Livros em 2017 – Parte V

Faltando bem pouco para o final do ano, venho trazer a vocês as últimas resenhas dos livros lidos em 2017.

Esse ano rendeu-me boas leituras, algumas surpresas, encontros com obras de autores favoritos e até livros que trouxeram mensagens diferentes daquelas que costumo buscar.

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Antes de iniciarem a leitura, peço que dêem uma olhada no meu projeto Drunkwookie no Padrim. Caso decidam ser madrinha ou padrinho do site, seria fantástico. A contribuição servirá para o site continuar no ar e melhorar cada vez mais.

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Olhando para trás, percebo que esse ano li muita coisa interessante e, ainda que nem todos livros que li estão aqui, espero ano que vem me aprofundar ainda mais em leituras empolgantes.

A cada ano que passa, a frase de G. R. R. Martin faz mais sentido para mim.

Um leitor vive mil vidas antes de morrer, o homem que nunca lê vive apenas uma. G. R. R. Martin

Quem quiser ver as resenhas anteriores, pode clicar aqui, ou no final desse post, onde irei indicar os links de cada um dos posts anteriores.

21. Todos os Belos Cavalos

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Sinopse – John Grady Cole é o último sobrevivente de uma longa geração de rancheiros texanos.

Privado da vida que ele acreditava que teria, Cole parte em uma viagem para o México com o amigo Lacey Rawlings.

Encontrando um terceiro viajante pelo caminho, eles descobrem um país muito maior do que imaginavam: devastado e belo, árido e cruelmente civilizado, um lugar onde sonhos são pagos com sangue.

Autor – Cormac McCarthy

Impressões – Cormac McCarthy é um escritor genial. Dele já li A Estrada, Onde os Fracos Não Tem Vez e Meridiano de Sangue. É um autor que tem um jeito singular de escrever, uma montagem narrativa fantástica, que te coloca dentro da trama de tal forma, que não faz falta a ausência de travessões e indicações de quem está falando.

Todos os Belos Cavalos é o primeiro livro da “Trilogia da Fronteira“. O assunto abordado nesse livro se expande para mais dois, mas nem de longe você precisa se preocupar em não saber o final da história. A história tem começo meio e fim.

Em Todos os Belos Cavalos, o autor decide não descrever os pensamentos dos personagens. Então só deciframos os prismas de cada um deles seja sua personalidade, convicções e anseios através de suas atitudes. Algo bem próximo à realidade.

E essa “realidade” imposta no livro não se limita a apenas a escolha estética da narrativa. Ela vai muito além. Os personagens são reais, vivos. Ás vezes fazem coisas que não fazem o menor sentido, erram, acertam, perdem tempo em momentos simples, agem e gesticulam  sem qualquer finalidade, a não a ser a única finalidade de ser alguém.

McCarthy é um autor que nos leva, dentro de uma obra de ficção, o mais próximo da realidade. E sentir a América da década do início do século passado, é sensacional. Do Texas ao México, atravessando um deserto árido embaixo das ferraduras de um puro sangue árabe, sentindo o roçar incômodo de botas pouco amaciadas, o gosto do cigarro ao contemplar um céu noturno e estrelado e as dúvidas que pairam sobre a mente de jovens livres, dessa época.

São as atitudes arraigadas nos personagens, algo impresso neles oriundo da vivência cotidiana que, talvez, faça desse livro algo tão maravilhoso.

Falar de McCarthy é fácil. Os sentimentos que seus livros afloram no leitor, torna bem fácil descrever sua obra.

Nota –

22. A Cidade & A Cidade

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Sinopse – Quando o corpo de uma mulher assassinada é encontrado na decadente cidade de Bes’zel, em algum lugar nos confins da Europa, parece apenas mais um caso trivial para o Inspetor Tyador Borlú.

À medida que avança a investigação, as evidências começam a apontar para conspirações muito mais estranhas e mortais do que ele poderia supor, levando-o à única metrópole na Terra tão estranha quanto a sua: Ul Qoma.

As duas cidades ocupam o mesmo espaço geográfico, mas constituem nações diferentes, monitoradas por um poder secreto conhecido como a Brecha. Em ambas as cidades, ignorar a separação, mesmo sem querer, é considerado um crime terrível, mais grave do que cometer um assassinato. Romance premiadíssimo escrito por um dos maiores nomes da fantasia e ficção científica contemporânea.

Autor –  China Miéville

Impressões – Sabe aquele livro que simplesmente cai no seu colo, fruto de indicação? Foi assim com A Cidade & a Cidade. Um amigo me emprestou e disse: Leia! É a sua cara!

Quando me dei conta do nome do autor, lembrei que muitos  já haviam citado tal autor, ainda que não tivessem lido nada dele.

China Miéville escreve weird fiction, um novo estilo literário.

Sua obra é cheia de referências e um sentimento voltado à um posicionamento político de esquerda, mas que não é pedante. Imaginem uma obra que flerta com 1984 de George Orwell, mas que trás elementos ficcionais sutis, um pano de fundo interessante, e uma trama que te prende.

Não quero estragar a surpresa da leitura, mas há algo estranho demais nessa obra. Pessoas de uma Cidade não podem ver pessoas da outra Cidade. Elas precisam, assim que avistam alguém na fronteira desver tal pessoa, sob pena de causarem Brecha e serem presas.

A trama gira em torno de um assassinato que foi praticado em uma cidade, mas o corpo foi jogado em outro. Agora, imaginem como resolver tal crime, tendo em vista tal regra social e política entre essas cidades?

Minha única crítica é que o autor acaba segurando bastante o desenvolvimento da história, assim que chegamos no meio do livro.

Sendo assim, fiquei um pouco desmotivado para seguir com a leitura, pois o ritmo refreou-se de maneira brusca.

Mas isso não desmerece a obra, que é fantástica. Ano que vem quero ler mais livros desse autor.

Nota –

23. O Anel dos Nibelungos

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Sinopse – Para os alemães, a ‘Saga dos Nibelungos’ é tão importante quanto a lenda do Rei Artur é relevante para os ingleses. Através dos séculos, esta obra, de autoria desconhecida, foi lida e interpretada com fervor por milhões de pessoas.

Nenhum outro livro, a não ser a Bíblia, tocou tanto a alma do povo germânico quanto a história do bravo herói Siegfried e do tenebroso Hagen.

Aqui em ‘O Anel dos Nibelungos’ mostra a gênese da humanidade e a decadência dos deuses através da saga de um poderoso e amaldiçoado anel que incita a ambição de anões, gigantes e até mesmo das divindades.

Autor – Ópera de Richard Wagner (traduzido e organizado por A. S. Franchini e Carmen Seganfredo)

Impressões – Os fãs de Fantasia e mitologia em geral não podem continuar vivendo sem ter lido essa obra.

As lendas germânicas são responsáveis por inspirar diversos autores de Fantasia de nosso tempo. Vejam as relações entre o Anel dos Nibelungos e o Um Anel.  Acredito que citando esse ponto, já seria o bastante para iniciar a leitura.

Nessa ano li as Edda Poéticas, o Kalevala e segui lendo bastante material que trazia lendas e mitos de diversas culturas.

O Anel dos Nibelungos traz muito material a respeito das lendas germânicas. Aviso à quem for ler, que é necessário saber que as lendas antigas e a construção dessas histórias não são tão emocionantes quanto obras mais contemporâneas, entretanto conhecer tal material é vital para todo fã da época medieval europeia. isso sem falar na importância dessa obra para o povo germânico.

Nota –

24. O Portador do Fogo

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Sinopse – Uhtred é o senhor de Bebbanburg e nada nem ninguém ficará no seu caminho para reconquistá-la nesse décimo volume da série Crônicas Saxônicas. A Britânia enfim encontra um momento de paz. Sigtryggr, senhor da Nortúmbria, e a rainha Æthelflaed, senhora da Mércia, chegaram a um acordo e decretaram uma trégua, com o apoio do maior guerreiro da época, Uhtred de Bebbanburg. Uhtred vê então a chance de recuperar suas terras, tomadas por seu tio tantos anos — e agora mantidas por seu ardiloso primo. Mas os inimigos que Uhtred fez depois de tantos anos em guerra e os juramentos que prestou, além de uma rede intrigas, o desviam temporariamente do sonho de recuperar Bebbanburg. E isso abre espaço para o surgimento de um novo inimigo, o temível Constantin da Escócia, que aproveita o clima de incertezas para comandar seu exército para o sul e conquistar terras da Nortúmbria. Porém, Uhtred está determinado, e nada, nem novos nem antigos inimigos, será capaz de mantê-lo afastado de seu direito de nascimento.

Autor – Bernard Cornwell

Impressões – Sempre fiz questão de apresentar as resenhas relacionadas às obras de Bernard Cornwell em posts individuais. Por ser um grande fã e sempre ter muito o que falar, achava importante esse destaque. Entretanto, O Portador do Fogo é o décimo livro de As Crônicas Saxônicas. Há alguns volumes atrás não estava muito empolgado com a demora da resolução da história de Uhtred, tanto que venho pontuando isso nos últimos posts sobre o tema.

O livro é bom. Bem escrito, com cenas de combate de tirar o fôlego. Uhtred ainda é magistral, sendo bem mais inteligente que a maioria dos seus inimigos, e amado pelos deuses, seja o cristão seja os do panteão nórdico.

Com tanta demora na resolução da trama, infelizmente não me alegrei ao ver Uhtred conquistando, finalmente Bebbanburg. É uma pena, pois há muitos anos atrás queria ver isso, porém agora que vi não me alegrei tanto. a história de Uhtred ainda não acabou, pois seu wyrd está conectado ao wyrd da Inglaterra. Cornwell continua com sua missão, mostrar a construção da Inglaterra pelos olhos de seu personagem fictício.

E continuamos seguindo com Uhtred…

Nota –

25. Sapiens – Uma Breve História da Humanidade

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Sinopse – O autor repassa a história da humanidade, ou do homo sapiens, desde o surgimento da espécie durante a pré-história até o presente, mas em vez de apenas ¿inventariar¿ os fatos históricos ele os relaciona com questões do presente e os questiona de maneira surpreendente.

Além disso, para cada fato ou crença que temos como certa hoje em dia, o autor apresenta as diversas interpretações existentes a partir de diferentes pontos de vista, inclusive as muito atuais, e vai além, sugerindo interpretações muitas vezes desconcertantes.

Yuval Noah Harari é professor do departamento de história da Universidade Hebraica de Jerusalém. É especialista em história mundial, medieval e militar.

Autor – Yuval Noah Harari

Impressões – Um livro que convida o leitor a voltar no tempo e, junto com o autor, entender o nosso passado, desde quando os Homo Sapiens surgiram na Terra.

Muito do que aprendemos na escola é reformulado ou refutado. Gostei muito da leitura e do exercício de reflexão que Harari te convida a fazer.

Entretanto, não acredite em tudo o que ele diz. Muitas coisas são apenas suposições, com viéses focados em trazer uma leitura questionadora, que nem sempre funciona para mim.

Há assuntos que sou totalmente leigo e acabo, indiretamente, aceitando 100% a visão do autor. Todavia, em assuntos que tenho algum conhecimento, percebo que Harari conscientemente esquece alguns aspectos para que suas suposições e afirmações tenham um efeito mais contundente.

É interessante o modo dele de pensar, expor suas ideias e guiar seu texto para sua conclusão, que lhe é própria, sobre a Humanidade.

O livro não é, nem se propõem a ser, isento de opinião do autor. Não é um livro que apenas concatena dados históricos e arqueológicos da evolução humana.

Não é a toa que esse livro questionador está entre os best-sellers mundiais de 2017.

De modo algum, quero dizer que o livro não tem um estudo complexo. Ele é um livro primoroso, com dezenas de citações bibliográficas e Harari é um respeitável professor. Acho que já passei da fase de aceitar como verdade todo e qualquer argumento questionador que alguém levanta. Gosto de refletir sobre as opiniões alheias antes de aceitá-las cegamente.

É um ótimo livro para refletir sobre o que você tem como conhecimento sobre a humanidade.

Nota –

1 Comentário

  1. Felipe Felipe
    10 de janeiro de 2018    

    Já leu ou pretende ler os livros da “continuação” de Mystborn!?
    Se sim, para quem curtiu a primeira trilogia, vale a pena voltar ao universo!?
    Abs

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