quadrinhos.
Mas foi com a obra de Cornwell que eu tive a certeza de que um livro era algo que poderia me trazer toda felicidade, no que se refere a entretenimento.
Eu não me lembrava de já ter estado há tanto tempo sem uma espada desde a infância. Isso fazia com que um homem se sentisse nu. Excalibur, página 452
O Wyrd
Bernard Cornwell fala muito sobre destino em seus livros. o famoso WYRD.
Para quem não conhece, wyrd é um conceito anglo-saxão, que se refere ao destino pessoal. Um conceito que tem suas raízes no paganismo.
Em suma, tudo sobre a sua vida está escrito. E você não consegue fugir de seu destino.
Vocês verão a frase: Wyrd Bið Ful Aræd (O destino é inexorável), em algumas obras dele, por diversas vezes.
isso é interessante, pois é exatamente por uma questão de wyrd, que o responsável por me apresentar a obra de Bernard Cornwell foi meu amigo Bruno Del Rey (que hoje é meu sócio no Estúdio UDES) e que, por sua vez, conheceu Cornwell por intermédio de seu amigo Elton Padeti (que hoje também é meu sócio no Estúdio UDES).
Tudo isso em 2003, se não me engano. Há mais de 10 anos atrás. Uma época quando sonhávamos com espadas, paredes de escudos, guerras, hidromel, ales escuras e glória. Não que isso tenha mudado muito nos dias atuais, mas… ficamos mais responsáveis… quero acreditar.
Bem… Quando comecei a ler O Rei do Inverno, o ímpeto de adolescente me fez questionar imediatamente a habilidade de Tolkien em descrever batalhas e Cornwell passou a ser o meu mentor, e eu sempre pensava:
Ele sabia escrever e um dia eu escreveria como ele.
Talvez essa é a importância mais marcante que Cornwell teve na minha vida. Aliado também ao fato de ter estreitado ainda mais meus laços de amizade com aqueles que gostavam desse tipo de literatura.
A obra de Bernard Cornwell é apaixonante por que ele escreve de uma forma franca, direta e pouco fantasiosa. É um algo que ele se propõem a fazer, e domina essa técnica com maestria.
E o modo como ele descrevia armaduras, espadas, homens, mulheres e batalhas. Tudo muito direto. Verossímil.
Toquei Bafo de Serpente de novo e me pareceu que ela teve um tremor. Algumas vezes eu achava que a espada cantava. Era um canto fino, apenas entreouvido, um som penetrante, a canção da espada que desejava sangue; a canção da espada. As Crônicas Saxônicas – A Canção da Espada, página 20
Foi uma agradável surpresa quando vi que Artur era justo mas implacável. Que a magia de Morgana e Merlin não passavam de truques de mágica, que fascinavam os menos esclarecidos.
Os personagens eram humanos. Tinham qualidades e defeitos. Eram quase palpaveis.
E as batalhas?
Gloriosas! Ele descreve o júbilo da batalha de forma épica e te transporta para a guerra. Você se sente prensado em uma parede de escudos. Cansado no sexto golpe de uma espada larga. Você também escorrega na lama, nas poças de saunge e tripas espalhadas pela planície.
Aquele júbilo, aquela loucura. Os deuses deviam sentir-se assim em todos os momentos durante todos os dias. É como se o mundo ficasse mais lento. Você vê o atacante, vê que ele está gritando, mas não ouve nada, e sabe o que ele fará, e todos os movimentos dele são muito lentos e os seus são muito rápidos, e nesse instante você não pode fazer nada errado, você viverá para sempre e seu nome será gravado no céu numa glória de fogo branco porque você é o deus da batalha. As Crônicas Saxônicas – Morte dos Reis, página 360
Pode parecer apenas uma descrição de fã…mas não é. Voces precisam ler, e saberão sobre o que estou falando.
Um ódio terrível cresce na batalha, um ódio que vem da alma negra para preencher os homens com uma raiva feroz e sangrenta. Alegria também. Eu sabia que a parede de escudos saxã iria se romper. Sabia muito antes de atacá-la. A parede era fina demais, tinha sido feita muito às pressas, e estava nervosa demais, por isso saí de nossa primeira fila e gritei meu ódio enquanto corria para o inimigo. Nesse momento eu só queria matar. Não, eu queria mais, queria que os bardos cantassem sobre Derfel Cadarn no Mynydd Baddon. Queria que os homens me olhassem e dissessem: ali está o guerreiro que rompeu a parede no Mynyd Baddon, queria o poder que vem da reputação. Uma dúzia de homens na Britânia tinha esse poder; Artur, Sagramor e Culhwch figuravam entre eles, e era um poder que suplantava todos os outros, menos o do rei. O nosso era um mundo em que as espadas davam status, e esquivar-se da espada era perder honra, por isso corri na frente, com a loucura enchendo a alma e a exultação dando-me um poder terrível enquanto escolhia minhas vítimas. Excalibur, página 291
O modo como ele mostra o paganismo e o cristianismo naquela época, (e claro, há uma propensão maior em falar do paganismo de uma forma mais bela) é muito interessante. Eu adoro os ensinamentos de Merlin.
Merlin é um crítico mordaz e com um humor tão sarcástico que me dá alegria.
– Não seja estúpido, Derfel – reagiu Merlin impaciente. – Os druidas não têm permissão de escrever nada, é contra as regras. Você sabe disso! Assim que você escreve alguma coisa ela se torna fixa. Vira dogma. As pessoas passam a discutir a respeito, ficam autoritárias, referem-se aos textos, produzem manuscritos, discutem mais e logo estão matando umas às outras. Se você nunca escreve nada, ninguém sabe exatamente o que disse, de modo que sempre pode mudar. O Rei do Inverno, página 318
Depois de O Rei do Inverno, devorei O Inimigo de Deus e Excalibur.
E então, como podem ver na imagem lá em cima que eu nunca mais parei de ler Cornwell. Na sequencia passei para a trilogia de A Busca do Graal.
O Arqueiro, O Andarilho e O Herege foram lidos vorazmente. Dali para frente nunca quis ter outro personagem nas sessões de D&D que não fossem um arqueiro.
– Por isso eu fico de olho aberto e com as flechas afiadas. A Busca do Graal – O Andarilho, Página 168
Com o tempo, claro que fui lendo outras coisas que não fossem Cornwell, mas sempre que ele lançava um livro eu corria para comprar.
O Condenado, O Forte, Azincourt, 1356, Stonehenge (que é um livro com um ritmo totalmente diferente, mas igualmente épico, e deve ser lido)… Alguns eu achei fracos, como é o caso de 1356 e O Forte. Mas em sua grande maioria, os livros de Cornwell são ótimos.
E foi há pouco menos de 10 anos atrás, mais precisamente em 2006, que li o primeiro livro de As Crônicas Saxônicas, o livro chamado O Último Reino.
E até hoje estou acompanhando essa série com muita vontade de saber se Uthred conseguirá conquistar aquilo que sempre sonhou.
As Crônicas Saxônicas
Logo no primeiro capítulo você conhece Uthred e sabe que aquele é o personagem que você passará a amar no decorrer de sua vida.
Tentarei entrar bem pouco na trama do livro, mas por se tratar de um romance de um evento histórico que se passou na Inglaterra, é difícil não deixar escapar alguns spoilers, pois a maioria sabe sobre os acontecimentos nessa época.
Bem.. o livro trata sobre a invasão dinamarquesa às terras inglesas, que na época não tinha esse nome.
Historicamente, tudo começou com a invasão em um mosteiro em Lindisfarne, na Nortumbria.
E essa saga cobre os relatos históricos que contam o inicio da Era Viking na Inglaterra, e toda a trajetória de Alfredo, o rei que se autoproclamou Rei dos Anglo-saxões.
Assim seguiremos junto a Uthred que jurou retomar as terras e a fortaleza de Bebbanburg que eram de seu pai, usurpada por seu tio.
Porém, a história passa desde a infância de Uthred e, logo no início da narrativa, ele é pego pelos dinamarqueses e feito prisioneiro. E é a partir daqui que conheceremos os tão “temíveis” vikings.
É uma continuação das Crônicas de Artur?
Uma vez me perguntaram isso. E a resposta que dei foi: Não e Sim.
Não, pois não é uma continuação propriamente dita.
Nenhum personagem das Crônicas de Artur aparecem aqui, pois ela se passa por volta de 500 depois de Cristo, e As Crônicas Saxônicas se passam por volta de 800 depois de Cristo.
Mas uma coisa interessante, que faz sentido traçarmos um paralelo é que os inimigos de Artur, em 500 d.c são os saxões. E são exatamente os saxões que estão na Inglaterra e enfrentam os Vikings.
Sendo assim, historicamente as Crônicas Saxônicas é continuação das Crônicas de Artur, pois os saxões são o povo que invadiu a Inglaterra e, depois de 3 séculos precisam defende-la da invasão nórdica.
Por que vale a pena ler As Crônicas Saxônicas?
Primeiro por ser uma série escrita por Cornwell.
Depois, acredito que valha a pena ler pois essa é uma série em que temos um dos protagonistas mais carismáticos da história.
E existe um elemento dentro da trama de Cornwell que nos faz ver a fundo o dia a dia dos dinamarqueses.
A reputação é tudo, e é a única coisa que sobrevive em nossa viagem ao Valhalla, e o homem que me matasse ganharia reputação. E assim, à luz agonizante do dia, eles se prepararam para nos atacar. As Crônicas Saxônicas – Morte de Reis, pagina 71
Personagens e fatos históricos romanceados
E enquanto houver um reino nesta ilha varrida pelo vento, haverá guerra. Portanto não podemos nos encolher para longe da guerra. Não podemos nos esconder de sua crueldade, de seu sangue, do fedor, da malignidade ou do júbilo, porque a guerra virá para nós, desejemos ou não. Guerra é destino, e o destino é inexorável. As Crônicas Saxônicas – A Canção da Espada, página 23
Cornwell é fanático por mapas históricos e por História também. Todos seus romances seguem, na medida do possível, fatos reais. E em todos seus romances existem guerras históricas que são abordadas.
Então, essa é a oportunidade de se aprender História lendo um romance extremamente bem feito.
E se você assiste a série Vikings, ou se você teve contato com algum livro que fala sobre a Era Viking, com certeza você ja ouviu falar de Ragnar Lothbrok. E ele está aqui no livro, e tem uma importância fundamental na vida do nosso protagonista Uthred.
Podemos ver todo o desenvolvimento do rei Alfredo, e perceber que ele era um homem com medos e defeitos.
Temos Ivar Sem-Ossos, que também é uma figura importante na história Nórdica (figura essa que que a série Vikings está abordando, mas de uma forma diferente, mas ricamente chocante e interessante).
Temos Ubba, que também é citado na história escandinava. Enfim… há muitos personagens históricos dentro dessa saga épica, e é interessante ver como eles interagem na historia contada por Cornwell.
E também há personagens que não são históricos, mas ganham nossos corações, assim que aparecem, como é o caso de Ravn, o skald (o “bardo dinamarquês”).
E claro, que não podia deixar a existência real de Bebbanburg, a fortaleza inexpugnável que Uthred sempre cita. Ela fica na Nortumbria.
A narrativa de Cornwell é ótima
Cornwell está tão habituado com a técnica narrativa que escolheu, que ele se tornou um exímio escritor.
Eu gosto da narração em primeira pessoa, onde o personagem conta o seu passado. E Cornwell manda tão bem que há momentos em que ele consegue nos enganar e nos faz temer pela morte do protagonista. Sim, o mesmo que está contando a história.
Foi assim com Derfel em As Crônicas de Artur, e é assim com o querido Uthred de Bebbanburg.
Até hoje não encontrei nenhum autor capaz de descrever uma batalha com a sensibilidade e visceralidade que Cornwell consegue.
É como eu disse, você entra dentro da batalha. Você odeia junto com o protagonista, você briga por sua causa, entende suas mudanças de ideologia.
Enfim… Um dos poucos artistas que conseguem prender minha total atenção no momento da leitura.
Podem esperar uma narrativa corrida, sem enrolações, com dezenas de momentos épicos. Mesmo sendo uma série com (até o momento) 08 livros, você lê eles de uma forma tão fluida, que não dá para acreditar que são 8 livros.
Bem diferente do ritmo dos livros de Tolkien e Martin, Cornwell prima pela rapidez da narrativa, e a descrição impecável das batalhas.
Se alguém já leu Conn Iggulden, se apaixonará por Bernard Cornwell.
Paganismo x Cristianismo
Sem entrar no mérito religioso, todos nós sabemos que os séculos que vieram após o nascimento de Cristo trouxeram a questão da fé no cristianismo de uma maneira muito forte.
Entre os dinamarqueses, que cultuavam os deuses escandinavos e até mesmo entre alguns saxões que se apegavam as religiões bretãs e as galesas, o Cristianismo era algo estranho.
Então teremos muitos embates entre os cristãos e os pagãos. Isso é algo que me fascina. Esse embate, e o modo de exteriorizar a fé, seja pagã, seja cristã.
Os rituais pagãos, as imposições cristãs, trazem momento interessantes por toda a trama.
Obs:. Quem se interessa por esse tema, (paganismo), existe um livro muito interessante (Não, não ensina estripulias wicca) que vale a pena ser lido Os Druidas – Os Deuses Celtas em Formas de Animais. Esse é um livro histórico escrito por H. D’arbois de Jubainville sobre os druidas e o paganismo. Bem interessante. E fala um pouco sobre a história da Inglaterra. Antes mesmo de Artur.
VIKINGS e Paredes de Escudo
Se nenhum dos motivos dito anteriormente te deixou empolgado para ler As Crônicas Saxônicas, eu digo para vocês: No livro há Vikings! No livro há dracares magníficos! Não há nada mais empolgante me um livro do que vikings (pelo menos eu acho).
O modo como Cornwell nos apresenta a cultura escandinava é fenomenal. Se você acha que por assistir Vikings voce já sabe o que acontecerá nessa saga, eu digo: Não. Você não saberá.
Leia o livro pois ele difere da série em vários pontos.
Essa passagem a seguir, traz um pouco da essência narrativa de Cornwell.
Seus homens gritavam insultos, batiam com as armas nos escudos e avançavam lentamente, alguns passos de cada vez. Os saxões e anglo orientais do exército inimigo estavam sendo encorajados por seus padres, enquanto os dinamarqueses invocavam Thor ou Odin. Meus homens estavam na maioria silenciosos, mas acho que faziam piadas para encobrir o medo. Corações batiam mais rápido, bexigas se esvaziavam, músculos tremiam. Essa era a parede de escudos. As Crônicas Saxônicas – Morte de Reis, página 356.
A descrição dos barcos vikings é um show a parte. Os escudos deixados ao lado para mostrar o número de guerreiros dentro da embarcação, a descrição das bestas na proa… Enfim… Um show a parte…
BBC está produzindo um série de As Crônicas Saxônicas
Bem… esse não seria um motivo para eu ler um livro, mas acho legal quem passa a ter interesse em ler quando sabe que uma série inspirada em uma obra será feita.
Uthred de Bebbanburg
Acredito que esse seja o motivo mais importante para se ler a saga.
Era o destino que me impelia. O ano era 878, eu tinha 21 anos e acreditava que minhas espadas poderiam me dar o mundo inteiro. Eu era Uhtred de Bebbanburg […] As Crônicas Saxônicas – Os Senhores do Norte, página 31
Ainda que eu deva confessar, que tenho um carinho incondicional por Derfel (o protagonista de As Crônicas de Artur), Uthred é demais!
Acompanharemos ele desde seus doze anos, até sua velhice. E isso é muito legal!
Veremos ele em rota de colisão… ora com ingleses, ora com dinamarqueses…. e chegará um momento que o protagonista é uma amalgama de tudo o que vemos, e ele nos representa dentro daquela história. Por que não existe um leitor, homem ou mulher, que não irá se identificar com Uthred de Bebbanburg.
Bem… ler Cornwell é o mais proximo daquela epoca que poderíamos estar. Não há fantasia, não há mentiras. Ele mostra como aquela época era fria, injusta e inexorável.
– Use a ponta, garoto. Use sempre a ponta. Mata mais rápido. – Ele estocou, fazendo-me apará-lo desesperadamente. – Se você está usando o gume da espada significa que está em campo aberto. A parede de escudos foi rompida, e se a parede de escudos que foi rompida é a sua, então você é um homem morto, não importa que seja bom com a espada. Mas se a parede de escudos se mantém firme isso significa que você está de pé ombro a ombro e não tem espaço para girar a espada, só para estocar.
Conclusão
As Crônicas Saxônicas é uma saga que tem tudo o que Bernard Cornwell sabe fazer de melhor.
E é tudo o que todo fã da Idade Média gosta. Paredes de escudos, batalhas, intrigas, castelos, chuvas e sangue.
Se você está assustado com o tamanho da saga, fique tranquilo. A leitura flui muito bem. E você nunca se verá em uma grande trama política. Tanto, que após algum tempo, você consegue imaginar o que está para acontecer, e quase sempre acertará.
Resumindo… é uma saga ótima para acompanhar…
E caso você interesse pela cultura viking, eu aconselho assistir a série da History Channel, e também convido vocês a lerem as Edda Poéticas ou Edda em versos. É uma coleção de poemas nórdicos, que trazem lendas dessa cultura, e até mesmo alguns fatos do dia-a-dia.
Vale a pena ler.
Antes de terminar gostaria de agradecer imensamente Vagner Stefanello, dono do sensacional blog Desbravando Livros.
E todas as citações contidas nesse post tiveram a grande ajuda dele. Agradeço mais uma vez a ajuda, pois foi graças a isso que esse post relâmpago fui feito e publicado!
Quer comprar?
E para quem gostou e quer comprar a saga, a Saraiva está vendendo… É só clicar no link abaixo:
E uma das fiandeiras pegou o meu fio. Gosto de pensar que ela hesitou, mas talvez não tenha hesitado. Talvez tenha sorrido. Mas, quer tenha hesitado ou não, empurrou sua agulha de osso na trama mais escura. Wyrd bid ful araed. As Crônicas Saxônicas – Terra em Chamas, página 102
Essa temática em especial nunca foi das que me chamou a atenção. … quando você diz que nao ha aquela politicagem marota das negociações medievais….. isso era pra me desmotivar totalmente. ….
Mas…Apesar disso tudo… seu texto me desperta uma curiosidade especial em qualquer tipo de leitor, acho que porque (porque) voce deixa claro como eh gostoso ler uma batalha descrita pelo Cornwell. Essa fluidez que voce descreve eh um atrativo incrível para uma cena com tendência a uma descrição cansativa.
E os personagens realmente ficam cativantes qdo sao humanamente simples e realistas.
As capas são de se admirar msm….. enfileirafas, me lembram uma película de filme antigo…. me passam a sensação de movimento e tempo.
Sobre o destino, assim como no poema de Beowulf, eh legal traçar uma conexar entre as batalhas e conquistas e essa questão mística que impulsionava as pessoas da época ( não tão diferente hj) Eh bem legal pensar nas convicções das pessoas e onde isso as levou.
Eh, de fato, impossível nao gostar nem um pouquinho de heroismo, e acho q um autor consegue ser excepcional quando consegue retrarar o heroísmo de ambos os lados de uma batalha. … e mais ainda qdo sabe retratar os defeitos e qualidades de personalidadess críveis. Um heroi crível, guardadas as proporções culturais, eh algo realmente empolgante pra mim.
Eu também sou grande fã de Bernard Cornwell juntamente com minha namorada. Nós já lemos As Crônicas de Arthur, A Busca do Graal (+1356) e Crônicas Saxônicas.
Mal posso esperar o próximo livro, O Trono Vazio, que vai encerrar as Crônicas Saxônicas.
Ainda não comprei Azincourt, nem O Condenador, porque somente encontro as edições com papel econômico e fora de promoção. Será que a editora voltara a lançar a edição regular dos livros?
Deixo um adendo para que as pessoas busquem o site oficial do autor, ele costuma se comunicar com os leitores e inclusive muito bem com os brasileiros.
Gildo, o oitavo livro não irá encerrar a série. O próprio Cornwell ainda não confirmou quantos livros serão, apenas uma vez ele disse numa entrevista que seriam de 7 a 14, mas depois disso nunca mais deu nenhuma pista. Eu chutaria uns 10.
Estou lendo o Livro 5 – Terra em Chamas. Adoro, fui “arrebatado” por esse tipo de tema – Ficção Histórica, após ler Dan Brown, que não é bem esse gênero, mas o fato de ele brincar com eventos, objetos e enigmas da história e eu sempre fui apaixonado por ela. Ler Cornwell, Ken Follet, Conn Iggulden é como aprender história e ler um bom livro. 😀
Não podemos realizar nada sem nossa história, somos hoje resultado de escolhas, circunstâncias e eventos passados. A História é continua, como um rio que segue seu curso, não podemos muda-la, somente podemos ver e aprender com o passado e tentar vislumbrar o futuro; estamos nesse rio à mercê do destino.
“Nossos povos são ligados por juramentos. Quando um homem jura lealdade a mim ele se torna
mais próximo do que um irmão. Minha vida é dele assim como a dele é minha, e eu havia jurado
servir a Alfredo. Pensei nisso enquanto os cantos recomeçaram e Skade se agachava atrás de mim.
Como jurado a Alfredo, eu lhe devia serviço, no entanto havia fugido, e isso me retirava a honra e
me tornava desprezível.
No entanto não controlamos nossa vida. As três fiandeiras tecem nossos fios. Wyrd biõ fui
ãroed, dizemos, e é verdade. O destino é inexorável. No entanto, se o destino decreta e as
fiandeiras sabem qual será o decreto, por que fazemos juramentos? É uma pergunta que me
assombrou durante toda a vida, e o mais perto que cheguei de uma resposta é que os juramentos
são feitos por homens, ao passo que o destino é decretado pelos deuses, e que os juramentos são a
tentativa dos homens para determinar o destino. No entanto, não podemos decretar o que
desejamos. Fazer um juramento é como estabelecer um curso, mas se os ventos e as marés do
destino forem fortes demais, o leme perde seu poder. Assim, fazemos juramentos, mas somos
impotentes diante do wyrd.” – Crônicas Saxônicas – Livro 5 – Terra em Chamas – pág. 144/145
Estava pensando em escrever um post introdutório sobre Cornwell, mas não sei se tenho algo a acrescentar agora… ótimo post.
Ele é mesmo fantástico. Comecei a ler pela Busca do Graal, há uns 10 anos, e fiquei encantada – apesar de ser, na minha opinião, a pior das séries. Acho que mais pelo protagonista, que não se compara aos das outras: Uthred e Derfel são demais.
Nunca li descrições de batalhas melhores. Ele sabe aproveitar a escrita pra narrar uma batalha de um jeito esperto, pelos olhos do personagem. Vc nunca fica entediado, como acontece com autores medianos.
Tô uns dois livros atrasada nas Crônicas Saxônicas (metas pra 2015), e vc me lembrou da existência do Ragnar – ainda bem que li a série antes de Vikings, senão já teria começado a leitura com várias ideias na cabeça, rs.
Enfim, Cornwell é entretenimento de altíssima qualidade, pra não falar da parte histórica, que é muito bem feita. Recomendo sempre que alguém me pede uma dica.
Ah, e invejei seu autógrafo!
hahahahaha Obrigado, Isa. O autógrafo é realmente demais!
To seguindo seu blog… curti mto! E curti os gatos também hahahaha
Eu adoro seu blog! 😉
Se fizer o post sobre alguma obra do Cornwell serei o primeiro a ler hehehehe
Mais uma vez você nos surpreende com suas resenhas. Estou aqui extremamente ansioso pelo “Trono Vazio” acho que vou tentar ler logo em Inglês mesmo!
Quanto ao autor, ele é sensacional.
A resenha foi boa, única e exclusivamente por um motivo: O Cornwell é fantástico! hehehehehe
hahahaha que bom! enquanto estou surpreendendo quer dizer que o blog ainda está legal! Valeu pelo apoio de sempre Jobson!
Que texto massa, parabéns.
O único ponto de divergência fica por conta da minha preferência por Derfel Cadarn, que, apesar de ser um guerreiro sanguinário, é um cara mais humildão. Abraço.
Que texto massa, parabéns.
O único ponto de divergência fica por conta da minha preferência por Derfel Cadarn, que, apesar de ser um guerreiro sanguinário, é um cara mais humildão. Abraço.
heheheheh o Derfel é o cara também, né?
Eu gosto mais do Uthred pq ele é mais visceral que o Derfel
esse desenho do WYRD, a primeira imagem ta completo ? to querendo tatuar 😀
Muito interessante!Já encomendei o nome do vento e o temor do sábio por indicação principalmente sua, ao ler alguns trechos e o seu texto, me animei a ir atrás desse também
Cara, obrigado por mais uma sugestão fenomenal, depois de me surpreender com as histórias de Kvothe que conheci aqui pelo blog, mais uma vez estou aficcionado com a historia de um personagem, o grande Uthred de Bebbanburg! Valeu pelo serviço prestado, agora é se esforçar para ler o empty throne em inglês ou achar outra serie bacana para ler 😉
Voce não irá se arrepender!
DRUNK… De verdade, muito obrigado!
Já gostava muito de seu blog, principalmente das análises/ teorias das Crônicas de Gelo e Fogo.
Mas essa dica sobre Cornwell foi sensacional!
Estou lendo tudo dele. Terminei as crônicas de Artur, e estou acabando as crônicas saxônicas.
Assisti a série Vikings, e estou aguardando para ver a série que a BBC está prometendo quanto a história de Uhtred!
Vlw mesmo!
Você simplesmente escreveu minhas opiniões sobre os livros. Cornwell é o autor que representa as minhas paixões por esse periodo da historia e de forma excepcional.
Gostei da maneira como expôs suas ideias e creio que iram atrair mais pessoas a lerem o autor.
Parabéns
Adoro o Cornwell pelo simples motivo: ele sabe prender o leitor de forma voraz!
Comecei a ler quando tinha 14 anos, no inicio a narrativa nao me cativou, mas depois me tornei apaixonada….
parabens pela postagem!!!!
Primeiramente, parabéns por esse material.
Se a pessoa, depois que ler seu post, não tiver vontade de ler nenhuma obra do Cornwell, nada a fará mudar de ideia.
Do Cornwell, terminei recentemente as Crônicas de Artur, ainda estou me recuperando dessa experiência fantástica. Quero tentar começar a ler logo essas crônicas ou a trilogia do Graal.
Parabéns.
Obrigado, Alexandre. Esse post é mais uma prova de amor por Cornwell do que uma resenha fiel. O cara é demais e merece todos elogios.
Eu acho que você gostará das Saxonicas. Uthred é bem parecido com Derfel.
A trilogia do Graal tem um ritmo diferente, mas você se apaixonará por arcos (caso já não seja). Bem, Cornwell é alegria! Abracos
Nunca li um texto sobre Bernard Cornwell, em português, que dissesse tanto e que me fizesse morrer de vontade de correr pra estante e reler TUDO! Na próxima vez que eu quiser convencer alguém a ler sua obra, vou indicar essa leitura aqui, primeiro 🙂
muito bom sua resenha, a alguns anos passei a devorar livros e um me tocou muito o qual recomendo “Musashi” de Eiji Yoshikawa é uma bela narrativa sobre o mais famoso samurai da época feudal do Japão, sempre quis ler livros que contassem histórias dos vikings de guerreiros e suas espadas, foi quando minha filha me disse que um amigo nosso estava lendo um livro que eu iria gostar, Crônicas Saxônicas e fui apresentado a Bernard Cornwell corri a livraria e encontrei AS Crônicas de Arthur devorei O Rei do Inverno, O Inimigo de Deus e Excalibur Derfel é apaixonante nesta saga, então comecei a ler Crônicas Saxônicas e a saga de nosso guerreiro Utrhed e entrei em desespero quando não achava o livro 3 Senhores do Norte e depois Morte do Reis, hoje estou no ultimo livro 7 Guerreiro Pagão e aguardando ancioso pelos próximos, descobri Cornwell e não largo mais, é como tu diz é uma narrativa apaixonante, obrigado Cornewll!
As Crônicas Saxônicas é uma série fantástica. Cornwell deixa a narrativa de história empolgante, fazendo com que o leitor não consiga parar de ler. Dos vários livros do autor que vc citou, senti falta da série As Aventuras de Sharpe, que é fantástica. Eu não sei qual das séries eu gosto mais, A Busca do Graal, As Crônicas Saxônicas ou As Aventuras de Sharpe. Agora estou lendo as Crônicas de Starbuck, do mesmo autor, ambientada durante a Guerra da Secessão
Cara… simplesmente demais… Ano passado li As cronicas de Gelo e Fogo e, como todo fã incondicional da história criada por Martin, estava esperando os livros derradeiros… esperando… esperando… esperando… então depois de muito tempo sem abrir um bom livro de literatura, resolvi buscar na internet alguma opinião que me levasse a um bom livro, até que cheguei ao seu post “10 livros que marcaram minha vida” e me chamou a atenção as crônicas de Artur. Comecei a ler o Rei do Inverno e descobri nas primeiras paginas que precisaria dos outros dois livros da saga. Meu coração dói de deixar Derfel… terei que ler novamente para encontrar com este personagem que não é só um personagem, mas um amigo… Derfel Cadarn, quem não o queria como amigo?
Antes de terminar Excalibur, comprei o Box “A busca do graal’, mas agora estou super tentado a ler as cronicas saxonicas e nem sei por onde começo. Acredito que será pela ultima….hehehe….
Muito obrigado pelo seus posts… muito bom… Gostaria muito de saber mais da vida de Derfel massss….
PS. Quero um autógrafo tb…..kkkkkkk
Abroços
Fico feliz em saber que você conheceu Derfel pelo Drunkwookie. Derfel é um personagem espetacular. E se vc gostou tanto dele, leia as Cronicas Saxonicas… Uhtred também será um otimo companheiro de leitura.
Parabéns pelo blog!! Dá até vontade de sentar pra tomar uma cerveja e falar de Cornwell com vc e essa galera que comentou! haha Comecei a ler as Crônicas Saxônicas em 2012. Parei pq eu sempre ficava angustiado com a espera do próximo livro. Resolvi esperar todos serem lançados. Recomecei esse ano e terminei hoje o décimo… Uma das sensações é de que eu me libertei de uma NECESSIDADE que me consumiu nesses últimos meses. Outra, é de que alguém próximo morreu! Sem brincadeira, é uma sensação de perda não ter mais o q ler sobre Uthred. Por isso vim aqui. Sabe quando você se apega ao personagem, não quer deixar ele ir embora e fica buscando informações sobre notícias de lançamentos ou qualquer outra coisa?? Então! Uthred é o meu amigão!! Por trás do seu jeito estúpido, ele é sangue bom puro! Bem humorado, zoador e de pensamento rápido, ele é um dos melhores contadores de história que eu já conheci! Parece q eu perdi um dos meus melhores amigos de boteco (ou taverna)! haha Um abraço a todos!
Fico contente em ver que achou o site e conseguiu “saber/falar”um pouco mais sobre Uthred. Cornwell é um dos meus autores preferidos. Entendo bem o vazio que se instala quando vc termina de ler o ultimo livro lançado… Esse ano já saiu mais um. Eu ainda não li, vou ler no início do ano que vem.
O pessoal aqui é fantástico nos comentários e na interação. Realmente dá vontade de se encontrar com o povo e bater um papo sobre Parede de escudos! heheheh
O ano é 2021, são 3h da manhã e ao invés de dormir estava procurando sinopses de crônicas saxônicas pq faz tempo que venho lendo e depois de 10 anos a tendência é esquecer alguns detalhes.
Ontem respondi um post na página do Facebook do próprio Cornwell onde ele falava sobre a série de Tv e fui chamado de hater por um amigo. Realmente, n consigo gostar da série, eles acabaram com os personagens, o grande Uhtred é interpretado por um baixote moreno e sem barba, escolheram um ator “gatinho” pra fazer o guerreiro mais temido de toda a Inglaterra.
Enfim, caí de paraquedas em uma das descrições mais incríveis sobre a obra de Cornwell, obrigado por me acompanhar nessa mudança, após ler Tolkien por quase toda a minha vida, me sinto meio traidor por nos últimos 10 anos ter me tornado lentamente um grande fã da obra do Cornwell e hj ter a certeza de que ele é meu escritor favorito. Acontece que a vida é como as marés, ela flui e muda, nossa única alternativa é navegar da melhor forma possível a maré que se apresenta.
Assim, depois de ler o teu post entendi que embora sempre tenha sido leal a Tolkien, nunca lhe prestei juramento e é tempo de seguir outro senhor. Wyrd Bið Ful Aræd
Em tempo, acho até que meu comentário nem vai ser lido, visto que o último tem 3 anos. Mas a perspectiva do futuro é linda, seguimos fortes depois de 12 livros e rumo ao 13º e último, nem preciso dizer que a ansiedade assola meus pensamentos.