Parece que S07E04 – The Spoils of War trouxe o que muitos fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo queriam ver nas telas.

Daenerys montada em Drogon enfrentando exércitos pelo Trono de Ferro.

Falarei sobre essa batalha fantástica, mas também abordarei os outros núcleos que trouxeram informações que me animaram e outras que me incomodaram. Porém, tratarei delas em ordem cronológica como sempre.

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Antes de iniciarem a leitura, peço que deem uma olhada no meu projeto Drunkwookie no Padrim. Caso decidam ser madrinha ou padrinho do site, seria fantástico. A contribuição servirá para o Wookie continuar no ar e melhorar cada vez mais.

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O episódio se inicia praticamente de onde parou o episódio anterior.

Os espólios de Jardim de Cima foram tomados (ouro e grãos) e agora seguem sob os cuidados dos exércitos Tarly e Lannister em direção à Porto Real.

Os detalhes nos brasões são impressionantes. Gosto desses acertos da HBO.

Brasão da Casa Tarly

Nos diálogos dessa cena fica claro que o dinheiro tomado dos Tyrell será usado para pagar o Banco de Ferro e Bronn relembra Jaime de que ainda não recebeu o castelo que lhe foi prometido.

Entretanto o mais interessante nessa cena é perceber que Jaime Lannister envia Bronn, Randyll Tarly e filho para acelerar o processo de recolher as novas colheitas dos agricultores nos domínios da Campina.

Eu já havia comentado que são nos pequenos diálogos que a série decidiu mostrar as passagens de tempo.

Algumas vezes não funciona, entretanto nesse episódio funcionou muito bem. Quem assistir com atenção uma segunda vez, verá que sempre há um diálogo ou situação que serve para nos indicar a passagem de tempo.

Se pararmos para pensar que Bronn passará em fazendas da Campina, acelerando a entrega das novas colheitas, dá para imaginar que isso demora um pouco para acontecer, o que  justifica (e dá tempo suficiente) a presença de Daenerys no final do episódio.

Agora vamos para Porto Real. Tycho e Cersei conversam sobre finanças, pagamento de parcelas, juros e futuros investimentos.

Parece que dothrakis e dragões não são suficientes para amedrontar Cersei. Achei isso muito bom. Em nenhum momento ela retrocede.

E quando Cersei cair, pois vai cair, tenho certeza de que nos lembraremos dela como uma boa jogadora nos Jogos dos Tronos.

Eu comecei essa temporada acreditando que o Trono de Ferro estava ali, fácil para ser tomado por Daenerys. Mas me enganei. As estratégias de Jaime e Cersei, até este momento do episódio estão dando certo.

Agora em Winterfell vemos Petyr Baelish e Bran (não-mais-Bran) Stark. A adaga é o elemento nostálgico desse episódio.

Petyr como sempre, usando as palavras para mover as peças como quer. Porém, duvido que dessa vez funcione.

Aqui eu tenho uma crítica a fazer.

Se por um lado Bran citar “Caos é uma escada” nos faz achá-lo fodão, por outro me faz questionar a extensão de seus poderes.

Acho que essa onipresença e onisciência que Bran adquiriu ao se tornar o Corvo-de-Três-Olhos só tem justificativa se ele realmente abrir mão das questões mundanas de Westeros, e se focar na ameaça dos Caminhantes Brancos.

Ser alguém capaz de ver tudo o que já foi feito e já foi falado, (seja perto de uma árvore-coração ou até mesmo longe delas) o torna muito poderoso e isso é capaz de estragar a trama como um todo. Falarei e explicarei melhor minha opinião sobre isso na outra cena dele, com as irmãs.

O que me anima, ainda que a cena seja triste, é que parece que Bran Stark não vai ligar mais para as coisas cotidianas ao seu redor.

Aqui, com Meera, ela deixa claro que Bran Stark já não mais existe. Agora ele é o Corvo-de-Três-Olhos.

Ainda em Winterfell, vemos o retorno de Arya.

O reencontro é bem parecido com o reencontro com Bran Stark. Acho que estávamos com mais saudades de ver os irmãos juntos do que os próprios irmãos. Todavia, acho que acontece dessa forma para mostrar que eles são outras pessoas agora, que mudaram com todas as adversidades que tiveram que enfrentar, desde a morte do pai.

Aqui Bran reencontra Arya. O reencontro parece um pouco, só um pouco, mais caloroso.

Sobre a onisciência de Bran, ele viu Arya na estalagem do Torta-Quente, sabe da lista dela e sabe que ela seguia para Porto Real. Sendo assim, a HBO optou por mudar o alcance do poder de Bran que vimos nos livros.

Nos livros, até então ele pode ver tudo o que os rostos dos represeiros viram no presente e no passado.

Já na série ele passa a ser alguém capaz de estar em qualquer lugar do passado.  Dessa forma, várias conjecturas acabam passando pela cabeça.

Alguém assim como Mão da Rainha, traria um reino de paz e controle total.

Alguém assim pode encontrar mentirosos e traidores em qualquer lugar de Westeros.

É por isso que gostaria que ele não se envolvesse nas tramas políticas de Westeros, pois seria fácil para ele desmascarar, por exemplo, Mindinho ou Varys.

No caso de Mindinho,  isso tiraria toda a bela oportunidade que a série tem de vermos uma Sansa capaz de superar a mente de Petyr, dar a volta por cima, e desmacará-lo.

Vamos para Pedra do Dragão para vermos Jon e Daenerys interagindo novamente. Se você achou que veríamos uma cena nostálgica, que lembraria Jon e Ygritte em uma caverna, se enganou.

Pinturas nas paredes recontando a historia dos Homens e Crianças da Florestas, unidas contra os Caminhantes Brancos. Acho que depois disso, Daenerys acredita em Jon. Não é possível que ela precise de mais provas.

A questão de Jon se ajoelhar ainda é um problema, mas sempre que está sendo discutida, algo acontece. Dessa vez, as más notícias fizeram ela deixar de lado o assunto.

Daenerys não quer mais seguir os planos inteligentes. E ter três dragões adultos faz essa espera e planos estratégicos insuportáveis de se seguir.

Ela ouve Jon Snow e não vai para Porto Real. Mas vai para a Campina!!!

De volta à Winterfell temos a bonita, bem coreografada e sem sentido cena de Arya e Brienne.

A falta de treino e a vontade de enfrentar alguém que derrubou o Cão de Caça é motivos suficiente para se mostrar? Talvez.

Entretanto, o estilo de assassina que Arya aprendeu com Jaqen vai contra essa demonstração pública de habilidade.

Porém, a cena empolga! Ver Brienne lutando é sempre divertido.

E de volta outra vez à Pedra do Dragão (os núcleos menores e agora aglutinados dá mais agilidade para o desenvolvimento da trama) vemos a chegada de Theon.


Finalmente Jon Snow mostrando a emoção certa na fisionomia ao dar seu recado à Theon! O que Theon fez à Winterfell é imperdoável! Somente alguém criado por Ned Stark para ter uma postura dessa.

Percebam que houve passagem de tempo aqui. Davos e Jon iniciam a cena descendo as escadarias, conversando sobre Daenerys e depois encontram Missandei. Isso mostra que não é continuação direta da cena que vimos Daenerys na praia.

Passou-se um tempo. Tanto que Jon diz à Theon que a Rainha se foi.

E finalmente vamos para o momento mais esperado da resenha. Ao menos para mim, esse era o momento mais empolgante que estava querendo escrever!

Começando pelo relevo. Esse lugar lembra muito o velho oeste americano, e deu muito certo ao vermos os dothrakis avançando, como índios norte-americanos. Ficou muito bom!

Quero chamar a atenção de vocês para o diálogo de Randyll Tarly e Jaime Lannister antes da batalha.

Lembram que Randyll, Dickon e Bronn estavam forçando fazendeiros à entregarem as novas colheitas? Então. Tudo isso aconteceu e um pouco mais. Randyll diz à Jaime que o ouro já está seguro em Porto Real. Logo, ele escoltou a carroça de ouro até Cersei e voltou.

Ou seja, muito tempo se passou. Percebam que os soldados estão tranquilos. Sendo assim, acredito que a chegada de Daenerys e os dothrakis em momento algum pareceu “mágica” ou “teletransporte”. Nesse episódio não tenho do que reclamar sobre a narrativa. O roteiro cuidou bem da passagem de tempo, nos dando elementos sutis que tratam sobre a passagem do tempo.

Pouco antes da batalha, Bronn, Dickon e Jaime falam um pouco sobre a guerra. O mercenário deixa claro que está acostumado com isso desde os 5 anos. Daí podemos conjecturar o quanto Bronn sabe sobre guerras e mortes.

Logo somos surpreendidos com o som de cascos! Em seguida temos a movimentação dos exércitos, a loucura Dothraki.

Tudo isso já seria lindo o suficiente de se ver na tela! Mas era dia de mais! Teríamos Drogon! E quando ele aparece… É Glorioso!

Dracarys!

E assim finalmente, vimos na TV o que significa Sangue e Fogo.

Não se vê algo nesse nível em uma série televisiva! Martin sempre disse que seus roteiros para cinema sempre era grandiosos, e nunca havia verba para encenar tudo aquilo. Se deixar todos os problemas e adaptações de lado, tenho certeza que Drogon como foi mostrado em S07E04 foi digno de G.R.R.Martin.

As mortes, homens berrando em chamas, corpos calcinados sendo espalhados pelo vento! Dothrakis se aproveitando do desespero para furarem as desorganizadas linhas defensivas dos Lannister.

Se antes os dothrakis tinham medo de atravessar o mar, hoje nem o fogo eles temem.

As coreografias da batalha estava sensacional. Homens pulando dos cavalos e passando seus arakhs em gargantas. Flechas, lanças, escudos, cavalos.

Uma batalha digna de Martin, digna de Cornwell, digna de grandes nomes da Fantasia! Cada quadro parecendo uma pintura! Lindo demais!

Me surpreendeu Jaime ter um Escorpião (a balestra desenvolvida por Qyburn) em seu comboio.

Mas não era de todo inesperado. Randyll Tarly questionou isso na sala do Trono, perguntando como seria possível enfrentar Daenerys e seus três dragões. É compreensível que um Escorpião seguiu com eles para ajudar na decisão do Tarly em ficar do lado de Cersei.

Podemos ver Tyrion triste ao ver Lannister e westerosi sendo massacrados daquela forma. A preocupação dele com Jaime é tocante, e quero muito estar certo! Quero ver Tyrion defendendo o irmão perante Daenerys, quando o capturarem.

[…] quando Jaime Lannister entrou na arena, montando um elegante cavalo de batalha baio puro-sangue, que trazia uma cobertura de cota de malha dourada, e Jaime cintilava da cabeça aos pés. Até a lança tinha sido feita com a madeira dourada das Ilhas do Verão. A Guerra dos Tronos, capítulo 30 – Eddard VII

E aqui um momento épico. O quase-duas-vezes-Regicida, Jaime Lannister cavalgando em direção à Daenerys, sem se importar com o dragão monstruoso. A única coisa brilhante aqui é a mão!

Seria essa uma atitude louca, pautada no amor pela irmã, no instinto de sobrevivência, ou pautado na defesa do povo de Westeros?

Se ele foi capaz de apunhalar um Targaryen que queria queimar uma cidade toda, porque não apunhalar outra Targaryen que está incendiando seus homens?

Bronn o salva um instante antes do sopro de Drogon calcinar o Regicida!

Bronn brilhou, assim como na Batalha do Água Negra. Motivado pelas promessas do Lannister, ele mostrou que merece ganhar seu castelo.

Aquele salto suicida só aconteceu porque Bronn perdeu sua pequena fortuna. Com Jaime morto, ele nunca receberia uma moeda sequer de Cersei. Um verdadeiro Mercenário!

Eles caem na água. Mesmo estando na margem caem em um local profundo… Mas quem se importa se a cena é tão poética e vigorosa?

O episódio acaba em um silêncio absurdo. Mas ainda era possível ouvir os rugidos do dragão, os gritos de dothrakis jubilosos na batalha e os berros dos westerosi queimados vivos.

Bem… Essa resenha só me deu vontade de ver essa batalha novamente!

Se eu pudesse nomear dessa batalha, seria “A Batalha do Quase-Duas-Vezes-Regicida”.

E vocês o que acharam do episódio?