Vale a Pena Ler – Cuide da Mamãe, Por Favor! [RESENHA]

Hoje falarei sobre um livro completamente diferente daqueles que estou acostumado a citar aqui no blog.

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Por favor, cuide da Mamãe!

O livro é esse aí de cima.

Se chama “Por Favor, Cuide da Mamãe” escrito pela autora sul-coreana Kyung-Sook Shin. O livro já vendeu mais de um milhão de cópias só na Coréia e foi traduzido para mais de 20 línguas.

Normalmente, um livro desses merece atenção?

Não apenas por isso. Há outros pontos a serem levados em consideração, e eu explicarei cada um deles.

Como conheci o livro…

Estava em uma livraria no horário do almoço há alguns meses atrás, e por duas vezes peguei o livro nas mãos e me interessei pelo título.

Kyung-Sook Shin

Confesso que me interessei também pelo nome da autora e sua nacionalidade.

Até então nunca tinha lido nada de uma autora sul-coreana. Minha experiência com autores orientais é bem pequena.

Excluindo contos do folclore japonês, os únicos autores orientais que conhecia eram Eiji Yoshikawa, o autor da obra-prima Musashi, e Haruki Murakami, o autor de 1Q84, Norwegian Wood, Kafka à Beira-Mar.

Por esse motivo, estava curioso para ler Por favor, Cuide da Mamãe!

E agora, posso dizer que, a experiência de ter lido um livro de Kyung-Sook Shin foi sensacional.

O Livro

Bem a sinopse da trama é basicamente esta:

Park So-nyo, 69 anos, mãe de cinco filhos, desapareceu. Ao chegar a Seul para visitá-los, saindo de sua aldeia com o marido, com quem é casada há mais de 50 anos, ela é deixada para trás em meio à multidão em uma plataforma da estação de metrô. Como fez a vida toda, ele simplesmente supôs que a esposa o seguia. Essa é a última vez em que Park é vista. Começa então a procura, liderada pelos filhos e o marido, que se transforma em uma exploração repleta de remorso e marcada pela triste descoberta de uma mulher que ninguém nunca conheceu.

Mas enfim… Vale a pena ler?

Sim. Vale muito a pena e digo mais… A experiência da leitura é única.

Estilo da escrita

O modo como a autora escreve é bem particular. Não que isso tenha a ver com o fato dela ser sul-coreana, mas tudo parece acontecer muito rápido.

É como se um coreano estivesse falando com você. Falando de forma rápida, contundente, com um quê de urgência, a todo momento.

Você demorará um tempo para se acostumar.

Outro ponto interessante é que a autora te coloca na pele do personagem principal. Então não se assuste, pois você lerá muito a palavra “você”, ” sua”, “seu”.

Quando você escreve 24 de julho de 1938 como a data do nascimento de Mamãe, seu pai a corrige, dizendo que ela nasceu em 1936.  – Por favor, Cuide da Mamãe, pagina 10.

Imersão na história

Kyung_sook-ShinO modo como a história é narrada tem o poder impressionante de amarrar você na trama. Você se sente filho da Mamãe, e passa a se sentir culpado pelo sumiço dela.

Ao decorrer da narrativa, você passa a ser outros personagens e assimila as culpas, erros e acertos de cada um.

O livro tem uma sensibilidade ímpar. Ele toca fundo, trazendo à tona os erros do leitor. Acredito que não há um leitor que não repense, ao menos por um segundo, o modo como trata a mãe ou o pai.

Engana-se quem acha que o livro é apenas uma tentativa de colocar culpa nos filhos sem tempo para os pais, ou querendo mostrar que a correria dos dias de hoje é prejudicial ao relacionamento familiar.

— Shh.É a primeira vez que conto isso para alguém!—Um sorriso malicioso pairou no rosto de mamãe. — Se não quiser cozinhar, você deve jogar um prato no chão. Ainda que pense “Ah, é um grande desperdício”, se sentirá muito leve.

O livro não se propõem à isso. A proposta é muito diferente. A autora não quer que ninguém se sinta culpado, ou não joga na cara erros do passado.

Simplesmente ela desenvolve a história e nós mesmos somos visitados pelo nosso passado e passamos a entender a importância que tem a vida de quem está do nosso lado.

É interessante saber que a percepção de cada leitor será diferente. Cada um sentirá de uma forma diferente o livro.

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Vale a pena ler – Por favor, cuide da Mamãe!

O Interior e a cidade grande Sul-Coreana

Eu fiquei apaixonado pelas descrições e relatos da vida rural sul-coreana. O modo de cozinhar, as comidas típicas, as pequenas dificuldades, as mudanças climáticas e a dificuldade em prover estudo para os filhos.

Muito interessante também é perceber o contraste de campo/cidade e como os garotos do interior se comportam no centro da cidade.

Final

O final é ao mesmo tempo esperado e ao mesmo tempo surpreendente. Espero que vocês me digam o que acharam do livro.

Eu gostei muito, e com certeza levarei muita coisa para minha vida. Descobri, ou melhor, relembrei que as pessoas que viveram e cuidaram de com você por toda uma vida, também tiveram uma vida antes disso, e com certeza foi uma vida igualmente espetacular.

Igualmente assustadora. Igualmente feliz. Igualmente dolorosa. Igualmente… uma vida.

Percebi também que colocar sobre os ombros de uma única mulher todas as obrigações de uma casa, é um ato, no mínimo vil. Acredito que cooperar é o mínimo a ser feito.

Bem… o que posso pedir, após ler esse livro, é que qualquer um que ainda tenha uma mãe, ou uma avó Por favor, cuidem delas! mesmo que elas mintam e digam que não é necessário se preocupar com elas…

“Não se preocupe com nada em casa e, por favor, se cuide. É a única coisa que sua mãe quer de você.”  – Por favor, Cuide da Mamãe! página 20.

PS:. Dizem que a maioria das pessoas choram enquanto leem o livro… Um amigo meu foi quem me disse.

Conclusão

O livro deve ser lido por vários motivos:

Deve ser lido por trazer um estilo diferente de narrativa;

Deve ser lido pois trata de uma cultura e uma realidade muito diferente da nossa;

Deve ser lido por que toca você de uma forma permanente.

Espero que quem tiver interesse em ler, leia e volte para me dizer as impressões que tiveram do livro.

E para quem quiser comprar eu indico a Livraria Cultura, é só clicar no link abaixo!

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6 Comentário

  1. Susie Susie
    22 de fevereiro de 2015    

    Um amigo meu disse que vai chorar, com certeza.

  2. Sirley Sirley
    23 de fevereiro de 2015    

    Lerei! E comentarei! 😉

  3. Claudia Claudia
    25 de fevereiro de 2015    

    Adoro livros assim, sobre a vida e o ser humano, independente de nacionalidade, são histórias profundas que sempre nos faz crescer como pessoas.

  4. Jaqueline Jaqueline
    25 de fevereiro de 2015    

    Ganhei esse livro da minha filha mais velha (são quatro filhas ao todo), e devo confessar que fiquei meio incomodada com o título do livro… pensando como mãe, a idéia de ser “cuidada” me assombra bastante…
    Então um dia vi um post seu no face falando sobre suas primeiras impressões sobre o livro, e só então me dignei rs a ler, e confesso fiquei encantada com a leitura, foi enriquecedor para mim, como mãe e como filha…
    Como algumas mães conseguem ser tão altruístas, e a miséria e beleza decorrente disso é que isso é igual aqui ou ena Coréia, independente de raça ou cultura, mães sempre estarão dispostas a fazerem as maiores escolhas e renúncias, excelente indicação de leitura!

  5. Luana Luana
    28 de fevereiro de 2015    

    Nossa, fiquei muito interessada na história, queria tê-lo nesse momento, esse tipo de livro sempre mexe muito comigo, e eu adoro isso! Excelente resenha, deixa-nos ansiosos por fazer a leitura!

  6. Canal Alencarina Canal Alencarina
    27 de abril de 2017    

    Olá. Também resenhei esse livro lá no meu canal.
    Vamos lá ver?

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